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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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Neo-ateus e marxistas são
naturalmente mais bem treinados para os debates, embora tenham os argumentos
mais fracos em qualquer assunto discutido. Há anos Luciano Ayan, que rejeita o neo-ateísmo
e o marxismo, vem escrevendo diariamente sobre como a direita política precisa
se atualizar em termos de guerra política, principalmente a brasileira[1].
Embora o discurso dos esquerdistas na prática se demonstre um amontoado de
sofismas dos mais artificialmente belos até os mais evidentemente ridículos,
eles aprenderam a arte da retórica pela qual pensam poder ganhar qualquer
debate mesmo sem ter a razão.
Os escárnios, a intimidação e o apelo à autoridade
Há pessoas que falam
apenas de paz e amor e são praticamente imunes aos ataques. Quem, em sã
consciência, vai atacar alguém que meramente diz que devemos amar ao próximo,
ou que Deus é amor, ou que devemos buscar a paz? Essas são coisas que, ainda
mais em uma sociedade cristã como a nossa, não incitam debate, apenas aplausos.
Quem apenas fala o que é universalmente aceito, falando bem ou falando mal,
terá uma blindagem automática aos ataques, a não ser que surja algum maluco que
seja contra a paz e contra o amor.
Eu não estou dizendo que
paz e amor não sejam importantes. O problema é que paz e amor são conceitos
vagos, que podem ser facilmente usados pelo mal tanto quanto podem ser usados
pelo bem. Um neo-ateu pode apelar ao “amor” para fundamentar seu neo-ateísmo
contra o “vírus” da religião, assim como um comunista pode apelar a um mundo de
“paz” enquanto massacra milhões que discordam dele. Paz e amor são coisas
lindas, mas fraudáveis. É preciso ir mais além. É preciso ser específico. É
preciso tocar na ferida.
O problema é que quando
você toca na ferida é como se estivesse mexendo em uma colméia cheia de abelhas
prontas para atacar o primeiro que ousa mexer ali. Pessoas que são doutrinadas
de uma certa forma durante toda a vida não
suportam ver alguém argumentando o contrário. Essas pessoas sentem algo
dentro de si – que geralmente chamamos somente de ódio – que as incita a agredir, atacar e intimidar aquele que ousa
discordar de suas crenças tradicionais. Isso, infelizmente, é válido tanto para
o crente, quanto para o descrente. É a
isso que chamamos de intolerância.
Essa intolerância, que é
fruto do ódio, leva por sua vez à perseguição,
que é quando alguém é sistematicamente alvo de ataques por parte daqueles
que se sentem ofendidos por verem suas convicções sendo desafiadas. Quanto mais
e melhor você defende um ponto de vista contrário ao do intolerante (que
geralmente se vê como a “vítima”), mais você atiça e desperta o monstro que há
dentro dele. Pelo fato de eu fazer parte deste bando de loucos que gostam de
mexer em algumas colméias, eu recebo diariamente críticas e elogios, picadas e
aplausos, fúria e satisfação por parte dos leitores de meus seis blogs ou dos
meus livros.
Ao abrir minha caixa de
e-mails, a coisa mais comum e divertida do mundo é me deparar com uma mensagem
de apoio, do tipo: “O seu site é ótimo, parabéns!”,
seguida de uma outra mensagem de algum anônimo vociferando: “Como
você ousa falar contra a minha igreja/fé/crença/ateísmo/visão-política/qualquer-outra-coisa?
Você vai apodrecer no inferno, seu herege desgraçado!!!!!”. Ou
coisas piores. Há alguns sites na internet, com os quais eu me divirto muito,
que justificam sua existência para “provar que o Lucas Banzoli é um mentiroso
sem-vergonha”.
Mas o que realmente
interessa nisso tudo é que ninguém se preocupa em bater em cachorro morto.
Ninguém perde tempo atacando alguém que não está realmente incomodando o lado contrário. Eu, por exemplo, só escrevi
uma refutação a “Deus, um Delírio”, porque é o livro ateu mais famoso e
conhecido do mundo, o que dispensa comentários. Mas eu nem daria importância se
um Zé Mané que ninguém conhece escrevesse
um livrinho de 50 páginas onde fala mal da religião de uma forma amadora e
infantil. Ninguém perde tempo, desperdiça energia ou comenta sobre algo sem
relevância.
Se você, leitor, está
sendo alvo de perseguição ou da fúria dos intolerantes vitimizados, isso só
significa uma coisa: que você está no caminho certo. Eu pensaria que algo está
dando errado se ficasse uma semana inteira sem receber um ataque de fúria
anônimo. Tentaria rever meus conceitos, melhorar meus textos, fazer alguma
coisa diferente, porque se você não está despertando a fúria de alguém é porque
você está fazendo tudo errado.
Eu acho que isso explica o
porquê que Jesus dava tanta ênfase nos benefícios da perseguição, ao ponto de
dizer que o Reino dos céus é daqueles que são perseguidos por causa do
evangelho, ao passo em que ele afirma que é para temer quando todos estiverem somente falando bem de nós:
“Bem-aventurados serão
vocês, quando os odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome de
vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. Regozijem-se nesse dia e
saltem de alegria, porque grande é a recompensa de vocês no céu. Pois assim os
antepassados deles trataram os profetas (...) Mas ai de vocês, quando todos
falarem bem de vocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos
profetas” (Lucas 6:22-23,26)
Na minha perspectiva,
Jesus não estava exaltando a perseguição sofrida porque aquele que está sendo
atacado é um coitadinho. Não. Ele está exaltando a perseguição sofrida porque
ela é um indício, um sinal, uma evidência de que estamos pregando o evangelho
da forma correta – aquela que sempre despertou o ódio dos inimigos de Deus, a
fúria dos intolerantes, a indignação dos obstinados.
Em geral, o intimidador
não escreve na esperança de refutar os seus argumentos. Ele sabe que não é capaz. Então o que ele
faz é tentar intimidá-lo através de ameaças virtuais – que vão desde a
ridicularização, passando pela coação pessoal e terminando com ameaças maiores
– na esperança de deixá-lo acuado, na defensiva ou desmotivado, para ver se
desta forma você para de escrever ou de dizer aquilo que é certo. Aquele que
não tem argumentos para calá-lo tentará fazer isso por meio da intimidação. É
como se ele estivesse raciocinando: “Se eu não posso contra
ele, pelo menos posso tentar amedrontá-lo, e desta forma calá-lo”.
