sábado, 27 de dezembro de 2014

O Argumento Teleológico - Dr. William Lane Craig


Para muitos, a precisão com a qual o Universo explodiu e veio a existir nos dá provas ainda mais persuasivas sobre a existência de Deus. Essa evidência, tecnicamente conhecida como argumento teleológico, tem seu nome derivado do termo grego telos, que significa "plano". O argumento teleológico apresenta-se da seguinte maneira:

1. Todo projeto tem um projetista.
2. O Universo possui um conceito bastante complexo.
3. Portanto, o Universo teve um Projetista.

Isaac Newton (1642-1727) confirmou de maneira implícita a validade do argumento teleológico quando se maravilhou diante do projeto de nosso sistema solar. Ele escreveu: "Este belíssimo sistema no qual estão o Sol, os planetas e os cometas somente poderia proceder do desígnio e do poder absoluto de um Ser inteligente e poderoso". Contudo, foi William Paley (1743-1805) que tornou famoso esse argumento por meio de sua declaração, de muito bom senso, de que todo relógio implica a existência de um relojoeiro.

Imagine que você está caminhando por uma floresta e encontra um Rolex cravejado de diamantes jogado no chão. A que conclusão você chega em relação à causa do relógio? Ele foi criado pelo vento ou pela chuva? Pela erosão ou alguma combinação de forças naturais? É claro que por nenhuma dessas opções! Não haveria absolutamente nenhuma dúvida em sua mente de que algum ser inteligente fabricara o relógio e que alguma pessoa desafortunada o deixara cair ali acidentalmente.
  
Os cientistas estão agora descobrindo que o Universo no qual vivemos é como um Rolex cravejado de diamantes, embora tenha sido planejado com muito mais precisão do que aquele relógio. O fato é que o Universo é especialmente adaptado para permitir a existência da vida na Terra – um planeta com uma quantidade enorme de condições improváveis e interdependentes para dar suporte à vida que o transformam num pequenino oásis no meio de um Universo vasto e hostil.

Essas condições ambientais altamente precisas e interdependentes (às quais chamamos de "constantes antrópicas") formam o que é conhecido como o "princípio antrópico". "Antrópico" vem de uma palavra grega que significa "humano" ou "homem". O princípio antrópico é apenas um título bonito para a evidência básica na qual acreditam muitos cientistas, a saber: que o Universo é extremamente bem ajustado (planejado) para permitir a existência da vida humana aqui na Terra.

Neste Universo vasto e hostil, nós, os terráqueos, somos muito semelhantes a astronautas que só conseguem sobreviver no pequeno espaço em que estão confinados dentro de sua nave espacial. Tal como uma nave espacial, nossa Terra sustenta a vida enquanto viaja pelo espaço sem vida. No entanto, assim como numa nave espacial, uma pequena mudança ou um mal funcionamento em qualquer um dos fatores – presentes no Universo ou na própria Terra – pode alterar de maneira fatal as condições ambientais tão minuciosamente definidas para que possamos sobreviver.

O antigo argumento do design continua forte hoje como nunca, defendido em várias formas por Robin Collins, John Leslie, Paul Davies, William Dembski, Michael Denton e outros. Os defensores do movimento do Design Inteligente continuam a tradição de encontrar exemplos de design em sistemas biológicos. Mas o destaque na discussão está no recém descoberto extraordinário ajuste fino do cosmos para a vida. Este ajuste fino é de dois tipos.

Primeiro, quando as leis da natureza são expressas como equações matemáticas, elas contém certas constantes, como a constante gravitacional. Os valores matemáticos dessas constantes não são determinados pelas leis da natureza. Segundo, existem certas quantidades arbitrárias que são apenas partes das condições iniciais do universo – por exemplo, a quantidade de entropia.

Estas constantes e quantidades incidem em um conjunto extraordinariamente limitado de valores que permitem a vida. Se tais constantes e quantidades fossem alteradas por menos que a espessura de um fio de cabelo, o equilíbrio que permite a vida seria destruído, e a vida não iria existir.

Destarte, pode-se argumentar:

1. O ajuste fino do universo é resultado da necessidade física, ou da sorte ou do design.

2. Ele não é resultado da necessidade física e nem da sorte.

3. Portanto, ele é resultado do design.

A premissa (1) simplesmente apresenta as opções existentes para explicar o ajuste fino. A premissa principal, portanto, é (2). A primeira alternativa, necessidade física, afirma que as constantes e as quantidades devem ter o valor que possuem. Esta alternativa é pouco recomendável. As leis da natureza são consistentes com uma ampla gama de valores para as constantes e quantidades. Por exemplo, atualmente, a candidata com melhor potencial para se tornar a teoria unificada da física, a teoria das supercordas ou “teoria-M”, permite um “cenário cósmico” de cerca de 10500 possíveis diferentes universos governados pelas leis da natureza, e apenas uma proporção infinitesimal delas pode suportar a vida.

Com relação à sorte, os teóricos contemporâneos reconhecem cada vez mais que as probabilidades contra o ajuste fino são simplesmente insuperáveis, a menos que se esteja preparado para abraçar a hipótese especulativa de que o nosso universo é apenas um membro de um agrupamento infinito e aleatoriamente ordenado de universos (i.e. o multiverso). Neste agrupamento de mundos, cada mundo fisicamente possível é concretizado, e obviamente nós podemos observar apenas o mundo onde as constantes e quantidades são consistentes com a nossa existência. É aqui onde o debate se esquenta atualmente. Físicos como o da Universidade de Oxford, Roger Penrose, lançam poderosos argumentos contra qualquer apelo a um multiverso como opção para se explicar o ajuste fino.

Uma forma de responder à hipótese dos muitos mundos seria mostrar que o próprio multiverso envolve o ajuste preciso. Pois, para que seja cientificamente crível, deve ser sugerido algum tipo de mecanismo para a geração dos muitos mundos. Porém, se é para que a hipótese dos muitos mundos seja bem-sucedida em atribuir o ajuste preciso exclusivamente ao acaso, então é melhor que esse próprio mecanismo de geração dos muitos mundos não seja ele mesmo parte de um ajuste preciso! Pois, se ele for, acabaremos com o mesmo problema do início: Como explicar o ajuste preciso do multiverso? Os mecanismos propostos para a geração de um conjunto de mundos são tão vagos que está longe de estar claro se a física que controla o multiverso não envolverá algum tipo de ajuste preciso.

Por exemplo, se a teoria m for a física do multiverso, então continua sem explicação, como vimos, porque existem exatamente onze dimensões. E o mecanismo que torna atuais todas essas possibilidades na paisagem cósmica pode envolver um ajuste preciso. Assim, o postulado de um conjunto de mundos não é em si mesmo suficiente a ponto de justificar a alternativa do acaso.

Portanto, parece-me que das três alternativas que temos diante de nós – a necessidade física, o acaso e o design – a mais plausível da três é o design. Platão e Aristóteles sem sombra de dúvida iriam se sentir gratificados pelo fato de a ciência moderna defender as visões deles. Temos, então, um terceiro argumento em nossa série de argumentos em favor da existência de Deus.

Por: William Lane Craig. 

(Extraído do livro: “Em Guarda”)


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