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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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Sem dúvida, o maior debate atual
entre Cristianismo e humanismo secular é com relação ao aborto. Como já disse
no capítulo 8 deste livro, quando o assassinato é a única coisa
“boa” que você vê o seu oponente sustentar para o lado dele do debate é porque
a coisa está feia mesmo para ele. Mas os abortistas se defendem, sustentando
que o aborto não é assassinato, ou que, mesmo sendo, eles tem “boas razões”
para isso.
É claro que o ônus da prova nesta
questão está do lado deles. Os cristãos se sustentam em um firme alicerce que
diz: “não matarás”. A vida do feto deve ser preservada acima das preferências
ou gostos pessoais da gestante. Abortar é assassinar um ser indefeso, que não
fez nada para merecer a morte. O ser humano que está dentro da mãe não é uma “coisa”
qualquer, mas sim uma vida humana que merece direitos como a mãe, e o primeiro,
maior e mais básico direito que alguém tem é o direito à vida. Cabe, portanto,
analisar os argumentos dos abortistas, que acham que há razões para legalizar o
assassinato de vidas inocentes.
• O Estado é laico, então o aborto deve ser
permitido
Este é o argumento mais ridículo.
Para seus proponentes, se o Estado é laico, o aborto deve ser legalizado. Não é
preciso ser um Craig para saber que essa conclusão não segue as premissas;
aliás, que não tem premissa nenhuma. Seria o mesmo que um pedófilo dizer que
“se o Estado é laico, a pedofilia deve ser permitida”. Se o fato de os cristãos
serem contra o assassinato de bebês no útero de suas mães significa que o
aborto deve ser legalizado em um Estado laico, então a zoofilia, incesto,
pedofilia e até assassinato de adultos também
deveria ser legalizado no Estado laico, já que, na visão deformada de tais
pessoas, um Estado laico significa um Estado necessariamente anticristão, onde
a visão cristã é descartada de antemão e o contrário a ela deve ser acolhida.
Seria como dizer:
1) Cristãos são contra o assassinato de fetos.
2) Mas o Estado é laico.
3) Então o Estado tem que legalizar o aborto.
De acordo com a mesma lógica...
1) Cristãos são contra o assassinato de
adultos.
2) Mas o Estado é laico.
3) Então o Estado tem que legalizar o
assassinato.
O problema de tais pessoas é que
elas, por má intenção ou por simples ignorância, distorcem grosseiramente o
significado de “Estado laico”. Na cabeça delas, um “Estado laico” é o mesmo que
um “Estado ateu”, tipo a Coreia do Norte ou a antiga União Soviética, onde as
visões religiosas devem ser descartadas de antemão e rejeitadas a priori. Desta forma, mesmo
representando apenas 2% de total de brasileiros, os ateus querem que o Estado
seja deles e que restrinja e repudie
qualquer posição religiosa que seja.
É claro que esta visão distorcida
não tem absolutamente nada a ver com um Estado laico. Um Estado laico não é um Estado ateu, da mesma forma que
não é um Estado religioso. Em outras palavras, o Estado laico respeita
todas as visões (religiosas e não-religiosas) e não obriga ninguém a ser
católico (como nos moldes medievais), ateu (como nos moldes revolucionários) ou
de qualquer religião ou irreligião que seja. Um Estado realmente laico não vai
apoiar uma posição religiosa simplesmente por ser uma proposição religiosa, mas
da mesma forma também não vai apoiar uma posição ateísta simplesmente por ser
uma proposição ateísta.
Dizer, portanto, que em um Estado
laico as crenças cristãs devem ser suprimidas da sociedade – ainda mais em uma
sociedade composta por maioria esmagadora de cristãos – e que o Estado deve
servir somente para fundamentar as crenças dos ateus e atender a vontade destes
2% em detrimento dos outros 98% é algo simplesmente estúpido. Os neo-ateus,
lastimavelmente, pensam que estamos vivendo em uma ditadura comunista-ateísta,
mas ainda não estamos, graças a Deus.
E enquanto este ainda perdurar,
estaremos sempre lutando pelos valores cristãos, muito mais representativos na
sociedade do que os valores ateístas, os quais eles também têm todo o direito
de lutar, caso queiram.
Essa confusão acerca do Estado
laico, que só na cabeça do neo-ateu significa um Estado antirreligioso à la Dawkins, é mais comum do que
parece. E, tragicamente, são muitos os humanistas seculares que estão
distorcendo no mundo todo o sentido de laicismo para impor suas agendas
ateístas e exterminar a cultura cristã da sociedade ocidental – a ponto de
lutarem bravamente contra os crucifixos em lugares públicos, contra o “DEUS
SEJA LOUVADO” no Real, contra os feriados religiosos, contra as cidades
brasileiras com nome de santos e até mesmo – acredite – até mesmo contra o Smilingüido[1]!
Sim, uma página ateísta na
internet esbravejou contra a empresa Garoto (que nem estatal é!) quando ela
decidiu retratar o personagem cristão "Smilingüido" em uma de suas
embalagens! O argumento? O Estado é laaaaaaaaicoooooo! Eu não duvido nada que
esses mesmos ateus fanáticos que queimaram dezenas de milhares de igrejas no
século passado e que fuzilaram milhões de cristãos não obriguem, dentro de
alguns anos, a Garoto (para não dizer as igrejas cristãs) a reproduzirem
imagens de seus ídolos ateus – Lenin, Stalin e Hitler – sob o argumento de que
“o Estado é laico”!
A situação chegou a um ponto tão
calamitoso que quando as feministas invadiram nuas a catedral Notre Dame de
Paris em direção ao sino da igreja em “protesto” e dali foram retiradas pelos
guardas, quem teve que pagar a conta foi a igreja e não as fascistas! Um artigo
da BBC, ao relatar este fato, disse:
“O Tribunal Penal de Paris
condenou três vigias da catedral que haviam tentado interromper a ação das
militantes a multas que vão de 300 euros a 1 mil euros (R$ 900 a R$ 3 mil) por
violência contra as militantes. Em fevereiro do ano passado, as ativistas,
famosas por protestarem com os seios nus, haviam decidido ‘celebrar’ a renúncia
do papa Bento 16. Elas entraram incógnitas na Notre Dame, misturadas aos
turistas, arrancaram os casacos e, aos gritos de ‘papa nunca mais’, começaram a
tocar com bastões de madeira três sinos que estavam sendo exibidos
provisoriamente por ocasião das festividades dos 850 anos da célebre catedral”[2]
Vamos ver se eu entendi bem:
• Um grupo de feminazis desocupadas
decide invadir uma catedral sem ninguém ter mexido com elas antes.
• Elas, dentro do templo, tiram a
roupa, ficam nuas em público e batem no sino da igreja para chamar atenção.
• Então três vigias da catedral,
com um pouco de bom senso, decidem interromper a ação infantil das feminazis.
• E quem é punido, no fim das
contas, não são as feminazis, mas sim os guardas!
A lição que fica nessa história
toda é que qualquer pessoa pode invadir uma igreja, tirar a roupar e ficar
pelada na frente de todo mundo, e os cristãos dali têm que aceitar tudo isso
numa boa, porque se alguém tentar impedir esta coação fascista será preso!
Isso me lembra uma tirinha que ilustra
bem como os ateus entendem o “Estado laico” na prática:
Há até o caso do Texas, onde uma
prefeita homossexual aprovou uma lei que vigia as pregações dos pastores
daquele estado impedindo que eles ensinem algo que contrarie a prática
homossexual[3].
O Estado já deixou de ser “laico” há muito tempo, pelo menos desde o momento em
que eles decidiram invadir o outro lado na base da força, tornando o Estado
abertamente secular e ateu. Eles reclamam dos Estados oficialmente religiosos que
existiram no passado, mas o que eles desejam mesmo é um Estado oficialmente
ateu, à imagem e semelhança das “revoluções” do século XX. Eles não falam
contra a teocracia por razões morais, mas por inveja mesmo. Queriam ter feito algo igual para o lado deles.
Em síntese, um Estado realmente laico não é, ou pelo menos não
deveria ser, um Estado ateu, i.e, um Estado comprometido a descartar as crenças
cristãs da sociedade, ainda mais de uma sociedade majoritariamente cristã. O
Estado só deixaria de ser laico na questão do aborto se só houvesse razões religiosas para ser contra a
descriminalização da prática, o que sabemos que não é verdade. Ninguém se
resume a dizer que o aborto é errado por causa deste e daquele versículo
bíblico. Sabemos que o aborto é errado porque o assassinato é errado, e o feto é um ser humano, que, portanto, tem
direito à vida. Isso é tão óbvio que por essa razão existem muitos
não-religiosos que percebem que o aborto é errado. Há até sites ateus contrários ao aborto, como o ateuscontraoaborto.blogspot.com,
que apresenta argumentos laicos contra a legalização do aborto. Será que os
neo-ateus vão dizer que estes ateus também estão ferindo o Estado laico?
• O corpo é meu e eu faço o que eu quero com
ele
O
segundo argumento mais comum usado pelos abortistas é sumariado no lema: “Meu corpo, minhas regras”. Basicamente,
é uma forma de dizer que elas podem fazer o que quiser com o corpo delas. São
elas que mandam – está dado o recado! Há dois problemas cruciais com este
argumento, se é que pode ser chamado propriamente de “argumento”. O primeiro é
de que, a rigor, nós não temos absoluto controle sobre o que fazer com o
próprio corpo.