Foi exatamente isso o que Sambalate
e Gesém fizeram contra Neemias, que estava reconstruindo os muros de Jerusalém.
Eles detestavam os judeus, então tentavam convencê-lo a abandonar a construção
do muro, não por causa de algum argumento razoável, mas por meio da
intimidação:
“Sambalate e Gesém
mandaram-me a seguinte mensagem: ‘Venha, vamos nos encontrar num dos povoados
da planície de Ono’. Eles, contudo, estavam tramando fazer-me mal; por isso
enviei-lhes mensageiros com esta resposta: ‘Estou executando um grande projeto
e não posso descer. Por que parar a obra para ir encontrar-me com vocês?’ Eles
me mandaram quatro vezes a mesma mensagem, e em todas elas dei-lhes a mesma
resposta” (Neemias 6:2-4)
O que Neemias fez? Ele foi
correndo até Sambalate e Gesém tomar satisfação com eles? Não. Ele simplesmente
os ignorou, nem deu atenção. Isso é o melhor a se fazer com o intimidador:
ignore-o completamente. Se você é administrador de algum blog, não perca o seu
tempo se rebaixando a discutir com gente deste nível. Isso é tudo o que eles
querem. Por muito tempo eu bati boca com gente assim – quanto tempo perdido e
energia desperdiçada! Jesus disse para não jogar pérolas aos porcos (Mt.7:6).
Não perca suas pérolas jogando-as aos porcos, a quem não merece sequer que a
mensagem dele seja lida, quanto menos publicada ou comentada.
Faça como Neemias fez:
“Estavam todos tentando
intimidar-nos, pensando: ‘Eles serão enfraquecidos e não concluirão a obra’.
Eu, porém, orei: Agora, fortalece as minhas mãos!” (Neemias
6:9)
A intenção dos
intimidadores era deixar Neemias enfraquecido com essas ameaças e intimidações,
mas ele não se importou com eles. O que ele fez? Orou e continuou a obra. Ore e
continue a agir, a pregar, a ensinar, a denunciar quando for preciso, a
recriminar os erros quando for necessário, a defender o bem a todo o tempo, a
expor a verdade sempre. Sabendo, é claro, que você só está sofrendo os ataques porque está defendendo com competência
aquilo que pensa. Veja se aqueles que defendem a mesma coisa com menos
vigor e competência são atacados com a mesma intensidade. É claro que não. Faça
das intimidações uma fonte pessoal de motivação para continuar escrevendo mais
e melhor.
Mas não é somente com os
ataques em si que você deve se preocupar positivamente. Também é importante
prestar atenção em como são estes
ataques. Geralmente, em uma regra quase infalível, alguém que está fazendo um
bom trabalho é atacado sem contra-argumentos. Quando o texto ou o discurso de
alguém é realmente bom, o intolerante sente a necessidade de atacá-lo assim
mesmo, mas sem argumentos – algo que ele teria
caso o nível da sua argumentação estivesse fraco. Então o que sobra é a
ridicularização, o deboche, o escárnio e as ofensas.
Por experiência pessoal,
posso dizer que 99% dos comentários negativos que eu recebo não vêm com
argumento nenhum. As pessoas já são desarmadas de início, de modo que precisam
apelar ao plano B, àquilo que sobrou, que é, neste caso, usar todo o seu
arsenal de zombaria e difamação. Alguns são mais experts neste assunto, enquanto outros são mais amadores. Os mais
amadores são aqueles que não têm tática de escárnio melhor do que o puro
xingamento, como “seu filho da...”. Estes estão no estágio mental de uma
criança de nove anos, cuja estatura mental e criatividade realmente não passam
disso. Ele ainda está no nível 1 das técnicas de escárnio, e não aprendeu nada
ainda.
Mas há alguns mais
experientes nas técnicas de escárnio, que na falta de argumentos despejam o
ódio por verem suas crenças desafiadas de uma forma artificialmente mais
convincente, passando realmente a ideia de que sabem algo, mesmo sem argumentar
nada. É com estes que devemos prestar mais atenção e identificar ponto por
ponto, desmascarando cada uma das técnicas utilizadas pelo charlatão. Citarei
como exemplo uma carta divertidíssima que me foi enviada ontem por e-mail, com
o seguinte conteúdo:
“O farisaísmo impera nesse texto repleto de absurdos
e ignorância , tanto histórica quanto escriba... Se quem escreveu fosse meu
aluno de antropologia não estaria só reprovado como também eu teria colocado
uma observação. ‘imaginação fértil e sem conhecimento fundamentado...’. Estude mais pq seus estudos ainda são
muito limitados. Não vou nem perder meu tempo rebatendo seus textos com
centenas de provas que está errado em tudo que escreveu porque realmente
realmente não quero discutir com pessoas surdas a verdade. Essa realmente foi a
pior tese que li atá hoje sobre essa passagem bíblica”
Eu juro por tudo o que é
mais sagrado que esta carta começa e termina por aí mesmo, eu não tirei nem
acrescentei nada ao conteúdo recebido. Uma carta sem nenhuma
contra-argumentação, nenhuma tentativa, nada que seja nem minimamente relevante
– mas perceba como quem a enviou é expert
nas técnicas de escárnio, ao ponto de escrever oito linhas inteiras sem
nenhum argumento para ser rebatido.
O texto em questão,
contra o qual ele vocifera (e que não vem ao caso aqui, pois o assunto era
totalmente diferente), é um estudo meu com 29 páginas sobre um único versículo bíblico, e que é
reconhecido por muitos como o maior e melhor comentário sobre o texto em toda a
internet, contra o qual até hoje não foi feita nenhuma refutação. Mas isso não
vem ao caso, pois o que importa mesmo é a identificação de cada técnica
empregada pelo indivíduo. Vamos por partes:
Parte 1: “O farisaísmo impera nesse texto repleto de
absurdos e ignorância , tanto histórica quanto escriba”
A
primeira técnica é a da rotulação. Fique atento com isso. O embusteiro
que costuma empregar esta técnica geralmente age da seguinte maneira:
(a)
pense em algo muito, muito ruim.
