quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os cristãos discriminam os ateus ou é o contrário?


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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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De todos os capítulos e sub-tópicos presentes em The God Delusion, o mais infame, descarado, hipócrita e dissimulado é o que fala sobre o “preconceito” contra os ateus. Basicamente, o “argumento” é de que o nosso mundo é predominantemente cristão e que estes cristãos exercem um enorme preconceito contra os ateus e outras minorias. Os ateus e as demais minorias, por sua vez, são os “coitadinhos”, os “indefesos”, os “oprimidos” e os “desfavorecidos”, é lógico. E os cristãos são os “malvados”, os “preconceituosos”, os “opressores” e os “tiranos”, é claro. Mais uma vez os estereótipos e os espantalhos ressurgem, desfilando triunfantemente nas linhas deploráveis escritas por Dawkins. 

São várias as táticas desprezíveis que Dawkins usa para justificar estes chavões. A mais popular, é claro, é a mentira. Informações que dificilmente podem ser comprovadas verdadeiras. Talvez a única afirmação presente neste tópico do livro que realmente demonstraria um “preconceito” aos ateus é quando ele cita George Bush (pai) dizendo:

“Não sei se ateus deviam ser considerados cidadãos, nem se deveriam ser considerados patriotas. Esta é uma nação regida por Deus”

Fiquei assustado quando vi tal afirmação, e procurei ansiosamente pela fonte que provaria isso. Afinal, uma declaração tão forte como essa, que coloca em xeque nada a menos que um ex-presidente dos Estados Unidos, deveria ser fortemente apoiada por provas concretas para que a levássemos em consideração. Quanto mais grave for a acusação, maior devem ser as provas que fundamentem o caso. Mas, para a minha absoluta surpresa, o que eu vejo Dawkins dizendo em seguida é isso:

“Pressupondo que o relato de Sherman esteja correto (infelizmente ele não gravou a declaração, e nenhum outro jornal publicou a reportagem na época), faça a experiência de substituir ‘ateus’ por ‘judeus’ ou ‘muçulmanos’ ou ‘negros’”

Uau! Dawkins acredita na declaração simplesmente... por fé! Ele não tem nenhuma gravação, nenhuma publicação, nada além de um testemunho pessoal que ele supõe que seja verdadeiro. Paradoxalmente, ele rejeita qualquer testemunho pessoal das milhões de pessoas que já disseram ter visto anjos ou demônios, ou que testemunharam um milagre ou qualquer experiência sobrenatural, mas aceita dogmaticamente o testemunho de uma única pessoa que acusa criminosamente alguém da mais alta instância nos EUA, numa acusação que jamais seria considerada séria em um processo penal! E é esse mesmo charlatão que se autoproclama o “cético”, que só acredita naquilo que tem “evidências” – e tem gente que acredita!

A situação fica ainda pior para ele quando observamos que em toda a história de George Bush jamais houve qualquer declaração semelhante a esta, e que ele nunca negou o direito de cidadania aos ateus enquanto foi presidente! Quase todos os outros exemplos de Dawkins não passam de testemunhos pessoais, a maioria dos quais pouco confiáveis, à semelhança ao de Bush. Mas há um que podemos levar em consideração, que parece ser uma pesquisa séria realizada entre os norte-americanos sobre política, onde ele diz:

“É virtualmente impossível para um ateu honesto ganhar uma eleição pública nos Estados Unidos (...) uma pesquisa da Gallup realizada em 1999 perguntou aos americanos se eles votariam em uma pessoa qualificada que fosse mulher (95% votariam), católica (94% votariam), judia (92%), negra (92%), mórmon (79%), homossexual (79%) ou ateia (49%)”

A conclusão que Dawkins toma destes dados é inevitavelmente exagerada, e dificilmente se encaixa na descrição de que é “virtualmente impossível” que um ateu honesto seja eleito. Se praticamente 50% da população votaria em ateus, isso já seria suficiente para eleger deputados ateus. Frequentemente deputados que não atingem sequer 1% dos votos são eleitos para a Câmara. No Brasil, o deputado federal mais votado em São Paulo não passa de 7% dos votos válidos, e a lista de deputados eleitos abrange até o deputado que obteve meros 0,28% dos votos[1]!