Maurício
Zágari nos dá alguns exemplos, dizendo:
“O argumento de que cada um é dono de seu próprio corpo
mediante a lei é relativo. Quer ver? Quebre a lei. Cometa um crime. Você verá
que quem vai decidir se seu corpo ficará trancafiado em uma cela por anos ou se
ele terá o direito de continuar andando solto por aí será um juiz ou um júri –
não você. Ou então complete 18 anos e veja se, salvo tendo você um bom
pistolão, não será obrigado a levar seu corpo todos os dias, durante um ano, a
um quartel, onde um militar qualquer vai obrigar seu corpo a fazer polichinelos
e flexões, saltar obstáculos e coisas afins. Ou seja: mesmo que não estejamos
falando em termos religiosos, a ideia de que seu corpo é propriedade exclusiva
sua não passa de uma doce ilusão”[4]
A
grande maioria das pessoas – abortistas inclusos – também concorda que é errado
andar nu por aí na rua, ou fazer sexo em local público. Isso é crime, considerado
atentado ao pudor. Por mais que o corpo seja seu, você não tem o direito de
sair com ele na rua desacompanhado de uma roupa, e se você e outra pessoa
consensualmente decidirem transar em local público também serão proibidos pela
polícia, ainda que o corpo de cada uma das duas pessoas seja delas e que ambas tenham consentido em
fazer o ato. Mas, paradoxalmente, essas mesmas pessoas que consideram errado sair com o corpo nu em local
público, consideram certo assassinar
um ser humano dentro do próprio útero.
Isso
mostra como o senso moral do nosso século está cauterizado: o direito a “fazer
o que quiser com o próprio corpo” vale
mais do que uma vida, mas vale menos do que o pudor (nudez pública). Pelo
menos até o momento, os ativistas pró-aborto não se manifestaram abertamente a
favor do sexo em local público. Eles não creem que “tem o direito de fazer o
que quiser com o próprio corpo” quando isto envolve um atentado ao pudor. Mas
quando o “direito de fazer o que quiser com o próprio corpo” envolve assassinato, o que é incomparavelmente
e indiscutivelmente mais grave, eles acham que esse “direito” prevalece! Há uma
patente inversão de valores que só poderia ser fruto de pessoas que já
cauterizaram sua própria consciência.
Em
segundo lugar, o “meu corpo, minhas
regras” ignora totalmente um fato bastante óbvio, tão óbvio que faz parecer
que tais ativistas realmente não fazem a mínima ideia do que estão falando: o feto não é o corpo dela, é o corpo de um
outro ser. Já está mais do que provado cientificamente que o feto não é uma
extensão do corpo da mulher, como uma unha ou um dedão do pé, que a mulher pode
decidir arrancar caso queira. O útero serve de berço para o desenvolvimento do
feto, que é simplesmente um outro corpo,
e desconsiderar isso é ignorar a própria anatomia.
Zágari
acrescenta:
“É extremamente fácil provar que um feto
não faz parte do corpo da mãe. Consideremos o DNA. Toda e qualquer célula do
seu corpo, amigo leitor, carrega em si o mesmo DNA, ou seja, o mesmo código
genético. Sejam células do cabelo, da bochecha, da pele, do duodeno ou do osso
do calcanhar. Agora, compare o DNA de qualquer mãe com o DNA de seu filho e
você descobrirá que são diferentes. O
que prova que geneticamente o corpo da mãe e o corpo do filho são entidades
essencialmente distintas. Vamos além: tipo sanguíneo. O meu é A negativo. O
de minha mãe não. Se o sangue de minha mãe correr dentro de minhas veias eu
entro em colapso e morro. E isso ocorre porque o sangue que percorre meu corpo
é diferente do de minha mãe, o que é
mais uma prova de que somos entidades distintas.
Pensemos agora em um assunto não muito
agradável, mas ilustrativo: amputações. Sempre que você amputa uma parte de seu
corpo, alguma funcionalidade se perde. Se decepar a mão direita, sendo você
destro, por exemplo, terá de reaprender a escrever. Se amputar uma de suas
pernas dependerá de algum prótese ou muleta para poder caminhar. Já no caso do
aborto, o corpo da mãe-hospedeira não perde nenhuma funcionalidade. Isto é, em
termos meramente funcionais, a remoção da criança não altera em nada o
funcionamento do organismo da mãe. Mais
uma prova de que trata-se de um ser humano completamente independente”[5]
E
ele conclui:
“Em resumo: abortar sob o argumento de que a mãe tem direito
sobre seu próprio corpo é uma tremenda desculpa esfarrapada para desculpar o
indesculpável. É uma justificativa capenga e sem o menor nexo religioso,
jurídico ou biológico para justificar o injustificável. Por uma única razão:
aquele corpinho que cresce lindamente dentro do corpo da mãe não faz parte do
corpo dela, apenas extrai dela o que precisa até se tornar uma criatura
autônoma. É um ser humano absolutamente à parte. Logo, a mãe não tem direito
algum de assassiná-lo sob o argumento de que tem direito sobre seu próprio
corpo”[6]
Olavo
de Carvalho também aborda isso em seu best
seller de sucesso: “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”.
Ele escreve:
“Os aborteiros procuram enganar as mulheres com lisonjas,
assegurando que tudo o que está dentro do corpo delas é delas, e que podem
fazer o que bem entendem com o que é delas. Este raciocínio subentende que o
feto é um órgão do corpo da mulher, e não um ser humano independente. Mas,
mesmo que o feto fosse um órgão, que é um órgão? É, por definição, algo que não
pode ser retirado sem dano para o corpo. Estão como alegar, em apoio do direito
de retirar o feto, o argumento de que é um órgão? Se é um órgão, retirá-lo é
mutilar o corpo.
Excluída, por absurda, a
hipótese de que o feto seja um órgão, resta saber se, mesmo sendo alguma outra
coisa, ele pertence à mulher que o carrega no ventre. A resposta é não, porque
não é feito só de óvulo, mas também de esperma. O esperma não é produzido pelo
corpo da mãe, mas pelo do pai, que apenas o deposita no corpo da mãe. A mãe não
é portanto dona do feto inteiro, mas apenas de uma parte; da outra parte, que
veio do pai, é apenas depositária – e tem tanto direito de jogar o feto no lixo quanto um banco tem
o direito de jogar no lixo o dinheiro dos nossos depósitos”[7]
David
Robertson ainda diz:
“Na Índia, mais de 500.000 fetos do sexo feminino são
abortados todo ano por serem mulheres. Naturalmente, grupos feministas estão
objetando contra essa forma de aborto seletivo. Mas por quê? Por que os
defensores do aborto querem interferir no direito de uma mulher de preferir não
ter uma menina? Afinal de contas, não é o corpo da mulher? Além do que, aos
olhos dos daqueles, não é uma menina, mas uma menina ‘potencial’. As
incongruências são irônicas”[8]
Até
mesmo Ron Paul, um dos maiores e mais proeminentes libertários do mundo
(movimento político que dá forte ênfase às liberdades individuais), ao ser
convidado para o talk show de Danilo Gentili e ser inquirido sobre a questão do
aborto, respondeu:
“Você não pode matar o feto, a criança tem direitos que devem
ser protegidos. Nunca interfira com a liberdade e nunca ofenda a vida. A morte
da criança é um ato agressivo... eu pessoalmente acredito que o feto é um ser
humano e eu não tenho nenhum direito ou autoridade sobre ele. Às vezes, se uma
moça dá à luz a uma criança e joga essa criança no lixo, ela é imediatamente
presa, e um minuto antes ela poderia ter feito um aborto, pagando dinheiro para
um médico matar o bebê? Isso é uma contradição. Para defender a liberdade, é
preciso respeitar a vida”[9]
Em
resumo, o argumento feminista ignora o fato de que ninguém possui absoluta
autonomia sobre o seu próprio corpo para “fazer o que quiser com ele”. E se nós
não possuímos autonomia para fazer “qualquer coisa”, a última coisa que poderíamos fazer seria assassinar alguém que estivesse dentro dele. Eles também ignoram o
fato do feto não ser uma extensão do corpo da mulher, mas um outro corpo. Quando um “médico”
abortista mata um bebê que está no útero da mãe, ele não está matando a mãe e
nem tirando uma parte dela, mas sim um outro
corpo, de uma outra pessoa, que
está ali como “inquilino”, apenas. Ele
está tirando uma outra vida humana – ou seja, assassinando.
Nessas
condições, assassinar uma outra pessoa somente
por estar dentro de uma “propriedade sua” é como dizer que um proprietário de
uma chácara tem o direito de assassinar qualquer pessoa que entrar em sua
propriedade particular – ainda mais quando ele próprio a convidou a entrar. Ao
conscientemente e consensualmente a mulher ter relações sexuais com alguém, ela
sabe que está implicando na
possibilidade de ter um filho, que ela o está “convidando”. Matá-lo por estar
sob a sua “propriedade” é como assassinar alguém que você convida a entrar na
sua casa, por depois não ter gostado daquela visita.
Alguns
abortistas jogam com uma analogia semelhante, numa tentativa de suavizar o
caso. Certo militante ateu pró-aborto citou como exemplo um caso hipotético
onde uma pessoa invade uma propriedade sua, e você por lei tem direito de
retirá-la da sua propriedade, caso assim queira. Essa analogia teria sentido se
não fosse por dois grandes problemas. Primeiro, porque o feto não é
simplesmente “retirado” no mesmo sentido
em que uma pessoa entra na sua casa. A pessoa que é retirada da sua casa continua viva, enquanto o feto morre. Se esta diferença capital
e totalmente determinante que opõe vida e morte não é suficiente para convencer
o ateu de que a analogia é inválida, então ele já cauterizou toda a sua
consciência moral, ao ponto de achar que viver ou morrer dá no mesmo.
