Mario Ferreira dos Santos, em
seu livro, “Filosofia Concreta”, busca desenvolver uma filosofia que seja
incontestável. Filosofia da qual ninguém possa discordar sem incorrer em
absurdo.
Para isso, necessário seria uma
premissa primordial a partir da qual todo pensamento se desenvolvesse; premissa
esta, no entanto, que deveria ser aceita por todos os filósofos de todas linhas
possíveis. Proposição que ninguém poderia rejeitar sem ser considerado louco. A
proposta desta premissa é conhecida como “ponto de Arquímedes” ou “ponto
arquimediano”.
Arquímedes, matemático e físico
grego, afirmou que, dado um ponto fixo e uma alavanca suficientemente longa,
ele poderia mover o mundo. Esta metáfora reflete a busca por uma posição a
partir da qual se possa obter uma compreensão total e precisa da realidade, ou
seja, ponto a partir do qual possamos compreender o “mundo”.
Descartes propôs que este ponto
irrefutável e indubitável seria a própria existência: “Cogito, ergo sim”, ou
seja, “Penso, logo existo”! Para ele, a própria existência seria este ponto
irrefutável. Mario Ferreira faz críticas à proposta de descartes, e apresenta
uma outra proposta para o ponto Arquimediano.
Em debate, antes mesmo que eu
apresentasse qual seria esta premissa, certo crítico da fé esbravejou: “Essa
premissa não existe”! Contudo, este mesmo permaneceu em silêncio quando eu a
apresentei. E a premissa é: Algo há. Alguma coisa há.
Podemos discordar do que é
aquilo que há, mas é impossível discordar que algo há. Mesmo os filósofos que,
na semelhança de Parmênides dizem que o movimento/mudança é uma ilusão, e que a
realidade em si seria imutável e estática não poderiam discordar que: Mesmo que
o movimento seja ilusão, algo há: Há aquilo que é imutável.
Mesmo filósofos que, como
Platão, afirmam que a realidade como a percebemos é enganosa, e que a
verdadeira realidade está, e é, no mundo das ideias, não poderiam discordar da
premissa que algo há: Há o mundo das ideias.
Mesmo filósofos como Kant que
sugerem a nossa incapacidade de perceber a realidade em seu aspecto mais
fundamental, não poderiam discordar dessa premissa: Há a realidade
incognoscível.
Mesmo filósofos que, na
semelhança de Nick Bostrom, afirmam que a realidade como a percebemos é uma
simulação computacional/virtual, e que estamos inseridos nela, não poderiam
discordar da premissa que algo há: Há a simulação.
E, enfim, mesmo filósofos como
George Berkeley, que afirmam que toda a realidade é criada pela vontade, é pura
imaginação e ilusão, ainda assim não poderiam discordar dessa premissa: Algo
há, há a vontade que cria a realidade, há a imaginação que cria a ilusão e há a
ilusão que é criada pela imaginação.
Portanto, temos o ponto
arquimediano: Algo há! Ninguém é capaz de discordar disso, e mesmo que haja
indivíduos com alguma dissonância cognitiva que ousem discordar dessa premissa,
a própria discordância dos tais seria contra eles, pois, no ato de discordar
algo já há: Há a discordância.
Portanto, chegamos à conclusão:
Existe verdade absoluta. Verdade que não depende da mente de qualquer agente
intencional, e nem pode ser relativizada. Verdade que não se altera
independente do ponto de vista, ou da não neutralidade do intérprete: Algo há!
O relativismo pós-moderno morre
aqui:
“Algo há”!
Num próximo texto, demonstrei
como essa verdade indubitável também torna indubitável uma outra verdade: Algo
sempre houve, ou seja, algo é eterno NECESSARIAMENTE!
Autor: Luíz H.S.
Email: luiz.eldorados@gmail.com
Contato: 67-99928-7023
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