(b) rotule o adversário
com este título.
(c) trate-o, dali em
diante, da mesma forma que trataria alguém que realmente fosse isso.
Neste caso, o sofista
usou o termo “farisaísmo”, que provém de fariseus,
que nem existem mais, e jogou a bala para o oponente. Esta técnica é muito
constantemente usada pelos marxistas, que com frequencia rotulam seus oponentes
políticos de “fascistas”, “reacionários”, “coxinhas”, etc. Luciano Ayan apontou
nada a menos que 17 caracterizações que certa professora comunista fez da manifestação
pacífica que pediu o impeachment de Dilma Rousseff em novembro de 2014. Vejamos
a forma educada, respeitosa, serena e desprovida de ódio com que ela descreve
as famílias que ali estavam reunidas democraticamente[3]:
a) predadores neonazistas;
b) espancadores e assassinos de homossexuais e negros;
c) direita paulistana com ideais golpistas;
d) órfãos de Hitler;
e) nazista;
f) anti-semita [sic];
g) skinhead;
h) cultivadores do ódio como definição existencial;
i) lobos armados de socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma
usada por praticantes de artes marciais) que salivam diante da imprensa;
j) hienas excitadas, sempre em bando;
k) agressores de jornalistas;
l) facínoras tatuados com o número 88, ou exibindo a Cruz de
Ferro com a suástica;
m) bandidos anti-comunistas como os assassinos do jornalista
Vladimir Herzog;
n) fascistas;
o) turba;
p) rapazes que arrostam violência e arreganham os dentes;
q) gente que vai acabar matando alguém, com a cumplicidade do
senador Aloysio Nunes e da Polícia Militar.
Perceberam?
Primeiro você
desconstrói o oponente, atribuindo-lhe tudo aquilo que há de mal na história da
humanidade. Depois de fazer uma lavagem cerebral para colocar na cabeça das
pessoas que este oponente é um fascista, nazista, homofóbico, racista e tudo
mais o que há de ruim no mundo, então complementa com meia-dúzia de argumentos
rasos (ou nem isso), que a maioria do povo já vai ter sido conquistado pela
simples rotulação. E o pior é que geralmente o agredido não desmascara as
difamações que vem em forma de rótulos, se preocupando apenas em responder aos
argumentos em si, que nem de longe foram o objetivo principal ou o foco do
agressor. No meu caso, eu tive a sorte de ter sido chamado somente de
“fariseu”.
Sempre que algum
oponente usar um rótulo pejorativo contra você, primeiro desmascare o rótulo, exija que o agressor prove que você é exatamente aquilo que
ele está dizendo pelo rótulo, e somente depois refute os argumentos dados por
ele (se é que há algum). Se é um debate presencial, interrompa-o na hora e
desmascare esta tentativa de embuste e de lavagem cerebral, que é feita com a
única intenção de tomar o público para o lado dele.
Então o texto continua
com a segunda técnica, a do apelo à autoridade:
Parte 2: “Se quem escreveu fosse meu aluno de
antropologia não estaria só reprovado como também eu teria colocado uma
observação. ‘imaginação fértil e sem conhecimento fundamentado...’”
É
óbvio que há 99% de chances de que quem escreveu isso nunca tenha sido
professor de coisa nenhuma, mas provavelmente um guri de 14 anos escrevendo
durante o recreio, o que pode ser facilmente constatado pelo fato de ele
terminar o texto dizendo um “atá
hoje”, ou por ter colocado um ponto ao invés de dois pontos antes de iniciar a
citação com letra minúscula(!), ou por repetir a palavra “realmente” três vezes
nas últimas duas linhas, ou por ter esquecido a crase ao falar das pessoas
“surdas a verdade”, ou por ter empregado apenas uma vírgula ao longo de todo o
longo texto e ainda no lugar errado, separada com um espaço à esquerda e outro
à direita, o que nenhum professor decente no mundo faria, mesmo levando em
conta o péssimo nível educacional no Brasil.
Mas a
questão não é essa. O principal aqui é o apelo
à autoridade, que é uma falácia muito popular, e também uma das mais
usadas. O sofista viu que simplesmente rotulando os outros de fariseu e
ignorante não conseguiria dar peso ao seu argumento, pois são coisas que
qualquer mané pode fazer. Então ele decide se passar por alguém importante,
superior, altamente intelectual... que tal um “doutor em antropologia”? Desta
forma, o agressor intimida o oponente, colocando ares de superioridade, olhando
de cima para baixo, querendo impor respeito. Primeiro ele rotula o outro da pior maneira possível (seu fariseu!), depois ele rotula a si mesmo da melhor maneira (sou doutor
em antropologia!).
Essa
tática também é frequentemente usada por Dawkins, que quer sempre usar sua
condição de cientista (essa sim verdadeira, diferentemente do autor da carta)
no objetivo de impor respeito e validar seus argumentos como se também fossem
“científicos”, ignorando o fato de que existem muitos cientistas tão bons
quanto Dawkins, ou até melhores, que discordam de absolutamente tudo do seu
livro – basta comparar a contribuição à ciência dada por Francis Collins com a
contribuição à ciência dada por Dawkins, e depois ver se Collins concorda com
algum argumento de Dawkins!
Sempre
que o agressor usar o apelo à autoridade, desmascare-o citando, em primeiro
lugar, que o que está em jogo não são pessoas,
mas ideias. E que, seja lá que
pessoa ele for, sempre haverá alguém melhor do que ele e que defende o lado
contrário – obrigue-o a abrir mão do seu próprio argumento ao fazê-lo voltar
contra ele, tal como em um bumerangue.
Então
o sofista prossegue com a sua terceira técnica de escárnio:
Parte 3: “Estude mais pq seus estudos ainda são muito
limitados. Não vou nem perder meu tempo rebatendo seus textos com centenas de
provas que está errado em tudo que escreveu porque realmente realmente não
quero discutir com pessoas surdas a verdade”
A
terceira técnica, ainda na base da intimidação, é dizer que possui “centenas de
provas” de que eu estou errado. O agressor sabe que não tem como refutar, sabe
que não possui contra-argumentos, sabe que sua única arma é o ad hominem e o escárnio, mas para não
ficar chato e fazer de conta que tem mesmo argumentos, mas só não estava a fim
de usá-los, diz que tem “centenas” (risos) de provas, que misteriosamente foram
todas omitidas. Isso lembra o episódio do Chaves, onde ele, sabendo que não
tinha força para bater no Nhonho, diz que só não bateria porque havia mulheres
presentes (referindo-se à Chiquinha). Então Chiquinha diz: “que não seja por
isso, eu saio”. E Chaves responde: “você fica!”.