Em
termos de lei, você não pode matar alguém que entre em sua
propriedade privada, a não ser que seja em legítima defesa, ou seja, se algum
bandido entrou na sua casa e, ameaçando-lhe com uma arma, coloca a sua
existência em risco. Da mesma forma, já é permitido por lei o aborto em
casos de risco de vida da mulher, mas não por qualquer motivo. Se alguém
entra na sua casa sem ameaçar-lhe de morte, você não pode matá-lo simplesmente por ele ser alguém preterido (que
você não gosta da presença), ainda que ele esteja dentro da sua propriedade.
Se você matá-lo sem que ele ofereça risco à sua vida, você vai preso. Da
mesma forma, a lei proíbe o aborto quando a vida da mulher não está posta em
risco – o mesmo que faz ao proibir que você mate alguém que não oferece risco à
sua vida, mesmo que este alguém esteja na sua
propriedade.
O
segundo grande problema com esta analogia proposta pelo abortista é que o feto,
além de ser tratado como um “bandido” qualquer – o que já mostra quão
deplorável é a moral deles, ao ponto de retratar bebês como vilões – também é
retratado como um invasor, ou seja,
alguém que entra em uma propriedade privada sem permissão. Já vimos que, mesmo
se este fosse o caso, você não teria legalidade para matá-lo a não ser que ele esteja ali para matá-lo – o que não
se aplica ao feto, exceto em raras ocasiões excepcionais onde a vida da mãe é
colocada em risco. Mesmo assim, o próprio fato do feto ser descrito como um
“invasor” já é incorreto. Toda mulher já
sabe premeditadamente que pode engravidar caso faça sexo sem preservativo,
e portanto ao decidir correr este risco ela não tem mais como dizer que o feto
é um “invasor”.
Ela
pode até não gostar de ter
engravidado, mas não pode honestamente dizer que não sabia que estava se expondo a esta possibilidade. A partir do
momento em que você decide sair sem guarda-chuvas em uma tarde que esteja
apenas chovendo leve, você não tem mais moral para reclamar caso comece a
chover forte e você fique ensopado. Você simplesmente tem que aceitar as
consequencias de sua própria irresponsabilidade, porque sabia que isso poderia
acontecer.
Da
mesma forma, a partir do momento em que uma garota decide fazer sexo
pré-matrimonial sem preservativo, ela também não pode reclamar caso engravide
“fora do tempo”. Ela já sabia que isso era perfeitamente possível. Cabe apenas
aceitar as consequencias de sua própria irresponsabilidade. O feto não é um invasor, é um convidado
– e é estúpido e ilegal matar alguém que você
mesmo chama para a sua própria casa, sob o pretexto de que “essa
propriedade é minha e eu posso fazer o que quiser com quem esteja dentro
dela”, ou, para colocar em outros termos, “minha
casa, minhas regras”.
Por
fim, cabe-se ressaltar que, excetuando os casos de estupro, quase sempre a
mulher que faz aborto fez sexo de forma irresponsável e leviana, sem medir as
consequencias. Se não fosse por isso, não teria abortado. Ninguém planeja matar alguém dentro do seu útero
– é levada a isso em consequencia de sua própria inconsequência e
promiscuidade. É uma relação premeditada com um “ficante”, é um carnaval que se
“pula”, é a irresponsabilidade de se transar sem preservativo, é todo um
conjunto que envolve imoralidade, imprudência e insensatez. E ao invés de pagar
pelos seus erros e aceitar as consequencias que vêm, elas acham certo matar a criança, que não tem nada a ver com
isso. “Assassino” é um termo leve demais para quem apóia essa aberração,
segundo a qual a vontade egoísta da
mãe tem mais valor do que a vida humana
que está dentro dela.
O
aborto é algo tão absurdo que chega a ser ridículo que, em pleno século XXI,
estejamos discutindo sobre se é certo ou errado matar bebês. Um dia olharemos
para trás e ficaremos tão horrorizados com esta fase da humanidade quanto
ficamos hoje ao lembrar o desprezo dos espartanos com os recém-nascidos[10].
• Não há como saber se o feto é um ser humano.
Então mate-o.
O terceiro argumento comumente usado pelos abortistas é que o feto
não é um ser humano, ou que não é possível saber se é humano, então pode matar
que não tem problema. Há três problemas-chave nesta linha argumentacional. O
primeiro é que todas as evidências indicam que o feto é de fato um ser humano, e não um aglomerado de células qualquer. A
vida de um novo indivíduo da espécie humana tem início na fecundação, quando já
se tem os 23 pares de cromossomos característicos da espécie humana. Cada espécie tem seu código, e a da
espécie humana já se tem desde a formação do zigoto.
O doutor Jérôme Lejeune, considerado o pai da genética moderna, que
recebeu diversos prêmios no campo da genética e foi responsável pela descoberta
da causa genética da Síndrome de Down, se pronunciou diversas vezes sobre o
início da vida humana. Para ele, “se um óvulo
fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia tornar-se um, pois
nada é acrescentado a ele”[11]. Ele também
afirmou:
“Não quero repetir o óbvio, mas na verdade, a vida
começa na fecundação. Quando os 23 cromossomos masculinos se encontram com os
23 cromossomos femininos, todos os dados genéticos que definem o novo ser
humano já estão presentes. A fecundação é o marco da vida”[12]
“Se logo no início, justamente depois da concepção,
dias antes da implantação, retirássemos uma só célula do pequeno ser
individual, ainda com aspecto de amora, poderíamos cultivá-la e examinar os
seus cromossomos. E se um estudante, olhando-a ao microscópio não pudesse
reconhecer o número, a forma e o padrão das bandas desses cromossomos, e não
pudesse dizer, sem vacilações, se procede de um chimpanzé ou de um ser humano,
seria reprovado. Aceitar o fato de que, depois da fertilização, um novo ser
humano começou a existir não é uma questão de gosto ou de opinião”[13]
O blog dos ateus contra o aborto ainda esclarece:
“A biologia comprova que a origem do indivíduo humano
se dá na concepção. Não se afirma que é o início da vida, pois esta é anterior
à concepção, mas que é o início da vida do indivíduo. O zigoto, célula formada
pela fecundação de um óvulo por um espermatozóide, já contempla todo o
patrimônio genético, que é único (exceto no caso de gêmeos univitelinos), de um
novo indivíduo da espécie. A carga genética, que essencialmente será mantida da
gestação até a sua morte, carrega a receita para a formação e o desenvolvimento
deste novo ser. Por essa razão, é absurdo reduzir semanticamente o conceito de
embrião, que surge a partir da divisão celular do zigoto, a um mero aglomerado
de células. Essencialmente, um zigoto, um embrião ou um feto representam o que
todos nós já fomos um dia, no princípio de nossa vida individual e humana”[14]
Mesmo assim, os “cientistas” abortistas pensam diferente,
insistindo em propor novas “teses”. Um artigo da Superinteressante sobre o
primeiro instante da vida mostra basicamente quatro diferentes perspectivas[15]:
(a) Visão Genética. A vida começa na fertilização, quando espermatozóide
e óvulo se encontram e combinam seus genes para formar um indivíduo com um
conjunto genético único.
(b) Visão embriológica. A vida começa na 3ª semana de gravidez, quando
é estabelecida a individualidade humana. Isso porque até 12 dias após a
fecundação o embrião ainda é capaz de se dividir e dar origem a duas ou mais
pessoas.
(c) Visão neurológica. A vida começa quando o feto apresenta
atividade cerebral igual à de uma pessoa. O problema é que essa data não é
consensual. Alguns cientistas dizem haver esses sinais cerebrais já na 8ª
semana. Outros, na 20ª.
(d) Visão ecológica. A vida começa quando o feto tem capacidade de
sobreviver fora do corpo, o que ocorre o bebê tem pulmões prontos, entre a 20ª
e a 24ª semana de gravidez.
O problema com essas outras alternativas é que, partindo pelos
outros parâmetros que não os mencionados pelo Dr. Lejeune, até seres já nascidos não poderiam ser
considerados “humanos”. Gyordano Montenegro corretamente observa:
“Se um ser humano precisa ter dois braços e duas
pernas, então muitas pessoas não são seres humanos. Se um ser humano precisa
ter um sistema neurológico perfeito, muitas pessoas não são seres humanos. Se é
preciso ser capaz de raciocinar, uma pessoa em coma, mesmo que fisiologicamente
perfeita, talvez não seja humana. Cuide o leitor, que talvez também não seja
humano”[16]
Pela “lógica” de algumas destas teorias, um anencéfalo (criança que
nasce sem cérebro) não é um ser humano. Pela “lógica” de outras destas teorias,
uma criança que nasce sem certos órgãos ou que tenha alguma grave doença mental
também não pode ser considerada “humana”. E pela “lógica” de outras destas
teorias, para ser humano é necessário possuir autodeterminação, mas se é
necessário ter autodeterminação para ser considerado humano então os
recém-nascidos não são humanos, o que justificaria o infanticídio.
Um recém-nascido também não está totalmente independente da mãe.
Dizer que a mãe pode matá-lo no útero é o mesmo que dizer que ela também tem o
direito de abandonar o bebê recém-nascido em um lixão, porque em ambos os casos
o bebê precisaria da assistência da mãe para continuar existindo. Se o fato do
bebê ser dependente da mãe justifica que a mãe escolha matá-lo em seu útero,
então não deveria haver problema em matá-lo depois de já nascido, uma vez que o
bebê, por si mesmo, ainda continua sem ter condições de sobrevivência sem a
assistência dos outros.
