segunda-feira, 17 de junho de 2024

Existe uma verdade absoluta? (Luíz H.S.)

 


Mario Ferreira dos Santos, em seu livro, “Filosofia Concreta”, busca desenvolver uma filosofia que seja incontestável. Filosofia da qual ninguém possa discordar sem incorrer em absurdo. 

Para isso, necessário seria uma premissa primordial a partir da qual todo pensamento se desenvolvesse; premissa esta, no entanto, que deveria ser aceita por todos os filósofos de todas linhas possíveis. Proposição que ninguém poderia rejeitar sem ser considerado louco. A proposta desta premissa é conhecida como “ponto de Arquímedes” ou “ponto arquimediano”.
 
Arquímedes, matemático e físico grego, afirmou que, dado um ponto fixo e uma alavanca suficientemente longa, ele poderia mover o mundo. Esta metáfora reflete a busca por uma posição a partir da qual se possa obter uma compreensão total e precisa da realidade, ou seja, ponto a partir do qual possamos compreender o “mundo”.
 
Descartes propôs que este ponto irrefutável e indubitável seria a própria existência: “Cogito, ergo sim”, ou seja, “Penso, logo existo”! Para ele, a própria existência seria este ponto irrefutável. Mario Ferreira faz críticas à proposta de descartes, e apresenta uma outra proposta para o ponto Arquimediano.
 
Em debate, antes mesmo que eu apresentasse qual seria esta premissa, certo crítico da fé esbravejou: “Essa premissa não existe”! Contudo, este mesmo permaneceu em silêncio quando eu a apresentei. E a premissa é: Algo há. Alguma coisa há.
 
Podemos discordar do que é aquilo que há, mas é impossível discordar que algo há. Mesmo os filósofos que, na semelhança de Parmênides dizem que o movimento/mudança é uma ilusão, e que a realidade em si seria imutável e estática não poderiam discordar que: Mesmo que o movimento seja ilusão, algo há: Há aquilo que é imutável.
 
Mesmo filósofos que, como Platão, afirmam que a realidade como a percebemos é enganosa, e que a verdadeira realidade está, e é, no mundo das ideias, não poderiam discordar da premissa que algo há: Há o mundo das ideias.
 
Mesmo filósofos como Kant que sugerem a nossa incapacidade de perceber a realidade em seu aspecto mais fundamental, não poderiam discordar dessa premissa: Há a realidade incognoscível.
 
Mesmo filósofos que, na semelhança de Nick Bostrom, afirmam que a realidade como a percebemos é uma simulação computacional/virtual, e que estamos inseridos nela, não poderiam discordar da premissa que algo há: Há a simulação.
 
E, enfim, mesmo filósofos como George Berkeley, que afirmam que toda a realidade é criada pela vontade, é pura imaginação e ilusão, ainda assim não poderiam discordar dessa premissa: Algo há, há a vontade que cria a realidade, há a imaginação que cria a ilusão e há a ilusão que é criada pela imaginação.
 
Portanto, temos o ponto arquimediano: Algo há! Ninguém é capaz de discordar disso, e mesmo que haja indivíduos com alguma dissonância cognitiva que ousem discordar dessa premissa, a própria discordância dos tais seria contra eles, pois, no ato de discordar algo já há: Há a discordância.
 
Portanto, chegamos à conclusão: Existe verdade absoluta. Verdade que não depende da mente de qualquer agente intencional, e nem pode ser relativizada. Verdade que não se altera independente do ponto de vista, ou da não neutralidade do intérprete: Algo há!
 
O relativismo pós-moderno morre aqui:
“Algo há”!
 
Num próximo texto, demonstrei como essa verdade indubitável também torna indubitável uma outra verdade: Algo sempre houve, ou seja, algo é eterno NECESSARIAMENTE!
 
Autor: Luíz H.S.
Email: luiz.eldorados@gmail.com
Contato: 67-99928-7023

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