Se deputados que tem de 0,28 a 7% dos votos são eleitos, então é óbvio que é perfeitamente possível que eles sejam eleitos pelos 49% de população que está disposta a votar neles[2]. A conclusão de Dawkins é, portanto, fantasiosa e completamente desproporcional. A outra “conclusão” que ele tira é que os cristãos são preconceituosos, porque metade deles diz que não votaria em ateus. Esta conclusão é, no entanto, mais falaciosa que a anterior. Será que Dawkins não cogita a hipótese de haver outra explicação para o fato de que parte dos cristãos não votaria em um ateu?

No que os políticos ateus geralmente defendem? Os valores cristãos? A vida e a família? Não. Em geral, eles defendem exatamente o inverso disso: aborto, legalização das drogas, casamento gay, etc. É o oposto aos valores cristãos, porque seu ateísmo é o oposto ao Cristianismo. O ateísmo também faz parte essencial do marxismo cultural. O lema dos marxistas é e sempre foi o de “eliminar o capitalismo da terra e Deus do Céu”. A luta dos marxistas nunca foi somente com o capitalismo. O combate ao capitalismo sempre foi o meio para se chegar ao fim: o extermínio da religião. Marx e Engels, como bons ateus e ex-cristãos, sabiam perfeitamente disso[3].

Por que, então, um cristão teria que votar em um candidato que, ainda que seja honesto, defenda tudo isto? Por que um cristão teria que votar em alguém que não defende os valores cristãos? Por que teria que votar em alguém que, como finalidade última, defende o extermínio dos princípios cristãos na sociedade? Não faz sentido. Quem votasse nisso seria um tolo, e estaria sendo completamente inconsistente com sua visão de mundo cristã. É totalmente democrático e correto que os cristãos votem em outros cristãos, isto é, naqueles que os representam, naqueles que defendem os valores cristãos. Isso não é preconceito, é democracia.

Da mesma forma que os ateus têm total direito e liberdade de dizer que não votariam em deputados cristãos que defendem os valores cristãos, nós também temos total e absoluta liberdade de dizer que não votaríamos em deputados ateus que lutam contra os valores cristãos. Eleger um representante que não me representa não é apenas inconsistência, é demência. Mas Dawkins não pensa em nada disso na hora de concluir rapidamente que a única razão para a qual a metade dos cristãos não votaria em ateus é “por preconceito”. Quantos ateus que defendem o aborto, as drogas e o casamento gay votariam em deputados cristãos que são contra tudo isso? Eu tenho certeza que não chegaria a 5%[4]. Dawkins deveria era exaltar os cristãos pelo enorme nível de tolerância em comparação com eles!

Não satisfeito com isso, Dawkins ainda diz em seu livro que a religião tem “privilégios”. No entanto, como David Robertson destacou com exatidão, se alguém tem privilégios, são os ateus. Ele corretamente assinala que “na Grã-Bretanha todas as nossas instituições governamentais, órgãos da mídia e estabelecimentos educacionais são, antes de mais nada, secularistas. A National Secular Society recebe uma exposição de longe maior do que a da larga maioria das igrejas cristãs”[5]. Em suas “Cartas para Dawkins”, Robertson também mostra como o neo-ateísmo de Dawkins é privilegiado em detrimento do Cristianismo:

“Ao senhor [Dawkins] foi dado o imenso privilégio de ter controle editorial da sua própria série de TV The Root of all Evil[6]. Pode me dizer qual a última vez em que foi dado a um cristão evangélico, por um canal nacional de TV, a oportunidade de produzir um filme demonstrando os males do ateísmo? O senhor não acha que em uma sociedade aberta e democrática, quando se permite a você fazer um ‘documentário’ atacando grupos inteiros de pessoas, a elas deveria, no mínimo, ser concedido algum direito de resposta? Naturalmente, isso não vai acontecer, porque, como o senhor bem sabe, aqueles que são os principais responsáveis por nossos órgãos de mídia são os que compartilham muitas das suas pressuposições e preferem fazer programas que apresentem os cristãos, ou como vigários anglicanos fracos e inúteis, ou evangelistas americanos bombásticos da direita que querem enforcar gays. Isso é propaganda – não verdade, nem razão, tampouco debate e, com a maior certeza, não é imparcial”[7]