Todas essas teorias alternativas apresentam falhas catastróficas
que, se levadas a sério até as últimas consequencias, justificaria a
desunamização de seres humanos (como Hitler fez com os judeus) ou a práticas
abomináveis para com pessoas já nascidas. Como Olavo observa, “negar que o outro seja humano é a mais velha desculpa de
quem deseja matá-lo. A ciência nazista provava, com argumentos parecidos, que
os judeus não eram gente”[17]. É por isso que,
mesmo diante das diferentes hipóteses, a tese de que a vida começa na
fecundação permanece sendo a mais coerente e lógica.
Um artigo do mesmo site “Ateus contra o Aborto”, já mencionado
anteriormente, também desdenha a tese de que o feto não é um humano, mas
somente um “projeto” de humano. Eles escrevem:
“O anacronismo deste argumento é flagrante e remonta
ao Direito Romano, onde o feto era considerado parte das vísceras da mulher, ou
à Grécia antiga, quando só após o nascimento saberiam se o nascido era humano
ou ‘monstro’. Em pleno século XXI, com todo o avanço do conhecimento
proporcionado pelas ciências biológicas, é admirável que ainda se comparem
seres humanos em gestação a vísceras ou corpos estranhos, como furúnculos ou
tumores a serem extirpados. Lamentavelmente, também se compararam nascituros a
outros tipos de aglomerados de células humanas, como tufos de cabelo ou unhas
cortadas, que, teoricamente e por meio de ciências avançadíssimas, seriam
capazes de gerar novos seres humanos; ou ainda, a óvulos descartados na
menstruação feminina ou espermatozóides lançados na masturbação. Este argumento
é absurdo e intelectualmente desonesto. Unhas, cabelos, sangue de menstruação e
esperma, se deixados em paz, jamais se tornarão seres humanos, o contrário de
um zigoto, um embrião ou um feto”[18]
Há ainda outras duas observações que passam despercebidas pelos
abortistas. A primeira é que, mesmo se um dia ficasse provado que a vida começa
em algum momento depois da
fecundação, isso não implica, por conseguinte, que tenhamos direito legal de
abortar aquilo que virá a ser uma vida. Um outro artigo da Superinteressante,
intitulado “Em que momento o feto vira
ser humano?”, mostra este prisma ao salientar:
“Diante de tantas possibilidades, alguns pensadores
preferem abordar a questão por outro ângulo: o essencial não seria descobrir
quando a vida começa, mas determinar se
todos os estágios da existência humana devem ser igualmente valorizados.
‘Ao nascer, a criança não fala, não anda e carece de diversas características
que só vai ganhar mais tarde. Mas nem
por isso negamos a ela a mesma dignidade de um adulto’, diz Dalton Luiz de
Paula Ramos, professor titular de bioética da Unifesp. ‘Portanto, temos de
reconhecer que a vida intrauterina tem o
mesmo valor, embora faltem ao feto vários traços que ele irá adquirir depois’”[19]
Um dia eu fui uma massa orgânica sem cérebro, e agradeço à minha
mãe pela escolha que ela fez. O que eu e você somos hoje só foi possível ter
ocorrido porque este processo entre a fecundação e o nascimento não foi abortado. Se tivesse sido, nem os
próprios abortistas estariam aqui para defender o aborto! Por que celebrar o
direito de matar o que você foi um dia?
É como Geisler e Turek disseram:
“Ronald Reagan brincou certa vez: ‘Percebi que todos
aqueles que são favoráveis ao aborto realmente nasceram’. De fato, todos os
favoráveis ao aborto se tornariam imediatamente a favor da vida caso se vissem
de volta ao ventre materno. Sua reação
à possibilidade de serem mortos serviria de alerta ao fato de que o aborto é
realmente errado. Naturalmente, a maioria das pessoas, lá no fundo do coração,
sabe que uma criança não nascida é um ser humano e, portanto, sabe que o aborto
é errado. Mesmo alguns ativistas favoráveis ao aborto estão finalmente
admitindo isso”[20]
Eliel Vieira também assinala:
“Será que os defensores da prática do aborto nunca
pensaram em se colocar no lugar do abortado? Será que eles ficariam satisfeitos
com a ideia de os abortados terem sido eles, quando ainda eram fetos? Um dos
valores morais mais difundidos na sociedade é o ‘não faça com os outros o que
você não gostaria que fizessem com você’. O valor e a validade moral deste
princípio e sua relação com a questão do aborto são óbvios e não carecem de
maiores explicações. Você, que defende a legalização da prática do aborto,
gostaria de ter sido abortado e não poder, hoje, opinar sobre a questão?”[21]
Por fim, ainda que concedêssemos que não é possível saber ao certo
o momento em que a vida começa, esta indecisão ou “empate” logicamente só
poderia ser desempatado com a preservação da vida, e não da aniquilação daquilo
que pode ser uma vida. É este o ponto crucial que muitos abortistas não
percebem. Foi impressionante notar que, em um debate entre um padre e uma feminista[22]
ocorrido em 2010, o único argumento da feminista era que nós não podemos saber
quando a vida tem início, e que, por isso, não haveria problema em realizar o
aborto, já que “não se pode saber ao certo se o feto é um ser humano ou não”. É
a justificativa presente no início deste tópico: “Não há como saber se o feto é
um ser humano. Então mate-o”.
A feminista simplesmente inverteu a lógica e a jogou de pernas pro
ar. O único argumento dela era algo que, se analisado mais racionalmente,
volta-se contra ela. Olavo também escreveu sobre isso, nas seguintes
palavras:
“Mas o empate mesmo acaba por transfigurar toda a discussão: diante dele, passamos de uma
disputa ético-metafísica, insolúvel nas presentes condições da cultura
ocidental, a uma simples equação matemática cuja resolução deve, em princípio,
ser idêntica e igualmente probante para todos os seres capazes de
compreendê-la. Essa equação formula-se assim: se há 50% de probabilidades de
que o feto seja humano e 50% de que não o seja, apostar nesta última hipótese
é, literalmente, optar por um ato que tem 50% de probabilidades de ser um
homicídio. Com isso, a questão toda se esclarece mais do que poderia exigi-lo o
mais refratário dos cérebros. Não havendo certeza absoluta da inumanidade do
feto, extirpá-lo pressupõe uma decisão moral (ou imoral) tomada no escuro.
Podemos preservar a vida dessa
criatura e descobrir mais tarde que empenhamos em vão nossos altos sentimentos
éticos em defesa do que não passava, no fim das contas, de mera coisa. Mas
podemos também decidir extirpar a coisa, correndo o risco de descobrir, tarde
demais, que era um ser humano. Entre a precaução e a aposta temerária, cabe
escolher? Qual de nós, armado de um revólver, se acreditaria moralmente
autorizado a dispará-lo, se soubesse que tem 50% de chances de acertar numa
criatura inocente? Dito de outro modo: apostar na inumanidade do feto é jogar
na cara ou coroa a sobrevivência ou morte de um possível ser humano”[23]
E ele conclui:
“Chegados
a esse ponto do raciocínio, todos os argumentos pró-aborto tornaram-se
argumentos contra. Pois aí saímos do terreno do indecidível e deparamos com um
consenso mundial firmemente estabelecido: nenhuma vantagem defensável ou
indefensável, nenhum benefício real ou hipotético para terceiros pode justificar
que a vida de um ser humano seja arriscada numa aposta”[24]
Por meio de analogia
semelhante, Eliel Vieira argumenta:
“Quando temos que tomar uma decisão sobre algo que não temos
conhecimento ou certeza, prudência e cautela são duas virtudes importantes e,
em casos assim, prudência e cautela nos levam a agir de acordo com o cenário
mais crítico possível. Por exemplo: eu vou sair para a faculdade. Pode ser que
chova ou não. Eu não tenho certeza, mas levarei meu guarda-chuva assim mesmo.
Considero o cenário mais crítico, pois se não chover não me prejudiquei em
nada, mas se chover então estarei preparado para me cobrir. Agimos com este
tipo de prudência sempre que não temos certeza sobre aquilo que estamos
decidindo. Agora, aplique isto sobre a questão do aborto. Na pior das hipóteses
não sabemos se um feto tem ou não vida (eu pelo menos fui ensinado que o ser
humano tem sua fase embrionária e, portanto, isto implicaria que o embrião é
uma vida).
Se não sabemos se um embrião tem ou não vida, então aborto pode
ser algo tão moralmente neutro como arrancar um dente, como pode ser uma ação
moralmente incorreta como qualquer assassinato de um inocente. Se o embrião tem
vida, a interrupção desta vida é um assassinato, tanto quanto a interrupção de
uma vida de uma criança ou um adulto, por ação efetiva de outra pessoa, é. Se
aborto pode ser um assassinato (veja que eu não disse que é), então, penso, a
prudência deve impedir que pratiquemos tal ato, até que tenhamos conhecimento
suficiente para decidir sobre tal prática, levando em consideração sua validade
moral”[25]
Geisler e Turek também
discorrem brevemente sobre este “empate”, dizendo:
“Mesmo
que houvesse dúvidas quanto ao momento em que a vida se inicia, o benefício da
dúvida deveria ser concedido à proteção da vida – pessoas racionais não atiram
com uma arma a não ser que estejam absolutamente
certas de que não vão matar um ser humano inocente”[26]
Ray Comfort, em seu
documentário sobre o tema, abordou a questão com uma analogia semelhante:
“Eu
trabalho em construções, e vejo um prédio e lhe digo: ‘Eu vou implodir esse
prédio em um minuto. Há uma possibilidade de haver alguém lá dentro. Eu não
tenho certeza se há vida lá, mas irei implodi-lo assim mesmo’. O que você me
diria?”[27]
Está claro, para
qualquer pessoa dotada de um mínimo de racionalidade, humanidade e bom senso,
que o “empate” e a “dúvida” jogam neste caso a nosso favor, e não a favor
deles. Ao invés de ser: “Não há como saber se o
feto é um ser humano. Então mate-o”; o correto deveria ser: “Todas as evidências indicam que o feto é realmente um
ser humano, mas, ainda que isso fosse uma grande interrogação, eu não
arriscaria matar”.