Todo
bom sofista sabe que somente o escárnio não basta – é preciso também compensar
a falta de argumentos com algo que pareça
um argumento. Neste caso, a falta de uma
única prova foi “compensada” por “centenas” de provas imaginárias que ele
“não quis passar”. Sempre que algum oponente disser que tem “centenas” de
provas de que você está errado, desmascare-o na hora, exigindo-lhe que cite pelo menos uma, e derrube-o sem dó nem
piedade nesta “prova” citada por ele, que se presume que seja a melhor que ele
tenha em mãos. Caso ele se recuse a dar uma única prova mesmo dizendo que tem
centenas, estará demonstrando ao público que é um covarde e um grande
charlatão.
E a
técnica final é quando ele termina dizendo:
Parte 4: “Essa realmente foi a pior tese que li atá hoje
sobre essa passagem bíblica”
Esta técnica não é nova,
é somente a repetição das velhas táticas de escárnio já presentes em todo o
restante do texto, chegando a ficar até cansativo. Você pode trucidá-lo sobre o
uso do “atá hoje”, dizendo, por
exemplo, que “esta foi a pior ortografia que já li até hoje”, ou pode simplesmente ter pena dele e deixá-lo ir em paz.
Pensando bem, é melhor trucidá-lo.
O ad hominem
O ad hominem é o maior – senão o único – instrumento de massa de
manobra utilizado pelos sofistas. Os ataques deles quase nunca vão vir em forma
de argumentos, mas sim em formas de ataques pessoais. Essa técnica é muito
utilizada pelos sofistas por ser aquela onde eles não precisam se preocupar em
rebater argumentos, o que eles não
são capazes de fazer mesmo. Basta se preocupar em espalhar mentiras, calúnias,
ataques pessoais, factóides enormemente exagerados ou qualquer coisa de cunho
privado – o que eles são profissionais em fazer – que já conquistarão a opinião
pública, aumentando exorbitantemente a rejeição popular contra o indivíduo
agredido. Eles são como leões esperando na espreita pelo momento certo em dar o
bote. Eles estão esperando com expectativa pela primeira falha, pelo primeiro
deslize, pelo primeiro pecado para lançá-lo na cova dos leões, como fizeram com
Daniel:
“Diante disso, os
supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua
administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar falta
alguma nele, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente. Finalmente
esses homens disseram: ‘Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse
Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele’” (Daniel
6:4-5)
Eles são assim: como uma
serpente, esperam em silêncio por qualquer distração do alvo. Quando o inimigo
faz algum movimento em falso, era tudo o que ela esperava: dá o bote e captura
a presa, que nada pode fazer. Um exemplo clássico foi o que ocorreu com Marco
Feliciano por causa de duas mensagens de menos de 100 caracteres no Twitter.
Durante mais de um ano ninguém falou disso, mas quando ele foi eleito
presidente da Comissão de Direitos Humanos (que antes era dominada pelos
ultraesquerdistas) as cobras passaram a investigar todo o histórico do deputado
procurando algum deslize. E encontraram: os dois twitters foram explorados ao máximo para torná-lo um monstro diante
da opinião pública.
É claro que os twitters em questão foram realmente imprudentes,
mas era exatamente isso o que os ultraesquerdistas estavam querendo encontrar
para jogá-lo contra a opinião pública, ameaçando-o, intervindo nas reuniões da
Comissão de maneira fascista e impedindo o prosseguimento da mesma, fazendo uso
de todos os meios para coagi-lo a desistir da Comissão, o que ele não fez. O
fato é que milhares de políticos já disseram coisas muito piores, mas os
políticos que a esquerda quer derrubar são os únicos que são massacrados pela
mídia por qualquer declaração errônea, exagerada ou mal interpretada que seja.
Ironicamente, esta tática
não deu certo neste caso específico, pois Feliciano permaneceu como presidente
da Comissão e ganhou o apoio massivo de milhões de pessoas que mais tarde o
reelegeram à Câmara com o triplo de votos em relação à eleição anterior. Mas
isso é exceção à regra, que em geral funciona. Funcionou quando o PT quis
tornar Armínio Fraga (que seria o economista de Aécio, caso este ganhasse) o
Darth Vader da economia, esquecendo que eles possuíam um telhado de vidro[4]
que incluía os apoios de Sarney, Collor, Genuíno, Dirceu e toda a corja de boa
gente, mas que não foram bem explorados pelo PSDB. O resultado foi que eles
conseguiram tornar este grande economista em um terrível monstro da economia
diante da opinião pública, e fizeram isso sem sair feridos e nem mesmo tocados,
em função da inércia e apatia dos marqueteiros do PSDB. É claro que ganharam as
eleições.
A razão para isso é
simples: é muito mais fácil atacar a pessoa
do economista do que aquilo que ele
defende. É mais fácil manipular a opinião pública alegando que determinado
jornalista é uma pessoa horrível e “inimigo do povo” do que refutar as
publicações do jornalista. É mais fácil dizer que a Veja é “golpista” do que
refutar as denúncias que ela faz. Destruindo a pessoa, você a mata politicamente, eliminando de antemão qualquer
publicação dela, independentemente se os argumentos são bons ou ruins.
Assim como fizeram com
Daniel, os sátrapas dos dias de hoje vivem investigando cuidadosamente cada
ação nossa procurando encontrar um motivo de acusação e demonização, para
lançar-nos à cova dos leões. O problema é que nós não somos “perfeitos” como
Daniel. Temos falhas, e os sofistas se aproveitam destas falhas – as quais eles
têm mais em demasia – para manipular a opinião pública, nem que seja preciso
relacionar esta falha “com algo relacionado com o Deus dele”.
A diferença entre os
sátrapas dos tempos antigos e os sátrapas dos dias de hoje é que os antigos não
faziam falsas acusações. Eles
procuravam falhas verdadeiras, mesmo que a falha em questão fosse Deus. Os
sátrapas dos dias atuais, por outro lado, quando não encontram nenhuma falha inventam uma falha – alguma mentira,
injúria, calúnia ou difamação.