Ele prossegue mostrando a decisão da BBC tomada em 2006, quando os executivos da corporação decidiram que o secularismo é a única filosofia que todos devem consentir, suprimindo a liberdade de expressão e de opinião dos que adotam outros sistemas filosóficos, como se o secularismo fosse a filosofia, e não uma filosofia. Os cristãos da BBC são sumariamente proibidos de expor sua opinião na TV sob a ótica de sua filosofia, mas os ateus não.

Algo semelhante ocorreu no Brasil, quando Rachel Sheherazade foi proibida de continuar expressando sua opinião (cristã) anti-governista na TV. Os cristãos são sumariamente censurados e uma lei da mordaça na grande mídia impera até mesmo nos países mais cristãos do mundo – quanto mais nos menos cristãos! Se os ateus conseguem obter sucesso em censurar a opinião cristã em países onde eles são minoria, imagine o que não fariam em um país onde fossem maioria. Isso nos ajuda a entender os massacres que os Estados oficialmente ateus empregaram em verdadeiros genocídios que resultaram em 100 milhões de cristãos assassinados só no século passado.

A mesma coisa está ocorrendo há muito tempo nas escolas. Na Inglaterra, a secretária da Educação Nicky Morgan determinou que todas as escolas inglesas (inclusive as cristãs) estivessem proibidas de ensinar o criacionismo e obrigadas a promover o homossexualismo. Ele mandou fazer inspeções regulares nas escolas confessionais de ordem cristã, judaica ou muçulmana para assegurar que seu plano de censura aos religiosos e de coação fascista aos valores opostos aos das respectivas universidades estejam em ação. Se não estiverem, terão suas licenças de funcionamento revogadas[8].

Os professores também foram orientados a desafiarem as crenças cristãs dos alunos (lavagem cerebral) sem ter ninguém para contrapor do outro lado as acusações injuriosas, e entre as novas diretrizes está, acredite, a proibição da comemoração na escola de festas religiosas como o natal e a páscoa. Esta censura fascista anti-religiosa nas universidades cristãs é ainda mais irônica pelo fato de a maioria das universidades britânicas terem sido fundadas por igrejas cristãs, sob princípios cristãos. Até a Universidade de Oxford, britânica, a mesma onde Dawkins lecionava, foi fundada por igrejas cristãs. Agora eles cospem no prato que comeram[9].

Aqui no Brasil não é muito diferente, embora seja um país formado por 87% de cristãos[10] (de acordo com o último censo, de 2010). Zeitgeist, o filme preferido dos ateus no mundo todo, que tenta provar que Jesus Cristo é um plágio de mitos pagãos vomitando desinformação e mentiras, foi passado em sala de aula duas vezes no colégio e na faculdade em que estudei. Uma delas em uma aula de biologia, completamente fora do contexto da matéria, em que o professor ateu interrompeu a disciplina normal para passar este filme aos alunos, numa tentativa de provar que o Cristianismo é uma “farsa” e que quem crê em Jesus é idiota.

Alguns alunos cristãos vinham falar comigo depois da aula, assustados com o teor do filme, que de fato pode parecer grande coisa para quem nunca estudou o assunto, mas que é motivo de risada para aqueles que têm algum conhecimento do tema, tamanho o volume de dados distorcidos, de informação manipulada e de mentiras grotescas presentes no filme. Eu dediquei um longo capítulo do meu livro anterior para refutar as asneiras mentirosas de Zeitgeist, motivo pelo qual não irei voltar ao assunto aqui.