• Milhares e milhares de mulheres morrem em
abortos clandestinos.
Este outro argumento, por sua
vez, tem como pretensão dizer que o aborto “não é uma questão de moral, mas sim
de saúde pública” (este raciocínio em si mesmo já é uma falácia, porque seus
defensores acreditam que uma saúde pública de qualidade é algo moralmente correto!). Então seus
proponentes inventam dados tirados do raio que o parta e alardeiam para todos
os cantos que “milhares e milhares de mulheres morrem em clínicas de aborto
clandestinas”.
Estes “milhares e milhares” são,
obviamente, dados tirados de ONG’s que já estão ligadas ao movimento feminista
e que são motivadas por razões políticas. Os dados sérios refutam todo esse
exagero de óbitos, acrescentados propositalmente para chocar mais e chamar mais
atenção. Ficou muito conhecido nas eleições passadas o discurso de certa
candidata comunista de extrema-esquerda favorável ao aborto, que repetia, vez
após vez, o jargão de que “a cada dois dias morre
uma mulher por aborto clandestino”[28].
O padre Paulo Ricardo responde:
“É
falso. Segundo dados do próprio SUS – os quais podem ser acessados por qualquer
indivíduo que tenha acesso à internet –, o número de mortes anuais por aborto
ilegal no Brasil não chega a cinquenta. No ano de 2012, foram registradas 69
mortes por aborto: 13 foram espontâneos, 11 para a classificação ‘outros tipos
de aborto’, 40 por razões ‘não especificadas’ e apenas 5 por falhas durante o
procedimento”[29]
Qualquer um pode entrar neste
site do Ministério da Saúde[30]
e constatar que o número de óbitos de mulheres em função do “aborto ilegal” é
infinitamente inferior aos dados alardeados pelos militantes do aborto, que
tentam sempre transmitir falsamente a ideia de que o Brasil vive um verdadeiro
genocídio de mulheres em função do aborto não ser legalizado. Na verdade, a
ideia que passa é que eles realmente torcem
para que haja mesmo muitas mulheres morrendo, para poderem usar isso como
“argumento” a favor de mais mortes através de um “aborto legal”.
Paulo Ricardo afirma que o
médico abortista Bernard Nathanson, que na década de 70 ficou conhecido como o
“rei do aborto” – ele fez nada a menos que cinco mil abortos –, “ficou horrorizado ao perceber, por meio do ultrassom, o
que ocorria com o feto durante a operação. A sua descoberta resultou no famoso
documentário ‘O grito silencioso’. Anos mais tarde, ele revelaria a farsa a
respeito dos números de abortos clandestinos nos Estados Unidos”[31].
O testemunho de Nathanson é
chocante e, ao mesmo tempo, bastante esclarecedor:
“É
uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que na América se praticavam um
milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam de
cem mil, mas esse número não nos servia e multiplicamos por dez para chamar a
atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes maternas por aborto
clandestino se aproximavam de dez mil, quando sabíamos que eram apenas duzentas,
mas esse número era muito pequeno para a propaganda. Esta tática do engano e da
grande mentira, caso se repita constantemente, acaba sendo aceita como verdade”[32]
Olavo de Carvalho já escrevia há
muito tempo sobre essas falcatruas:
“Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua
vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres
supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as
virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para
milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em
180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro:
se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como
não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental
traz a outra embutida”[33]
Mesmo sabendo desta enorme
manipulação e distorção proposital de dados, vamos trabalhar dentro desta linha
argumentacional que eles propõem, segundo a qual o aborto deve ser legalizado porque
assim só o feto morre, de outra forma morrerão o feto e a mãe (em abortos
clandestinos). Então, por essa mesma “lógica”, é melhor legalizar de uma vez,
porque assim morre um ao invés de morrer dois.
Há vários problemas com este
argumento. Em primeiro lugar, porque não se pode provar que, efetivamente, o
número de mortes irá diminuir caso o aborto seja legalizado. As evidências
concretas refutam isso. Paulo Ricardo aponta que “a
Rússia, onde o aborto é legalizado desde a era soviética, viu-se obrigada a
impor limites à sua atual legislação, dada a quantidade absurda de abortamentos
realizados no país: o número de abortos é maior que o de nascimentos”[34].
O que as evidências indicam é
precisamente o contrário daquilo que as feministas alardeiam. A proibição ao
aborto legal evita que muitas mães pensem em abortar o filho, considerando
tanto a vida do filho quanto a sua própria. A proibição pública ao aborto serve
como forma de conscientização de que esta prática é declaradamente errada, leva às mães a uma autoreflexão
e evita que muitas delas venham buscar medidas desesperadas, como as clínicas
clandestinas de aborto.
O aborto legalizado, por outro
lado, é uma carta aberta do governo com um recado muito simples: matar é
permitido. Isso, além de ser um enorme desserviço do governo e uma patente
anticonscientização da sociedade, é um convite às mães matarem seus filhos em
seu útero, tratando o aborto como um método anticonceptivo. No aborto ilegal,
as mães pensam duas vezes antes de cometer assassinato. No “aborto legal”,
qualquer mãe pode abortar com a mesma facilidade e naturalidade com a qual vai
ao médico fazer uma consulta qualquer. Este convite aberto ao assassinato gera
muito mais mortes do que a sua proibição. Isso é fato.
Em segundo lugar, ainda que o
número de mortes fosse menor com o aborto legalizado, isso não significa que devamos
considerar algo moralmente repugnante – um assassinato de alguém inocente –
como se fosse algo “legal”. Pense na seguinte situação: um sequestrador coloca
uma arma na cabeça de um inocente, e propõe o seguinte aos policiais:
– Vocês têm duas opções: ou
permitem que eu mate ele e depois fuja, e assim só uma pessoa morre, ou então
eu o matarei do mesmo jeito e me matarei depois, e assim duas pessoas morrem!
Eu tenho certeza que os
policiais não escolheriam a primeira opção e a descartariam de antemão,
ainda que não sejam “favoráveis” à segunda. Eles iriam fazer alguma coisa para
negociar com o sequestrador, convencendo-lhe que é melhor não matar nem o refém
nem a si próprio, mas mesmo se falhassem na negociação eles nunca iriam aceitar
a primeira opção. Estamos em uma situação parecida aqui: uma mãe disposta a
matar seu próprio filho, correndo o risco de se matar caso não possa fazer
isso, e o Estado na condição de acatar ou não acatar a escolha da mãe.
Eliel Vieira coloca essa
situação com uma analogia diferente, mas também elucidativa:
“Certamente
o aborto é também uma questão de saúde pública, sim, mas isto por si só não diz
se o aborto é uma ação moralmente correta ou não. Certamente o aumento
assustador de dependentes de crack hoje é uma questão de saúde pública (e
também de segurança pública), mas isto por si só não justifica o Estado a
legalizar e distribuir drogas gratuitamente sob a alegação de que ‘quem vem de
família rica, compra a droga com dinheiro da mesada, e quem não tem precisa
traficar e roubar para conseguir a droga’. Ou, já que falamos sobre validade
moral de uma ação, pense então no caso dos necrófilos. Quem tem dinheiro consegue
extraviar corpos do IML para deleite sexual pessoal, quem não tem precisa
roubar túmulos e correr o risco de ser preso. Deveria o Estado então legalizar
a prática da necrofilia e distribuir corpos para que queira praticar sexo com
cadáveres?”[35]
Tente não ver um paralelo entre
a “sugestão” da legalização do aborto por causa das mortes de mães em clínicas
clandestinas com esta notícia que saiu no G1:
“No
começo do mês de junho, a Academia Americana de Pediatria (AAP) dos EUA emitiu
uma declaração indicando que talvez fosse melhor que os médicos fossem
autorizados a realizar uma forma leve de circuncisão feminina nas clínicas
americanas do que deixar as famílias enviarem as filhas para os países de
origem que realizam o procedimento de maneira rudimentar e sem segurança. O
texto gerou polêmica e muitas críticas de organizações de direitos humanos – a
mutilação genital feminina é proibida por lei nos EUA – e foi retirado pela
AAP”[36]
Perceba que as mesmas
organizações que dizem que o aborto deve ser legalizado para que mulheres não
morram em clínicas clandestinas são as que, paradoxalmente, são contra a legalização da circuncisão
feminina para que mulheres não morram em clínicas clandestinas! No fundo, todo
mundo sabe que legalizar não é a solução – nem para um caso, nem para o outro.
A solução para o problema dos
abortos clandestinos passa longe da legalização de um crime bárbaro como o
assassinato de bebês no útero das mães. Legalizar o assassinato só irá gerar
mais assassinato. A solução não é mais morte: é mais conscientização, é mais
informação, é mais prevenção, é mais educação. Qualquer coisa que não seja
compactuar com a matança indiscriminada e monstruosa de vidas inocentes, que
sequer tem a chance de se defender desta crueldade.
Fazendo uma conexão com o tópico
anterior, se a humanidade seguisse os padrões cristãos a respeito do sexo e da
moralidade, nada disso teria acontecido. Mas os que se lançam na cruzada de
destruição da cultura cristã são os mesmos que depois aparecem propondo o
assassinato como “solução” dos problemas. Ao invés de apelar à moral cristã,
eles apelam ao assassinato explícito. Isso é o neo-ateísmo.