A tática do Piu-piu
Há também uma técnica
muito frequentemente utilizada, que merece um comentário à parte. Eu a
apelidarei de a “tática do Piu-piu”, que estava sempre conseguindo fugir do
Frajola. Esta técnica funciona da seguinte maneira:
(a) o oponente cita “x”
contra você.
(b) você refuta “x” até
“x” virar pó.
(c) então o oponente
cita “y” e diz que não foi refutado.
(d) você refuta “y” até
que “y” vire pó.
(e) então o oponente diz
que não foi refutado, porque você não refutou “z”.
(f) e assim por diante, ad infinitum.
Apenas por questão de
ilustração citarei uma experiência pessoal de um debate sobre a imortalidade da
alma contra um tal pastor Elias, que se considera apologista no Facebook. O
debate era simples: ele defende que a alma é imortal, eu defendo que a alma
morre. Como todo e qualquer bom imortalista, ele começou fazendo uso da técnica
da metralhadora giratória (a qual eu já tratei no capítulo 4 deste livro, e
portanto não repetirei aqui), citando aquelas quase meia-dúzia de passagens
isoladas que todo imortalista é fã de carteirinha, tentando ganhar um debate
pela quantidade de textos bíblicos jogados na tela.
Essa tática é mais
frequente do que parece, e é bem típica de pessoas que estão desesperadas. Se
você costuma participar destes debates por internet, já deve até estar enjoado
de tanto ver debatedores fracos, cuja única capacidade se limita a copiar e
colar textos de outro, geralmente em quantidade enorme, para dificultar a
refutação. É a velha e clássica técnica do control
c + control v, quase sempre infalível, pois nunca tem como finalidade
vencer debates, mas sim cansar o oponente até que ele perca a paciência de
tanta desonestidade intelectual e vá embora – o que será usado pelo copiador
sem personalidade como uma “prova” de que ele “ganhou” o debate, mesmo sem ter
argumentado de fato nada, mas apenas se limitado a fazer um trabalho que
qualquer criancinha de cinco anos é capaz de fazer.
Eu poderia fazer a mesma
coisa se eu quisesse, e com muito mais propriedade, já que em meu livro sobre o
tema eu cito literalmente milhares de
textos bíblicos e elenco 206 provas bíblicas da mortalidade da alma (feitas por
mim e não copiadas de outro), mas se eu fizesse isso ficaríamos em um debate
sem fim, em um eterno confronto de versículos para um lado e versículos para o
outro, em uma verdadeira guerra monumental de textos bíblicos. Embora eu já
tenha jogado este jogo muitas vezes, hoje eu repudio totalmente esta forma de
debate por ser completamente infrutífera e inconclusiva, fazendo passar a
impressão de que a única razão pela qual estamos certos é porque temos mais versículos, causando o risco até de dar
a impressão de que eles também têm alguma base para a doutrina deles, ainda que
menor que a nossa.
Não, eu não queria e nem
quero um debate desses, que era exatamente o que ele queria. No lugar disso,
lhe pedi respeitosamente que selecionasse uma única passagem dentre aquelas
citadas por ele, e que debatêssemos em cima dela até concluir o debate sobre o
verso em questão. Ele inicialmente topou. Se eu me lembro bem, ele escolheu a
passagem onde Moisés aparece no monte da transfiguração. Em tudo que ele
centrava era completamente refutado, ficando sem contra-argumentos. Mas quando
ele percebia que era derrotado em um texto, ao invés de admitir a derrota preferia
correr para as outras passagens e
apelar para elas.
Então eu deixava o texto
a de lado e ia para o texto b. Ele era derrotado no texto b também, mas ao invés de admitir isso preferia
manter a pose e apelava para o texto c.
Então lá ia eu para o texto c,
e quando eu menos percebia ele já havia se esquecido do texto c e estava correndo para o texto d. E para piorar as coisas, quando não
tinha mais texto nenhum voltava lá para o texto a de novo, em um círculo vicioso que tinha como
única finalidade cansar o adversário para cantar vitória no final. E isso não é
o pior: o pior era que ele achava que estava se saindo bem, e que estava
acabando com “todos os hereges” por causa do texto e (até que fosse refutado no e
também, e tudo começasse outra vez).
Todos que acompanhavam o
debate percebiam as fraudes intelectuais do tal apologista, só ele que não. E o
pior é que ele não era um ninguém, era
alguém que de vez em quando aparece na televisão e tem toda a pinta de “o
grande apologista do Facebook”. Assim como o nosso amigo pastor Elias, muitos
neo-ateus apelam para a tática do Piu-piu, correndo do Frajola a cada vez que
percebe que foi derrubado em um tema. Os ateus estão em uma posição muito
confortável para isso, pois não defendem nada.
Quem defende algo são os cristãos
– como a Bíblia, a existência de Deus, a existência de moralidade objetiva e de
verdade absoluta, etc.
É lógico que aquele que
defende algo vai ter naturalmente
muito mais dificuldade para sustentar seu ponto de vista do que aquele que não
defende nada, e isso por uma razão
bem simples: ele tem mais coisas para responder. E é muitíssimo mais simples e
mais fácil encher um cara de perguntas do que respondê-las. Qualquer um, desde
uma criancinha de cinco anos, pode fazer a pergunta: “por que o mal existe?”
(ou os seus equivalentes, como “por que Deus tolera o mal?”), mas para
responder satisfatoriamente a esta
questão é preciso muitíssimo mais tempo e sabedoria do que o necessário para
fazer a pergunta. Muitos já fizeram isso de forma satisfatória, mas tiveram que
escrever livros inteiros voltados a esta questão.
Desconstruir é sempre
mais fácil e rápido do que construir. Você demora horas para construir um
castelinho na areia da praia, mas um vândalo só precisa de um chute para
destruí-lo. Da mesma forma, é rápido e fácil um ateu acusar um cristão sobre os
povos não-alcançados, sobre as mais diversas questões polêmicas da Bíblia,
sobre aqueles típicos dilemas ao estilo: “por que Deus fez isso e não aquilo?” e
coisas semelhantes, mas responder de forma convincente a todas estas questões
exige muito tempo, muito trabalho, muito estudo, muito equilíbrio e muita
sabedoria – coisas que são desnecessárias para qualquer um que faça as perguntas.