Mas é interessante notar que se um professor passa um filme como “A Paixão de Cristo” ou “Deus não está morto” aos seus alunos em sala de aula, ele é alvo de protestos violentos por estar fazendo “lavagem cerebral” religiosa nos alunos, ao passo em que quando um professor ateu faz exatamente a mesma coisa do lado contrário, sem dar qualquer oportunidade de contraponto aos alunos cristãos e sem passar nem mesmo o filme de uma hora e meia de duração que refutou ponto por ponto do Zeitgeist[11], isso é considerado “normal” para os alunos, que são doutrinados desde cedo a detestarem o Cristianismo e a abraçarem qualquer visão contrária, por mais implausível que seja.

Já contei em meu outro livro sobre como essa lavagem cerebral é feita a tal ponto que alguns alunos se manifestam em sala de aula dizendo que Constantino inventou a Bíblia! Essa gigantesca ignorância é o fruto do humanismo secular ateu infundido em nossas escolas, contra o qual nenhum aluno cristão pode se opor, se nada for feito pelo poder de cima – que é uma esperança inútil, já que a visão secular também domina a política.

O ateísmo e a filosofia secular também reinam na mídia impressa e na televisão[12]. A coisa mais comum do mundo é ver as revistas seculares estardalhando para todos os lados que Jesus teve um caso com Maria Madalena, ou que ele não existiu, ou que foi um plágio de mitos pagãos, e coisas semelhantes. Provas? Nenhuma, exceto um punhado de suposições pífias ou argumentos tão ultrapassados que até os ateus mais sérios tem vergonha de usar. Mas quando algum arqueólogo descobre uma evidência nova que corrobora com a veracidade da Bíblia, eles se calam completamente e fazem o máximo para que ninguém fique sabendo.

A televisão também frequentemente aposta no estereótipo de “evangélico estúpido”, “crente burro” e “cristão alienado”, perpetuando o ódio e o preconceito aos cristãos. Como Craig corretamente assevera, “quantos filmes produzidos por Hollywood retratam cristãos de forma positiva? Em vez disso, quantas vezes já não vimos nesses filmes os cristãos sendo retratados como vilões superficiais, preconceituosos e hipócritas?”[13]. O cinema está sempre caricaturando os cristãos da pior forma possível e incessantemente ridicularizando a fé cristã, incentivando os outros a fazerem o mesmo.

Dia desses, a Disney decidiu bloquear em seu site toda e qualquer menção ao nome “Deus” nos comentários de qualquer matéria:

“Lilly Anderson, 10 anos, estava respondendo um questionário no site da Disney Channel quando se deparou com uma pergunta sobre quais seriam os motivos de sua gratidão. A menina, espontaneamente, escreveu ‘Deus, minha família, minha igreja e meus amigos’. Para supresa de Lilly e sua mãe, Julie, o comentário foi bloqueado com uma mensagem que dizia: ‘Por favor, seja agradável’. Confusa, a menina tentou novamente e o resultado foi o mesmo. Numa tentativa de descobrir a que o sistema do site estava se referindo como ofensivo, Lilly excluiu a palavra ‘Deus’ e seu comentário foi autorizado imediatamente, de acordo com informações do Christian Headlines”[14]

Mais tarde, a Disney deu a desculpa de que a palavra “Deus” está às vezes “relacionada a palavrões” e que por isso decidiram exclui-lo dos comentários (em minha opinião, seria melhor se eles tivessem permanecido calados).

Para ver como a mídia é extremamente tendenciosa, basta analisar a repercussão que ela dá para cada acontecimento. Ficou famoso no mundo inteiro os ataques terroristas à sede do jornal satírico francês Charlie Hebdo, deixando doze mortos no dia 7 de Janeiro de 2015. Durante semanas, os noticiários do mundo todo não falavam de outra coisa a não ser neste ataque. Não houve ninguém que ficou por fora dos acontecimentos, a não ser que estivesse em outro planeta durante aqueles dias. Desde o fatídico 11 de Setembro, não houve acontecimento tão largamente abordado no mundo todo quanto esse.