• Se o bebê não for abortado, ele vai ter uma
vida ruim
Este é o argumento mais tosco de
todos, tão tosco que eu inicialmente nem o tinha acrescentado à lista de
argumentos a serem refutados, mas decidi incluí-lo após tomar conhecimento do
tanto de pessoas que insistem neste argumento infantil. Basicamente, o que
essas pessoas dizem é que o feto deve ser abortado porque, caso ele viva, ele
vai ter uma vida muito ruim, porque poderá ser abandonado pela mãe e virar um
mendigo ou alguém muito pobre. Este argumento ignora todo o senso lógico e
racional. Em primeiro lugar, porque não
há mal maior do que a própria morte. O Dr. Lejeune corretamente afirmou:
“Penso pessoalmente que diante
de um feto que corre um risco, não há outra solução senão deixá-lo correr esse
risco. Porque, se se mata, transforma-se o risco de 50% em 100% e não se poderá
salvar em caso nenhum. Um feto é um paciente, e a medicina é feita para curar…
Toda a discussão técnica, moral ou jurídica é supérflua: é preciso simplesmente
escolher entre a medicina que cura e a medicina que mata”[37]
Se a morte é o pior de todos os
males (uma vez que a preservação da existência é o maior de todos os instintos
humanos), então não há qualquer justificativa racional para matar pessoas –
ainda mais quando estas pessoas não pedem
para serem mortas.
Em segundo lugar, há milhares e
milhares de famílias esperando na fila para poder adotar um filho, e é leviano
e monstruoso que alguém sugira que matar é
melhor do que colocar para a adoção.
Em terceiro lugar, é completamente falsa a afirmação de que todos os que seriam abortados se
tornariam pessoas “miseráveis” ou que teriam uma “vida ruim” no futuro. Se
alguém tinha de tudo para ter uma “vida ruim”, este alguém era Nick Vujicic,
que nasceu sem braços e pernas, mas hoje viaja o mundo todo dando palestras
motivacionais, é casado e tem um filho. Pergunte a ele se ele gostaria de ter
sido abortado quando ainda estava na barriga da mãe!
Quer outro exemplo de uma pessoa
que teria de tudo para ser um “fracasso”? Um dos maiores cientistas do mundo de
hoje – e exaltado pelos ateus, por ser um agnóstico – chamado Stephen Hawking. Ele
é portador de esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença degenerativa que
paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais,
sendo uma doença que ainda não possui cura. Isso não o impediu de ser um dos
mais consagrados cientistas da atualidade, de deter o posto que um dia foi
ocupado por Isaac Newton na Universidade de Cambridge, de ter três filhos e um
neto.
Há outra pessoa que dá testemunho
de que quase foi abortado, e que, graças a Deus, viveu para se tornar um dos
maiores humoristas de todos os tempos, um verdadeiro gênio e mito do humor, que
continua fazendo sucesso mesmo depois de quarenta anos desde a sua gravação:
Chaves (Roberto Gómez Bolaños). Ele testemunhou: “Olá, eu sou seu amigo, Chaves.
Quando eu estava no ventre da minha mãe, ela sofreu um acidente que a deixou à
beira da morte. O médico lhe disse: ‘Terás que abortar’, e ela respondeu:
‘Abortar? Eu? Jamais!’. Ou seja: defendeu a vida... a minha vida. E, graças a ela, estou aqui”[38].
Pergunte a essas pessoas – e a tantas outras que
poderiam ter sido abortadas – se elas gostariam de ter morrido ainda no útero
da mãe. Elas são eternamente agradecidas por alguém um dia ter lhes dado a
chance de existir, e de poder desfrutar da maravilha chamada vida. Eles são
gratos por poderem um dia ter feito parte da História, e de terem dado a sua
contribuição a ela. Este é um apelo que eu também faço: dêem uma chance. Não tirem deles a oportunidade de participar
daquilo que você participa: a vida. Os pró-vida dão oportunidade, oportunidade esta que é excluída de antemão por
aqueles cuja única opção que dão é a morte.
Por fim, para demonstrar o quão estúpida e
irracional é a tese de que essas pessoas deveriam ser mortas no útero de suas
mães para que não tivessem uma vida ruim no futuro, Gyordano Montenegro
contesta:
“Devemos matar mendigos porque
o Estado não é capaz de cuidar deles? Uma situação qualquer legitima o furto?
Um crime não deixa de ser crime porque queremos evitar outro crime. Se o feto é
um ser humano, por qual motivo defenderemos sua morte?”[39]
Em outras palavras, se é racional tirar a
vida do bebê enquanto dentro do útero da mãe porque ele pode vir a ter uma “vida
ruim” no futuro, por que não tirar a vida daqueles que já tem efetivamente uma
“vida ruim” hoje? Se essa “lógica” fosse levada a sério, ela justificaria até
mesmo o infanticídio, para não falar dos genocídios a sangue frio. Por isso, ao
invés de matá-los pensando na possibilidade
de terem uma “vida ruim” no futuro, dêem-lhes uma oportunidade de viver,
retribuindo, mesmo que por gratidão, o favor que lhe foi um dia concedido por
sua mãe, para que você mesmo pudesse nascer. Apenas monstros podem dizer que matar é um direito, mas que nascer não
é.
• A proibição ao aborto é uma lei opressora às
mulheres
Este é o argumento preferido do comunista, aquele cara que vê
opressão em tudo: nos ricos “burgueses”, no “capital financeiro”, nos bancos e nos
banqueiros, nos judeus sionistas, nos norte-americanos “imperialistas”, nos
cristãos “fundamentalistas” e, é claro, nos homens como um todo, que querem
“oprimir” as pobres mulheres por meio de leis que visam... salvar mulheres.
Sim, porque 50% dos fetos abortados – mortos no útero das mães – são do sexo
feminino, o que significa dizer que o aborto é uma das maiores máquinas de
opressão ao gênero feminino que pode ser concebida, já que não há pior opressão
do que a própria morte.
Esta é uma forma certeira de virar a mesa quando algum
oponente abortista usa o “argumento da opressão” contra você, dizendo que a
vida das mulheres que querem abortar seria melhor se elas de fato abortassem do
que se elas tivessem que criar um filho. Basta citar que metade destes fetos
brutalmente assassinados seriam mulheres, mostrando quem realmente “oprime” a
mulher – se é o que defende a vida de milhões delas ou se é quem luta pelo
direito de matar mulheres inocentes. Para eles, o “direito de matar” está acima
do “direito de viver”. Podem-se matar milhões e milhões de bebês do sexo
feminino no útero de suas mães, contanto que a vontade assassina da mãe seja satisfeita.
Que bela forma de “defender” as mulheres!
• O feto não sente dor quando morre
Chegamos ao fim de todos os argumentos
fracassados, para chegar àquele que é o único proposto por Richard Dawkins a
favor do aborto: a dor. É interessante notar que, embora Dawkins seja um
abortista (como todo neo-ateu), ele evitou corajosamente entrar em qualquer um
dos famosos argumentos ultrapassados (os já rebatidos anteriormente). Isso
seria de se estranhar, se não fosse pelo fato de ele ser biólogo, o que lhe fez recuar ao ponto de não citar em seu favor nenhum
dos argumentos populares que ele sabe que
são errados e que lhe faria passar vergonha por sustentá-los: entre eles o de
que o feto é uma extensão do corpo da mulher, ou de que não é um ser humano, ou
o “argumento da vida ruim”, ou o “argumento da opressão”. Ele dribla todos
estes argumentos populares e facilmente refutáveis para por fim apelar a um que
é bem pouco popular: o de que o feto não sente dor, então não há problema em
matá-lo.
Ele declara:
“Não há nenhuma razão
para achar que os embriões humanos de qualquer idade sofram mais que embriões
de boi ou de ovelha no mesmo estágio de desenvolvimento”[40]
Mas se o problema é somente a questão
da dor, ele já deveria saber que há milhares de formas de se matar um adulto sem que ele sofra. Formas
não-dolorosas de morte é o que não falta. Uma das formas de suicídio existentes
é quando a pessoa usa “algum sonífero ou sedativo
numa máscara totalmente fechada que não permita a respiração e em seguida pô-la
no rosto. Pronto, pois aqui o suicida desmaia rapidamente por causa do sonífero
e morre em seguida por asfixia, pois a máscara não permite a respiração. Não há
sofrimento ou dor e, quando morrer, você estará inconsciente”[41].
Se a tese de Dawkins está certa e se
fosse moralmente justificável matar seres humanos desde que eles não sofram ao
morrer, então não haveria nenhum grande problema em assassinar pessoas assim – sejam
crianças, adultos ou idosos. Mas nós sabemos que esta e outras formas
não-dolorosas de assassinato continuam sendo tão desumanas e criminosas quanto
as demais formas de morte, porque o problema primordial não está na dor que se
sente, mas precisamente no fato de se estar matando um ser humano inocente –
que é precisamente o que ocorre no aborto.
Dawkins tenta contornar isso dizendo:
“Paul Hill e Michael
Bray não viam diferença moral entre matar um embrião e matar um médico, com
exceção do fato de que, para eles, o embrião era um ‘bebê’ inocente. O consequencialista
vê toda a diferença do mundo. Um embrião de pouco tempo tem a sensibilidade,
assim como a aparência, de um girino. Um médico é um ser adulto consciente, com
esperanças, amores, aspirações, medos, um estoque maciço de conhecimento
humano, capacidade para emoções profundas, muito provavelmente uma viúva
desolada e filhos órfãos, talvez pais idosos loucos por ele”[42]
Aqui vemos o problema moral e a
verdadeira encruzilhada em que Dawkins se depara: ele evita ao máximo afirmar
que o feto não é um ser humano porque ele sabe
que afirmar isso seria biologicamente falso, mas, ao mesmo tempo, tenta
depreciar e menosprezar o feto de tal forma que faz com que os leitores tenham
a mesma ideia brutal de que o feto não passa mesmo de um pedaço de carne, de
uma parte do corpo da mãe, que pode extirpá-lo à vontade, como bem entender. Neo-ateus
como Dawkins não dão valor algum à vida. Esta é uma triste realidade.