Em um debate, geralmente
o espaço e o tempo dado ao ateu é o mesmo tempo dado ao cristão, e o ateu tem a
chance de se destacar ao simplesmente fazer uso da tática da metralhadora
giratória e jogar mil questões difíceis nas costas de um cristão, que mesmo que
tenha todas as respostas para todas as perguntas possivelmente não terá o tempo
e o espaço suficiente para expô-las todas, uma a uma. Desta forma, sempre
quando há um debate entre um cristão e um ateu com um tema específico e o ateu
se vê refutado neste ponto, a saída é extremamente simples: fuja do tema e fale
sobre todas as questões mais difíceis (e demoradas) para o cristão responder.
Em termos mais simples: cozinhe o tempo.
Isso geralmente dá
certo, infelizmente, mas pela única razão de que o público em geral é
profundamente ignorante das premissas mais elementares da lógica e não consegue
discernir quando um cara está nitidamente fugindo do tema. Basta que esse cara
desesperado fale bonito, mantenha a pose de bom garoto e ataque como um boi
selvagem a fé cristã com todos aqueles velhos argumentos que a gente já conhece
muito bem (mas que fale de forma bem eloquente, para impressionar mais), que o
público vai sair dali pensando que o indivíduo “deu um show” no debate.
Aquele que é com toda a
certeza o exemplo mais claro disso foi o vergonhoso debate entre Craig e Harris[5]. Digo vergonhoso pelo
lado ateísta, pessimamente representado por Sam Harris, que fugiu quinhentas
vezes do assunto ao máximo que lhe foi possível, mais do que o Piu-piu corre do
Frajola ou o diabo corre da cruz. O debate era
para ser sobre se Deus é a melhor explicação para os valores morais
objetivos. Harris se manteve nesta linha em sua primeira fala, até ser
esmiuçado por Craig em seguida. Restou-lhe então mudar completamente o seu
discurso inicial nas falas seguintes, falando sobre o Deus malvadão do Antigo
Testamento[6], sobre os povos
não-alcançados, sobre o inferno, sobre o mal, sobre o sofrimento, etc.
Ridículo.
Não adiantou nada Craig
mostrar à plateia que todo o discurso de Harris não passava de uma cortina de
fumaça – uma distração feita para desviar os olhares do público do foco
principal do debate. Os neo-ateus fazem isso em qualquer debate, sobre qualquer
coisa. Basta encher o cristão com as perguntas mais difíceis da vida e sair
cantando vitória. Esta tática, assim como todas as outras que já abordamos, não
tem efeito nenhum nas pessoas inteligentes e mais instruídas, mas conseguem
alcançar um alto status entre aqueles que estão vendo um debate fora dos padrões de guerra política.
É um grande erro ver os
neo-ateus como apenas honestamente enganados. Talvez este seja o único erro de
Craig, que os trata bem até demais, com um cavalheirismo indevido. Neo-ateus
fanáticos, como Dawkins, Dennett, Harris e o falecido Hitchens não são pessoas
honestamente enganadas, são de fato mal intencionadas, com uma específica
missão na Terra de destruir a religião (e, obviamente, os religiosos) no mundo,
e para isso espalham o mesmo discurso de ódio pregado pelos maiores genocidas
do século passado, que assassinaram centenas de milhões de cristãos em poucas
décadas.
Tratá-los com
cavalheirismo, como se fossem bem intencionados, é um retrato infiel da
realidade. Tais fanáticos não têm que ser apenas refutados, tem que ser desmascarados, juntamente com todo o seu
arsenal de técnicas e truques provenientes do que há de pior em questão de
falácia. Não dê espaços para os seus truques. Não os deixe fugir como um
Piu-piu. Garanta que o seu adversário não vá querer debater com você novamente[7].
Numa guerra, o agressor geralmente vence
Aprendi lendo os artigos
do Luciano Ayan que na guerra política o agressor geralmente vence, mas só fui
me convencer definitivamente disso após ver a campanha petista para a
presidência da República, em 2014. Aquilo ali foi uma baixaria total, pior do
que Casos de Família ou o Programa do Ratinho. O PT jogou mais baixo e sujo do
que nunca e apelou para todas as táticas mais desleais e desprezíveis que um
típico socialista já está habituado a fazer. O que já era previsível, já que a
presidenta [sic] guerrilheira já havia antecipado que seu partido faria o diabo
para ganhar as eleições[8].
O nível da campanha foi
para a lama, mentiras grotescas e ataques pessoais aos candidatos adversários
foram feitos em medidas descomunais, Aécio Neves foi acusado levianamente de
agredir sua mulher, de cheirar cocaína, de não pagar os professores, de cortar
o Bolsa Família e outros programas sociais do governo caso fosse eleito
(terrorismo psicológico, já que o candidato disse um milhão de vezes que não
faria isso), além de todo o arsenal de mentira, calúnia, injúria e difamação
que nunca antes foi visto na história
deste país, para usar uma frase bem familiar a certo ex-presidente de nove
dedos.
Resultado: o PT ganhou as
eleições.
O principal responsável
pelo fracasso da campanha de Aécio, que até chegou a ultrapassar Dilma nas
pesquisas de indicação de voto próximo à data da votação, foi seu horário
político repleto de musiquinhas e amiguinhos felizes, enquanto o PT jogava a
bomba do outro lado e não descansava enquanto não destruísse a imagem do
candidato e o retratasse como um monstro – a mesma coisa que Dawkins e demais
neo-ateus fazem com o Deus judaico-cristão. Luciano Ayan fez uma sátira muito
inteligente de como isso seria na era do nazismo, onde temos um partido defendendo
que os judeus sejam respeitados, lutando contra o partido de Hitler, que quer o
preconceito contra os judeus[9]:
X: Hitler está usando
discursos cada vez mais fortes, usando divisionismo, apelando ao coração e
atacando o tempo todo. Precisamos fazer algo contra isso!
Y: Nós vamos usar
musiquinha!
X: Musiquinha? A cada
programa de rádio, o Hitler redobra a intensidade, usando a técnica do “shock and awe”, e aumenta nossa
rejeição.