Duas coisas logo nos saltam aos olhos. A primeira é que o jornal havia zombado e provocado os muçulmanos com charges ofensivas, que, obviamente, não justificam a reação que teve do outro lado, mas fazem do jornal não “totalmente inocente” neste caso. Vejamos uma das charges habituais do jornal:


Essa charge ofensiva e provocativa suscita reações distantas entre líderes religiosos cristãos e extremistas islâmicos. Os cristãos vão achar uma piada de mau gosto e seguir suas vidas. Os extremistas islâmicos, por outro lado, costumam matar para “vingar o Profeta”. Os editores franceses sabiam que a charge agressiva e de mau gosto iria provocar reações hostis, mas decidiram prosseguir mesmo assim. Não sei se eu chamo isso de coragem ou de loucura[15]. Em segundo lugar, o Charlie Hebdo era um jornal de extrema-esquerda, que segue a linha de Dawkins e companhia. Isso explica muita coisa.

Por outro lado, esses mesmos grupos extremistas muçulmanos que assassinaram doze jornalistas de esquerda também assassinam, todos os dias, multidões de cristãos. Naquelas mesmas semanas em que o Charlie Hebdo foi atacado matando doze pessoas, o Estado Islâmico havia crucificado cristãos na Síria[16], havia decapitado 21 cristãos egípcios na Líbia[17], havia vendido, crucificado e enterrado crianças cristãs vivas no Iraque[18], havia sequestrado 220 cristãos na Síria[19] e empregado um verdadeiro Holocausto cristão por onde passava[20]. O que esses cristãos haviam feito a eles? Nada. Eles não fizeram nenhuma charge ofensiva. Não provocaram ninguém. Não chamaram para a briga. Apenas eram cristãos. Morreram por causa da sua fé.

Qual foi a reação da mídia a todos estes casos? Praticamente nenhuma. No máximo, uma nota em algum cantinho de website, ou uma breve notícia nos jornais, e muitas vezes nem isso. Se a vítima não é esquerdista, não interessa a eles. E se for cristã, menos ainda. O que lhes interessa é colocar sempre os esquerdistas e ateus como “as vítimas” e os cristãos como “os opressores”. Então, quando a “vítima” em questão é um cristão, ou o “opressor” em questão é um esquerdista ou ateu, a notícia não vale a pena ser publicada. O objetivo é um só: manipular os noticiários para colocar a sociedade contra os cristãos e torná-la cada vez mais antirreligiosa. Qualquer coisa que não sirva a este propósito é descartada, e qualquer coisa que sirva a esse propósito é propositalmente aumentada ao máximo para elevar sua repercussão.

Dia desses eu vi alguém dizendo:

• Eu sou cristão.
• Eu sou do povo que não mataram apenas doze.
• Eu sou do povo onde 100 mil são mortos todo ano.
• Onde está a mídia?
• Onde estão os minutos de silêncio?
• Onde está a indignação da opinião pública?
• Onde estão os protestos dos governantes?
• Onde estão os manifestantes da ONU?
• Onde estão as vigílias?
• Onde estão as forças de segurança para nos proteger?

O resumo é o seguinte: quando doze esquerdistas são mortos após terem deliberadamente provocado os radicais islâmicos, toda a mídia volta a sua atenção massivamente para isso e praticamente não fala em outra coisa até que esses doze mortos sejam transformados em mártires e heróis da pátria, mas quando milhares e milhares de cristãos são perseguidos, sequestrados, torturados, decapitados, crucificados e enterrados vivos – e por nenhuma razão além da sua fé – não há nem um pio. Dar atenção a isso não convém à mídia, pois ninguém quer vitimizar um inimigo. A vítima tem que ser sempre eles (ateus e esquerdistas), e os cristãos tem que ser sempre os “opressores” da história toda.