Essa banalidade para com a vida numa
mentalidade neo-ateísta ficou ainda mais patente quando Dawkins decidiu se
manifestar sobre o aborto de crianças com Síndrome de Down:
“Aborte isso e tente de
novo. Seria imoral trazer isso ao mundo se você tivesse escolha”[43]
Dawkins chama os bebês que sofrem de
Síndrome de Down de “isso”, ao invés de “ele” ou “ela” – o que só reforça que
ele as vê como uma “coisa” insignificante qualquer, mas não como um ser humano.
Esta visão extremamente preconceituosa para com os deficientes é somente o
resultado da desvalorização da vida intra-uterina, uma consequencia lógica do
neo-ateísmo. O problema não é a Síndrome de Down, mas a Síndrome de “Downkins”,
que é o preconceito ao diferente, a desvalorização da vida e a inexistência de
padrões morais – o que sempre resultou em seres humanos deploráveis.
Há ainda outros dois problemas com
esse pensamento. O primeiro é que tudo o que Dawkins faz menção em relação às
pessoas adultas – consciência, esperança, amor, aspiração, medos, família, etc
– só foi possível porque um dia a mãe
escolheu a vida e não a morte para o feto. Dawkins se mete em um argumento
circular, onde apela a uma vivência madura que só seria possível se não
houvesse o aborto, o que invalida o seu próprio argumento que é em favor do aborto!
Isso seria o mesmo que afirmar, por
exemplo, que a graduação é sem valor já que o mestrado é mais importante, sendo
que sem graduação não existiria mestrado, e portanto é necessário que se passe pela graduação para se chegar ao mestrado.
Se o feto é abortado, não há vida adulta para ele, e não faz sentido nenhum
falar da “superioridade” da vida adulta sobre a vida no útero. É necessário
lutar pela preservação da vida no útero como um pressuposto básico para que se
defenda a vida fora dele. É como certo telespectador disse a uma debatedora
abortista: “Seus pontos de vista são interessantes,
mas só podem ser feitos hoje porque a senhora teve direito à vida”[44].
O segundo problema crucial com este
pensamento de Dawkins é que ele justificaria as formas mais cruéis de
infanticídio que o homem conhece, porque tudo aquilo que ele falou sobre o bebê
que está ainda na barriga da mãe também
se aplica ao momento em que ele já está fora dela. O recém-nascido, com
alguns dias de vida, também não é um ser com “esperanças,
amores, aspirações, medos, com um estoque maciço de conhecimento humano,
capacidade para emoções profundas e muito provavelmente uma viúva desolada com
filhos órfãos”.
Ao contrário: na perspectiva do bebê,
nada mudou no primeiro minuto em que ele nasceu em relação a um minuto antes,
enquanto ele ainda estava na barriga da mãe, exceto por uma mudança de ambiente
que o deixa atordoado em um primeiro instante, até se acostumar à nova casa.
Essencialmente, no entanto, ele não deixou de ser o que já era antes. Este ser
com “aparência de um girino” que Dawkins descreve não passa a ter
instantaneamente as características do adulto com o qual ele contrasta.
Na verdade, a única coisa que este
argumento de Dawkins nos levaria a defender, caso o levássemos a sério, seria à
prática do infanticídio, i.e, de
matar bebês já nascidos. Não há absolutamente nada na argumentação de Dawkins
que nos mostre uma boa razão pela qual seja errado matar o bebê no útero da
mãe, mas não fora dele. Todos os seus argumentos pró-aborto são também
argumentos pró-infanticídio. Algo me diz que a intenção era essa mesmo.
• Infanticídio
No mundo antigo, o infanticídio era tratado
com naturalidade. É difícil encontrar um povo antigo que não praticasse o
sacrifício de crianças aos deuses, excetuando Israel. Arqueólogos tem
constantemente encontrado cemitérios inteiros de bebês sacrificados aos ídolos,
o que foi uma das razões para a eliminação dos cananeus, que praticavam o
sacrifício de crianças com vigor. Na Grécia antiga, o infanticídio era
desenfreado. Muitas meninas eram abandonadas pelos pais, porque as mulheres
eram desvalorizadas. Os espartanos costumavam pegar seu sexto filho e o
deixavam nas colinas, para achá-lo morto na manhã seguinte, em pleno inverno.
Os bebês fracos e doentes também sofriam com
o infanticídio praticado por aqueles que não davam valor à vida. Os bebês eram
abandonados nas montanhas para morrer pela fome ou pelos animais. Em Roma, não
havia crime previsto para um pai que matasse seu filho recém-nascido, embora o
assassinato de adultos fosse punível pela lei romana. A criança era vista como
propriedade dos pais, como se fossem escravos. Foi o Cristianismo que começou a
mudar todo este paradigma. Foi Jesus, o mesmo que por pouco não foi morto por
Herodes quando criança, que disse:
“Deixem vir a mim as crianças e
não as impeçam, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mateus 19:14)
No início do capítulo 18 de Mateus podemos
ver o valor que Jesus dava às crianças:
“Naquele momento os discípulos
chegaram a Jesus e perguntaram: ‘Quem é o maior no Reino dos céus?’ Chamando
uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: ‘Eu lhes asseguro que, a não ser
que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos
céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino
dos céus’. ‘Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo. Mas
se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe
seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do
mar’” (Mateus
18:1-6)
Isso pode parecer normal para o nosso contexto, mas era revolucionário para
aquele contexto – tanto é que eram os
próprios discípulos que queriam
afastar as crianças de Jesus (Mt.19:13)! Jesus revolucionou a visão
predominante até então, onde os infantes eram tratados com crueldade e desumanidade.
Por causa de Jesus, os cristãos passaram a dar valor à vida humana desde a sua
concepção. E quanto mais o Cristianismo foi crescendo e moldando o mundo, mais
mudanças e progressos morais foram acontecendo. O Pr. James Kennedy
corretamente observou:
“Na antiga Roma, muitos
recém-nascidos foram adotados pelos cristãos e preservados por causa da sua fé
em Cristo. O aborto desapareceu na igreja primitiva, assim como o infanticídio
e o abandono de bebês. Houve mesmo um apelo para que as crianças rejeitadas
fossem trazidas à igreja. Foram fundados orfanatos e lares para acolher estas
crianças. Tais práticas, embasadas numa visão valorativa em favor da vida,
influenciaram a civilização ocidental no desenvolvimento de uma ética da vida
humana que permanece até hoje”[45]
O que o Cristianismo levou séculos para
erradicar, o fundamentalismo ateu de Dawkins e demais neo-ateus de nosso século
está lutando para trazer de volta. Dawkins não defende o infanticídio de forma
explícita em seu livro (embora ele só tenha levantado argumentos pró-aborto que
também servem na defesa do infanticídio), mas ele o faz em um documentário que
contou com a presença do “ilustre” “filósofo” Peter Singer (também ateu,
diga-se de passagem). Para ele, é moralmente aceitável não só o aborto, mas
também o sacrifício de bebês que nasçam debilitados. Singer escreve
assustadoramente:
“O fato de ser um humano não
significa que seja errado tirar sua vida”[46]
E também:
“Matar um recém-nascido não é,
sob hipótese alguma, equivalente a matar um adulto – que quer conscientemente
continuar vivendo”[47]
Um artigo da Superinteressante, citando
Singer, comenta:
“’Há animais cujas vidas, por
quaisquer critérios, são mais valiosos que as vidas de alguns seres humanos. Um
chimpanzé ou um porco tem um grau mais alto de autoconsciência e uma maior
capacidade de relações significativas do que uma criança com uma doença mental
séria’, diz Singer. Ou seja: quem admite cortar um macaco em nome da ciência
teria que admitir também cortar uma criança com paralisia cerebral, por
exemplo”[48]
Imagine um pastor ou deputado evangélico
dizendo que não é errado assassinar recém-nascidos sob o pretexto de que eles
não “pedem conscientemente” para continuar vivendo. Imagine um pastor ou
deputado evangélico dizendo em rede nacional que matou um bebê deficiente porque
este bebê não “quis” continuar vivendo. Imagine esse mesmo pastor ou deputado
religioso dizendo que um porco tem mais valor do que uma criança deficiente. Não
precisaria de mais do que uma ou duas horas para que este religioso fosse
linchado publicamente, para que a mídia inteira não falasse de outra coisa
durante meses, para que todos os evangélicos fossem comparados ao tal pastor e,
é claro, para que no fim das contas todo o mal recaísse sobre a religião, essa
coisa malvada das trevas. Mas como é um
filósofo ateu que disse isso, não tem problema. Todos fazem vista
grossa ao amiguinho de Dawkins.