Y: Para cada ataque,
faremos uma proposta!
X: Mas e os ataques que
ele não pára de fazer?
Y: No fim a verdade
prevalecerá!
X: Isso é um absurdo! Ele
definiu a estratégia de aumentar nossa rejeição, o que vai ajudá-los. A nossa
imagem está piorando.
Y: Nós vamos usar
musiquinha!
O PSDB, infelizmente, não
percebeu que política é guerra, ou, quando percebeu, já era tarde demais. O
estrago já estava feito. Infelizmente, embora a verdade e os argumentos estejam
do nosso lado, os maiores estrategistas estão do lado de lá. Em geral, quanto
mais para esquerda um partido está, mais lança mão de todas as técnicas
desleais e se aproveita da guerra política para lutar e vencer. Se o PSDB, um
partido de centro-esquerda, já está tão adormecido para a guerra, quanto mais a
direita, que ainda precisa aprender muito.
A grande maioria dos
adeptos da direita são cristãos e conservadores, e talvez isso tenha alguma
ligação com o fato de a direita em geral ser tão passiva quando o assunto é
guerra política. Isso deve ocorrer porque os cristãos estão tão acostumados a
serem tolerantes que às vezes acabam sendo tolerantes até demais, em um nível
que chega à passividade e à ingenuidade, que é o extremo oposto, mas tão
errôneo quanto, o extremo da intolerância. Jesus ensinou muito sobre ser leal,
justo, santo, íntegro, humilde, honesto e todos os adjetivos relacionados a
isso, mas também ensinou um mandamento que passa despercebido por quase todos
os cristãos nos dias de hoje: a astúcia.
Jesus não apenas disse
para sermos astutos, mas para sermos astutos como a serpente, que é o animal que sempre simbolizou na Bíblia o
mal:
“Eu os estou enviando
como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam
astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas”
(Mateus 10:16)
Têm muito cristão como as
pombas, mas poucos como as serpentes. Jesus não estava ensinando a fazer o mal,
nem eu estou dizendo que o PSDB deveria ter atacado a Dilma com toda a sorte de
calúnias e difamações. Ser astuto não é a mesma coisa que ser desonesto. O que
Jesus estava dizendo ali é para os cristãos serem astutos da mesma forma que as
“serpentes” (e vocês sabem do que eu estou falando) são astutas. A diferença é
que eles são astutos desonestamente, enquanto nós devemos ser astutos
honestamente. A Igreja moderna, contudo, não é astuta nem de um jeito nem do
outro – é simplesmente ingênua.
Nós não precisamos, como
eles precisam, mentir e caluniar para jogar a guerra política. Como nós estamos
do lado da verdade, basta mostrar a verdade. Eles precisam mentir porque
defendem uma mentira e vivem da mentira. Nós podemos ser muito mais efetivos se
simplesmente desmascarássemos as mentiras deles e lutássemos mais e melhor pela
verdade, expondo-a ao mundo. Nós não precisamos roubar os nomes deles para
jogar pro nosso lado (como eles fazem com Martin Luther King e Abraham
Lincoln), basta usarmos os nossos. Eles, como vivem da mentira, precisam não
apenas roubar os melhores nomes do nosso lado, mas transformar monstros
assassinos (como Che Guevara e Fidel Castro) em heróis nacionais e verdadeiros
mártires.
É por isso que dois
bandidos como Dirceu e Genoíno, condenados pela Justiça em todas as instâncias
e presos na Papuda, são considerados por eles como “guerreiros do povo
brasileiro”. O que tem do lado deles é tão desprezível que eles precisam transformar a imagem de ladrões e
assassinos para que sejam heróis e guerreiros. Eles precisam mentir para ligar
o fascismo à direita, enquanto nós apenas precisamos mostrar a História, que mostra que todos os
grandes líderes revolucionários ateístas do século passado foram genocidas
canalhas e covardes.
Eles precisam fazer mágica
para transformar Hitler num cristão de direita, quando nós precisamos apenas
mostrar a História que diz que o
partido de Adolf Hitler se chamava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, vulgarmente conhecido
como “Partido Nazista”. Nós não precisamos esconder nada nem mentir – basta
mostrar a verdade, da forma que a verdade é. Eles precisam mentir sobre nós
para inventar os maiores horrores; nós precisamos apenas estudar a história e
contá-la. Eles triunfam pela mentira, nós triunfamos pela Verdade. Essa é a
diferença.
Por isso, quando estiver
em um debate, jogue para frente, para o ataque. Não fique somente se
defendendo. Este é um problema grave da apologética moderna: ela se preocupa
muito em se defender dos ataques neo-ateístas, mas faz pouco em contra-atacar.
Ela age como se o objetivo fosse mostrar que a religião não é tão má assim, ao
invés de colocar na mesa as cartas do jogo e jogar na cara deles quem eles
realmente são, e o que eles realmente fizeram. Quando um quer provar que algo é
ruim, enquanto o outro quer provar que não é tão ruim, o agressor sempre vence.
A apologética, muitas
vezes, se preocupa em mostrar que a lei do Antigo Testamento não era tão má
assim, ao invés de mostrar o quão gigantescamente ela estava à frente de sua
época em termos morais. A apologética, muitas vezes, se preocupa somente em
amenizar a escravidão presente no Antigo Testamento, ao invés de mostrar que o
Novo Testamento foi o primeiro livro da história a rejeitar totalmente qualquer
forma de escravidão, e que foram os cristãos que lutaram pela abolição da
escravidão enquanto os humanistas seculares a apoiavam com todas as forças.
A apologética moderna
falha em não jogar na cara deles que eles nada fizeram na luta contra o
racismo, e que todos os grandes ícones na luta pela igualdade racial foram do
nosso lado. A apologética moderna falha também em somente mostrar que a Bíblia
não é machista, ao invés de demonstrar com ampla quantidade de argumentos que a
Bíblia foi o primeiro livro na história da humanidade que deu valor e direitos
às mulheres em igualdade com os homens, e que se não fosse pelo Cristianismo a
vida delas seria terrível, assim como é nos países onde a ideologia cristã
ainda não chegou ou não teve influência.