Não é à toa que cresce no mundo todo as ondas de restrições religiosas. Os neo-ateus tem conseguido, astutamente, transformar o Estado laico em um Estado ateu, e a maioria dos países está cada vez mais caminhando nesta direção. Um artigo da BBC a este respeito afirma:

“Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira observou uma ‘crescente onda de restrições à religião’ na maior parte do mundo, entre 2009 e 2010. Segundo levantamento do Instituto Pew, dos EUA, a porcentagem de países com ‘altas ou muito altas’ restrições às práticas religiosas aumentou de 31%, em meados de 2009, para 37%, em meados de 2010. ‘Como alguns dos países mais restritos são populosos, 3/4 da população global vive em países com altas restrições governamentais à religião ou fortes hostilidades sociais envolvendo a religião’, diz o levantamento. O estudo cita países como a Suíça (onde um referendo em 2009 baniu a construção de minaretes em mesquitas), a Indonésia (onde dezenas de igrejas foram forçadas a fechar por pressão de extremistas islâmicos), a Nigéria (palco de confrontos entre cristãos e muçulmanos) e os EUA (onde, em âmbito local, alguns grupos religiosos dizem enfrentar restrições à prática de sua fé). ‘A crescente onda de restrições no ano mais recente estudado é atribuída a vários fatores, incluindo aumento em crimes, ações mal-intencionadas e violência motivada por ódio religioso, além de crescente interferência governamental na prática da fé’, diz o Pew”[21]

Essa “crescente interferência governamental na prática da fé” nada mais é do que a mão do Estado secular contra a fé religiosa – uma intromissão que fere o próprio significado de Estado laico, que deveria ser de não-intervenção (de ambas as partes).

Diante de tudo isso, onde está o suposto “privilégio” da religião? Não apenas não há privilégio algum, como também há uma clara parcialidade da mídia e do Estado em favor do ateísmo. É pura desonestidade intelectual afirmar que a religião tem “privilégios” em relação ao secularismo. Se a religião cristã tivesse certos privilégios em um país 90% cristão (como o Brasil e os Estados Unidos) não seria nada anormal, mas o que impressiona é que os cristãos são censurados e os ateus privilegiados em países massivamente cristãos. Isso é um golpe de morte em todo o engodo de Dawkins em cima do suposto “privilégio” da religião e ao “preconceito” contra ateus.

Eu gostaria de saber onde está o privilégio em ter 200 milhões de cristãos perseguidos no mundo[22], muitos dos quais presos em campos de concentração em países comunistas (ateus) ou islâmicos, única e exclusivamente por causa da sua fé. Milhares são torturados e obrigados a abnegar sua fé, negar Jesus ou se converter a outra religião.

O pastor Richard Wurmbrand, em seu livro “Torturado por amor a Cristo”, nos conta como ele foi preso e cruelmente torturado pelos comunistas ateus, por ser um pastor. E ele não está sozinho nessa. O ministério “Missão Portas Abertas”, que é uma ONG internacional que atua em cerca de 50 países onde existe algum tipo de proibição, condenação, execução ou ameaça à vida das pessoas por serem cristãs, nos mostra que só na Coreia do Norte já há em torno de 70 mil cristãos aprisionados em campo de concentração por causa da sua fé, praticamente sem ter o que comer e tendo que trabalhar nada a menos que 18 horas por dia[23].

A Coreia do Norte, vale a pena dizer, é um país comunista predominantemente ateu, onde cerca de dez milhões de habitantes estão desnutridos, com milhares de pessoas sobrevivendo apenas comendo grama e cascas de árvore. Essa realidade de perseguição aos cristãos não é de hoje. Desde quando os cristãos existem são perseguidos pelo Estado, que sempre fez uso da espada quando foi possível. A começar pela morte de Jesus, a história nos diz que todos os apóstolos foram martirizados, e muitos de forma cruel.

Mateus morreu na Etiópia como mártir. André foi crucificado em uma cruz em forma de xis para que o seu sofrimento se prolongasse. Filipe foi enforcado de encontro a um pilar em Hierápolis. Bartolomeu foi morto a chicotadas e seu corpo foi colocado num saco e jogado ao mar. Simão morreu crucificado junto aos zelotes em 70 d.C. Tiago foi martirizado em 62 d.C por ordem do sumo sacerdote Ananias, apedrejado até a morte por se recusar a denunciar os cristãos.