O pior é que Singer não é uma exceção. Singer
é somente mais um militante neo-ateísta que faz parte de uma geração de
defensores do infanticídio que só tende a crescer com o tempo. O próprio Richard Dawkins é um defensor
público do infanticídio. Ao invés de ele repudiar Singer por suas
declarações desprezíveis sobre o assassinato de bebês, o que ele fez foi
convidá-lo para o seu próprio documentário na televisão, onde concordou
com Singer sobre o infanticídio! As declarações de Dawkins são tão chocantes e
desumanas quanto as de Singer, seu grande amigo. Dawkins declarou:
“Até que o bebê tenha um ou
dois anos, assim que ele tiver uma enfermidade horrível e incurável, que traga
alguma agonia em sua vida futura, deveríamos cometer infanticídio? Moralmente
não encontro nenhuma objeção para este ato. Eu favoreceria o infanticídio”[49]
É de se espantar que aquela mesma mentalidade
retrógrada e facínora presente no mundo antigo, em que era “certo” matar ou
abandonar os bebês “fracos” ou doentes, seja retomada em pleno século XXI,
desta vez sob a máscara de um discurso “intelectual”. É igualmente chocante
observar que a mídia inteira se cala quando o maior ateu do mundo se pronuncia
a favor do assassinato de bebês “fracos”, preferindo em lugar disso atacar
aqueles que lutam pela vida. O ateísmo não nos leva a lugar nenhum que não seja
a um tratamento frio e cruel para com a vida humana, que é entendida da forma
mais insensível e desumana possível, que serve de justificativa para as
práticas mais abomináveis que pensávamos que o mundo já havia superado.
Singer e Dawkins também não são dois pontos
fora da curva do neo-ateísmo. O Dr. Kermit Gosnell, dono de uma clínica de
aborto legal nos Estados Unidos,
chegou a assassinar sete crianças recém nascidas, após tentativas frustradas de
aborto. As crianças nascidas vivas tinham o pescoço perfurado pelo médico.
Testemunhas afirmam que o número real de crianças assassinadas chega à casa das
centenas[50].
A apologia ao infanticídio também já é realidade nos meios universitários.
Reinaldo Azevedo escreveu sobre a monstruosa história de Francesa Minerva e
Alberto Giublini, que defendem explicitamente o genocídio infantil:
“Os
neonazistas da ‘bioética’ já não se contentam em defender o aborto; agora
também querem a legalização do infanticídio! Eu juro! E ainda atacam os seus
críticos, acusando-os de ‘fanáticos’. Vamos ver. Os acadêmicos Alberto Giublini
e Francesca Minerva publicaram um artigo no, ATENÇÃO!, Journal of Medical Ethics intitulado ‘After-birth abortion: why should the baby live?’, literalmente: ‘Aborto
pós-nascimento: por que o bebê deveria viver?’. No texto, a dupla sustenta algo
que, em parte, vejam bem!, faz sentido: não há grande diferença entre o
recém-nascido e o feto. Alguém poderia afirmar: ‘Mas é o que também
sustentamos, nós, que somos contrários à legalização do aborto’. Calma! Minerva
e Giublini acham que é lícito e moralmente correto matar tanto fetos como
recém-nascidos. Acreditam que a decisão sobre se a criança deve ou não ser
morta cabe aos pais e até, pasmem!, aos médicos.
Para esses
dois grandes humanistas, notem bem!, as
mesmas circunstâncias que justificam o aborto justificam o infanticídio,
cujo nome eles recusam – daí o ‘aborto pós-nascimento’. Para eles, ‘nem os
fetos nem os recém-nascidos podem ser considerados pessoas no sentido de que
têm um direito moral à vida’. Não abrem exceção: o ‘aborto pós-nacimento’
deveria ser permitido em qualquer caso, citando explicitamente as crianças com
deficiência. Mas não têm preconceito: quando o ‘recém nascido tem potencial
para uma vida saudável, mas põe em risco o bem-estar da família’, deve ser
eliminado.
Num dos
momentos mais abjetos do texto, a dupla lembra que uma pesquisa num grupo de
países europeus indicou que só 64% dos casos de Síndrome de Down foram
detectados nos exames pré-natais. Informam então que, naquele universo
pesquisado, nasceram 1.700 bebês com Down, sem que os pais soubessem
previamente. O sentido moral do que diz a dupla é claro: soubesse antes,
poderia ter feito o aborto; com essa nova leitura, estão a sugerir que essas
crianças poderiam ser mortas logo ao nascer”[51]
A dupla de assassinos ainda tentava responder
à pergunta: “Por que não colocá-los para
a adoção?” desta maneira:
“Uma objeção possível ao nosso
argumento é que o aborto pós-nascimento deveria ser praticado apenas em pessoas
que não têm potencial para uma vida saudável. Consequentemente, as pessoas
potencialmente saudáveis e felizes deveriam ser entregues à adoção se a família
não puder sustentá-las. Por que havemos de matar um recém-nascido saudável
quando entregá-lo à adoção não violaria o direito de ninguém e ainda faria a
felicidade das pessoas envolvidas, os adotantes e o adotado? (...) Precisamos
considerar os interesses da mãe, que pode sofrer angústia psicológica ao ter de
dar seu filho para a adoção. Há graves notificações sobre as dificuldades das
mães de elaborar suas perdas. Sim, é verdade: esse sentimento de dor e perda
pode acompanhar a mulher tanto no caso do aborto, do aborto pós-nascimento e da
adoção, mas isso não significa que a última alternativa seja a menos
traumática”[52]
Sim, para eles é melhor assassinar o bebê
do que colocá-lo para a adoção, porque – veja só que justificativa
brilhante – a mãe pode ficar tristinha caso seu bebê seja adotado, mas não caso
seja exterminado.
Minerva e Giublini, para complicar ainda mais
a situação, ainda disparam:
“A mãe que sofre pela morte da
criança deve aceitar a irreversibilidade da perda, mas a mãe natural [que
entrega filho para adoção] sonha que seu filho vai voltar. Isso torna difícil
aceitar a realidade da perda porque não se sabe se ela é definitiva”[53]
Oh, que triste. A mãe pode sonhar
que o filho vai voltar? Então é melhor matá-lo de uma vez! Como pode ser que
dois facínoras como esses estejam soltos, e pior ainda, ensinando em nossas universidades, doutrinando as nossas crianças e jovens?
Azevedo finaliza dizendo:
“Querem
saber? Essa dupla de celerados põe a nu alguns dos argumentos centrais dos
abortistas. Em muitos aspectos, eles têm mesmo razão: qual é a grande diferença
entre um feto e um recém-nascido? Ao levar seu argumento ao extremo, deixam a
nu aqueles que nunca quiseram definir, afinal de contas, o que era e o que não
era vida. Esses dois não estão nem aí: reconhecem, sim, como vida, tanto o feto
como o recém-nascido. Apenas dizem que não são ainda pessoas no sentido que
chamam ‘moral’. Notem que eles também suprematizam, se me permitem a palavra, o
direito de a mulher decidir, a exemplo do que fazem alguns dos nossos
progressistas, e levam ao extremo a ideia do ‘potencial de felicidade’, o que
os faz defender, sem meios-tons, o assassinato de crianças deficientes –
citando explicitamente os casos de Down.
(...)
Tudo isso
é profundamente asqueroso, mas não duvidem de que Minerva, Giublini e Savulescu
fizeram um retrato pertinente de uma boa parcela dos abortistas. Se a vida
humana é ‘só uma coisa’ e se os homens são ‘humanos’ apenas quando têm história
e consciência, por que não matar os recém-nascidos e os incapazes? Estes são os
neonazistas das luzes. Mas não se esqueçam, hein? Reacionários somos nós, os
que consideramos que a vida humana é inviolável em qualquer tempo”[54]
Toda essa apologia explícita ao
infanticídio encontrada em Dawkins, Singer, no Dr. Kermit Gosnell e no casal Minerva e
Giublini não é mais do que a consequência natural de se considerar legal o
aborto. Na lógica neo-ateísta, não há alguma razão objetiva para dizer que uma
mulher tem o direito de escolher matar o bebê em seu útero, mas não fora dele.
A “solução” que eles encontraram, então, foi a de que é certo matar nos dois
casos. Na verdade, a única diferença entre o aborto e o infanticídio é que no
aborto você não tem que olhar na cara do bebê antes de matá-lo. É um
assassinato frio e covarde. Em ambos os casos, porém, o que prevalece é a
opressão dos fortes sobre os fracos – o que é levado até as últimas
consequencias por aqueles que acham certo assassinar um ser indefeso dentro ou
fora da barriga da mãe.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
(Trecho extraído do meu livro: "Deus é um Delírio?")
- Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.
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[5] ibid.
[6] ibid.
[7] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[8] David Robertson, Cartas
para Dawkins, Carta 8.
[9] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QFO_Bg0QVK4
[10] Os espartanos pegavam seu sexto filho e o deixavam
nas colinas, para achá-lo morto na manhã seguinte, em pleno inverno.
[11] Disponível em: http://aborto.aaldeia.net/frases-professor-lejeune/
[12] ibid.
[13] ibid.
[16] Disponível em: http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2008/07/aborto.html
[17] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[20] Norman Geisler e Frank Turek, Não tenho fé suficiente para ser ateu.
[22] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-dWDldV7Uv4
[23] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[24] ibid.
[26] Norman Geisler e Frank Turek, Não tenho fé suficiente para ser ateu.
[27] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7y2KsU_dhwI
[28] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=biACd3Iba_g
[32] Disponível em: http://www.providafamilia.org.br/doc.php?doc=doc45845
[33] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[37] Disponível em: http://aborto.aaldeia.net/frases-professor-lejeune/
[39] Disponível em: http://cristianismopuro.blogspot.com.br/2008/07/aborto.html
[40] Richard Dawkins, Deus,
um Delírio.
[42] Richard Dawkins, Deus,
um Delírio.
[44] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=YNfwdIYJOeg
[46] Peter Singer, Repensando
Vida e Morte.
[47] obid.
[49] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Gf-lwCxXb30
[52] ibid.
[53] ibid.
[54] ibid.
Excelente publicação. O autor está de parabéns pela forma, conteúdo e, obviamente, o grande trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirO texto está excelente (forma e conteúdo). Parabéns tb pelo grande trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirObrigado!
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