A apologética moderna
falha em não mostrar que foi a fé cristã que lutou pela defesa do velho e da
criança, da mulher e do escravo, do pobre e do negro. Sem Cristianismo, não
haveria humanidade no sentido moral da palavra, não haveria liberdade, não
haveria igualdade, não haveria dignidade. Deixassem o mundo somente com os
humanistas ateus como Marx e Engels, e estaríamos vivenciando a escravidão até
hoje. Falta à apologética moderna o contra-ataque, a astúcia, a guerra
política. Porque, “se Deus é por nós, quem será contra nós?”
(Rm.8:31).
[1]
Ele escreve diariamente em seu excelente site “Ceticismo Político”, disponível
em: http://lucianoayan.com
[2]
O site original dele foi deletado, mas parte foi restaurada anos depois, de
modo que o índice das 66 técnicas neo-ateístas refutados são apenas alguns
dentre os vários artigos presentes no site original. O que foi recuperado do
site pode ser acessado aqui: http://projetoquebrandooencantodoneoateismo.wordpress.com/tecnicas-neo-ateistas/
[4]
Luciano Ayan comentou sobre isso em: http://lucianoayan.com/2014/10/13/para-o-pt-arminio-fraga-e-o-darth-vader-da-economia-que-tal-lembrarmos-o-passado-dos-economistas-petistas/
[6]
Já falamos sobre ele no capítulo 8 deste livro (para quem ainda não leu e
preferiu pular até esta parte do livro).
[7]
Lucas, você não está sendo muito severo? Não. Jesus chamou os fariseus de “raça
de víboras” (Mt.23:33), de “sepulcros caiados” (Mt.23:27), de “serpentes”
(Mt.23:33) e de “filhos do diabo” (Jo.8:44). Paulo amaldiçoou os anti-cristãos (não os não-cristãos) em
1Co.16:22, chamou Elimas de “filho do diabo” (At.13:10), repreendeu Pedro na
face por sua atitude condenável (Gl.2:11), instruiu Tito a repreender severamente os hereges (Tt.1:13) e disse que gostaria
que estes que perturbam as pessoas de bem se castrassem (Gl.5:12). Pedro os
chamou de “malditos” (2Pe.2:14) e ordenou que um malandro chamado Ananias
perecesse (At.8:20), e ele morreu mesmo. E são estas mesmas pessoas que falam
na Bíblia sobre mansidão, humildade e respeito, porque há uma diferença enorme
entre ser manso e ser ingênuo. Jesus era “manso de coração” (Mt.11:29), mas ele
expulsou à chibatadas os ladrões no templo quando foi necessário (Mt.21:12).
Não é preciso deixar a humildade de lado para desmascarar alguém. Ninguém deixa
de ser humilde por desmascarar alguém que tem que ser desmascarado, assim como
ninguém cumprimentaria Hitler ou o trataria “respeitosamente” se ele vivesse
nos dias de hoje, e nem por isso quem se recusasse a cumprimentá-lo seria menos
humilde. Jesus disse para sermos puros como as pombas, mas também disse para
sermos “astutos como as serpentes” (Mt.10:16). A repreensão com firmeza sempre
fez e sempre vai fazer parte do Cristianismo evangélico, pois há pessoas que
precisam dela, depois de admoestadas uma e duas vezes (Tt.3:10).
Olá. Lucas, já debati muito na internet, e tudo acontece realmente do jeito que você falou, primeiro o oponente usou ad hominem, depois a técnica do piu piu, e como você falou parece que ele nem percebia que fazia isso, então o acusei de Sofista e desisti do debate! O último que participei o tema era sobre a baixa probabilidade para a existência de vida no Universo, indicando o arranjo de Deus para essa ocorrência! Eu sou Cristão, o oponente é ateu, usou primeiro o argumento da Loteria com todos os jogos pagos! Eu quebrei esse argumento! aí passou pras sandices de Dawkins, foi derrubado, aí passou pra Teoria do multiverso, e assim por diante, foi buscar posts no meu blog sobre et´s e demônios pra me passar como um fanático, enfim desisti, o qualifiquei como Sofista e ele saiu de vitorioso! Comecei um trabalho anti-ateísmo há poucos meses, se puderes dá uma visitinha lá: http://exateus.com. Gostaria de saber também se posso publicar alguns posts seus, claro citando as referências! abraços!
ResponderExcluirOlá, José Domingos, me desculpe pela demora em respondê-lo, só agora li seu comentário. Fique a vontade para publicar meus posts, quanto mais somarmos para o avanço do Reino, melhor será. Deus lhe abençoe!
ExcluirObrigado Lucas, que Deus Lhe abençoe! Vai nessa força!
ResponderExcluirObrigado, José, abraços!
ExcluirOs catolicos TRIDENTINOS se encaixam direitinho nessas caracteristicas, eu já vir TRIDENTINOS serem refutados e aí começarem a apelar, começam a dizer: você é um ladrão da universal, da batista, assembleia etc.
ResponderExcluirEntão quando não tem argumentos querem desmoralizar a pessoa, os catolicos[ da especie TRIDENTINA] quando não refutam o texto da pessoa vem e dizem: seu texto é um lixo, uma merda, ou seja eles querem desprestigiar o artigo sem refutar nada, e é nessa hora que você tem que entrar em ação e pedir provas que mostrem que o texto é uma porcaria, entao o sofista irá ser desmascarado em um segundo.
Outra tatica é a da intimidação para vencer o debate, o sujeito entra em um debate e por nao conseguir refutar nada do que é dito, ele começa a xingar, berrar, miar, blasfemar, um verdadeiro chorôro, entao o oponente por não querer desagradar ao SENHOR desiste do debate, e aí vem o sujeito dizendo que ganhou e que botou uma serpente, filha da cobra para fugir. OBS[ isso ocorre mais da parte de TRIDENTINOS].
E ainda tem a tatica da insistencia, ou seja, o sujeito é refutado e por só ter aquelas poucas passagens, o sujeito repete e repete e repete a mesma argumentação RIDICULA e REFUTADA pelo oponente para tentar CANSA-LO.
Todas essas taticas é utilizada por varios zumbis TRIDENTINOS na net, e olhe que tem muito mais tecnicas usadas por esse "" APOLOGISTAS"" de que quinta categoria.
É pra encerrar esse comentário, lucas, o apologista citado é o Elias soares de moraes ?
Sim, era o Elias mesmo :)
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