Judas Tadeu foi martirizado na Pérsia junto a Simão Zelote. Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por julgar-se indigno de morrer na mesma posição que seu Mestre. O outro Tiago foi decapitado em Jerusalém por Herodes Agripa em 44 d.C. João chegou a ser lançado em um caldeirão de azeite a ferver, antes de ser morto nas mãos dos judeus. Tomé morreu a flechadas enquanto orava, por ordem do rei de Milapura, em 53 d.C. Paulo morreu decapitado no mesmo ano que Pedro. Lucas foi enforcado em uma oliveira na Grécia. Matias foi martirizado na Etiópia.

A perseguição se aprofundou no reinado de Nero, o imperador louco que mandou colocar fogo em Roma, e que depois colocou a culpa nos cristãos, como nos conta o historiador romano da época, Tácito (55-120 d.C):

“Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judeia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, pra onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflui e acha numerosa clientela”[24]

Os cristãos eram incendiados vivos, e ali eram deixados para iluminar a cidade de Roma. Os historiadores contam que cada cristão que ia ser incendiado louvava a Deus em voz alta, e quando não suportava mais a dor (quando as chamas começavam a devorar o seu corpo) o cristão que estava ao lado continuava o louvor do mesmo ponto onde o anterior havia parado, e assim sucessivamente. Nos três séculos seguintes vários imperadores promoveram perseguições, inclusive com os espetáculos de circo, onde os cristãos eram atirados para serem devorados pelas feras. Foi assim que morreram duas grandes lideranças cristãs posteriores aos apóstolos: Inácio e Policarpo.

Pouco antes de ser devorado por feras, Inácio de Antioquia (58-107 d.C) afirmou:

“Não me interesso por nada do que é visível ou invisível, para que possa apenas conquistar Cristo. Que sobrevenham a fogueira e a cruz, que venham as feras selvagens, que venham a quebra de ossos e a dilaceração dos membros, que venha a trituração do corpo inteiro, que assim seja. Quero apenas conquistar Cristo Jesus!”[25]

Policarpo (69-155 d.C), prestes a ser lançado na fogueira em meados do segundo século d.C, e já com 86 anos, se recusou a negar Jesus e disse:

“Eu o sirvo há oitenta e seis anos, e ele não me fez nenhum mal. Como poderia blasfemar o meu rei que me salvou?”[26]

O procônsul romano responsável pela condenação de Policarpo continuava a insistir que este amaldiçoasse a Cristo para sair livre, mas ele, ao contrário, se declarou abertamente como cristão. Antes de ser queimado vivo, ele olhou aos céus e bradou no estádio:

“Senhor, eu te bendigo por me teres julgado digno deste dia e desta hora, de tomar parte entre os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo”[27]

Mesmo a perseguição imposta por Nero e pelos imperadores que o seguiram não foi nada em comparação com a instituída por Diocleciano (244-311 d.C), que não queria apenas proibir o culto cristão, mas matar todos eles. Ele prosseguiu firme em sua missão de destruir todos os exemplares da Bíblia, algo que ele pensou ter conseguido – embora houvesse pelo menos cinco mil exemplares que os cristãos fugitivos guardaram consigo e não deixaram que se perdesse na história. A perseguição implacável foi uma das páginas mais sangrentas da história antiga, culminando em milhares de mortos[28].

Os cristãos só tiveram relativa paz a partir do Édito de Milão (313 d.C), e mesmo assim por não muito tempo. A união entre o Estado e a Igreja papal tratou de perseguir muitos dos verdadeiros cristãos que não admitiam a secularização da Igreja e os abusos do poder papal medieval, e nos últimos séculos mais de 100 milhões foram assassinados sem piedade pelas revoluções socialistas que marcaram o século XX, uma vez que o socialismo é, em sua essência, um Estado ateu, que não respeita a liberdade de opinião nem de religião.

Quem se opunha a líderes revolucionários ateus como Pol Pot, Stalin, Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Lenin e Fidel Castro eram presos, torturados, mantidos em campos de concentração, assassinados ou mortos pela fome. As igrejas ortodoxas russas eram queimadas, os padres eram fuzilados no altar e o Grande Terror foi instaurado contra os cristãos, que eram trucidados na China, na União Soviética, na Coreia do Norte, no Camboja e em Cuba, a ilha paradisíaca dos comunistas.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

(Trecho extraído do meu livro: "Deus é um Delírio?")


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[2] Os números nos Estados Unidos são levemente diferentes, uma vez que eles possuem 435 representantes, enquanto nós possuímos 513 deputados. Mesmo assim, ainda permanece sendo perfeitamente cabível que um deputado que não tenha obtido nem 1% dos votos válidos seja eleito para a Câmara.
[3] Para mais informações a este respeito, sugiro a leitura do livro: “Era Marx um satanista?”, de autoria de Richard Wumbrand, que mostra nos escritos do próprio Marx que ele admitia abertamente ter “vendido a alma para o diabo”.
[4] Vale a pena lembrar o “episódio Marco Feliciano”, quando ativistas histéricos e revoltados aproveitaram sua ociosidade para invadir a Comissão de Direitos Humanos impossibilitando o prosseguimento das atividades parlamentares com gritos ofensivos ao pastor e ao seu partido, dizendo, entre outras coisas, que jamais votariam em ninguém do PSC (Partido Social Cristão).
[5] David Robertson, Cartas para Dawkins, Carta 1.
[6] The Root of all Evil é uma série tosca e terrivelmente exagerada feita por Dawkins para promover seu neo-ateísmo, onde ele entrevista os religiosos mais fanáticos para tentar passar a ideia de que todos os religiosos são fanáticos como eles e compartilham de suas visões extremistas. Retomaremos este assunto no capítulo em que trataremos sobre se a religião é essencialmente má.
[7] ibid.
[9] Quer mais uma ironia? Esta mesma secretária da Educação, Nicky Morgan, é membro do Partido Conservador, e era contra o casamento gay até o ano passado. De repente, de forma totalmente abrupta e “misteriosa”, ela decidiu agradar os liberais e neo-ateus e passou a soltar os cachorros contra os conservadores cristãos.
[12] Obviamente nós não estamos falando dos horários comprados por pastores em algumas emissoras, que é somente um negócio lucrativo para a emissora de televisão da mesma forma que seria se vendesse o horário para qualquer outra coisa (mas alguns religiosos pagam mais e levam). Eles não estão sendo benevolentes com a religião, apenas estão pensando no lucro (o que não é necessariamente errado). Mas quando a pauta é o seu próprio serviço, i.e, seus próprios programas e sua própria opinião, ela é quase sempre exclusivamente voltada contra as opiniões cristãs e favor da filosofia ateísta, razão pela qual constantemente espalha boatos contra a Bíblia que chegam a beirar o ridículo – mas que podem perfeitamente enganar um leigo desinformado que esteja sentado no sofá de sua casa.
[13] William Lane Craig, Em Guarda, p. 16.
[15] Não estou justificando a atitude dos extremistas islâmicos, pois absolutamente nada justifica o assassinato. Na pior das hipóteses, deveriam fazer o mesmo que os cristãos fazem quando se sentem ofendidos: considerar a piada um mau gosto e seguir adiante com suas vidas, ou, em casos mais extremos, levar a questão a um tribunal. O que está sendo considerado aqui não é a moralidade dos extremistas (a qual já sabemos que não existe), mas sim a provocação por parte dos editores do jornal francês, que já sabiam perfeitamente das possibilidades desta represália acontecer, e que de fato foram ofensivos em sua abordagem.
[22] Esses dados são oficiais e você pode conferir aqui: http://www.zenit.org/pt/articles/200-milhoes-de-cristaos-sao-perseguidos-no-mundo
[24] Tácito, Anais , XV, 44 trad. 1 pg. 311; 3.
[25] Inácio aos Romanos, 5:2-3.
[26] O Martírio de Policarpo, 9:3.
[27] O Martírio de Policarpo, 14:2.
[28] Para alguém que queira se aprofundar mais nos relatos e na história da perseguição aos cristãos, o livro mais recomendável é o “Livro dos Mártires”, de John Foxe, escrito em 1563. Ele descreve com detalhes todas as perseguições que sucederam aos cristãos desde Nero até a inquisição que vigorava em seus dias, e hoje é considerado um clássico da literatura protestante.

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