"HOUSTON, TEMOS UM PROBLEMA!"
São 13 de abril de 1970, dois
dias depois que o comandante da missão Jim Lovell e dois outros astronautas
saíram da atmosfera terrestre na Apollo 13. Eles estão agora voando no espaço a
mais de 3 mil quilômetros por hora, ansiosamente esperando por uma caminhada
que apenas alguns homens fizeram: andar na superfície da Lua. Tudo está saindo
conforme a planejada em sua espaçonave tão magnificamente projetada. Nas
palavras do própria Lavell, ele e sua equipe estão "felizes da vida'. Mas
tudo isso está prestes a mudar.
Depois de 55 haras e 54 minutos
do início da missão, logo. depois de completar uma transmissão de televisão
para a Terra, Lavell está arrumando alguns fios quando ouve um barulho muito
forte. Num primeiro momento, acha que é apenas a piloto Jack Swigert fazenda
uma brincadeira ao acionar secretamente uma válvula barulhenta. Mas, quando ele
vê a expressão de preocupação no rosto de Swigert – aquela expressão que diz
"Não fui eu!" –, Lavell rapidamente percebe que não é uma piada.
O diálogo entre as astronautas
Lavell, Swigert, Fred Haise e Charlie Duke (Duke está na Terra, em Houston) é
mais ou menos assim:
Swigert: – Houston, temos um
problema.
Duke: – Aqui é Houston. Repita,
por favor.
Lovell: – Houston, houve um
problema. Tivemos uma queda de voltagem na linha B.
Duke: – Entendido. Queda de
voltagem na linha B.
Haise: – O.k. Neste momento,
Houston, a voltagem parece ... estar boa. Ouvimos um barulho bastante forte,
juntamente com sinais de alerta aqui no painel. Até onde me lembro, a linha B
foi aquela que apresentou um pico algum tempo atrás.
Duke: – Entendido, Fred.
Haise: – Esse solavanco deve ter
abalado o sensor de oxigênio número 2. Ele estava oscilando para baixo, em
torno de 20 a 60%. Agora ele está no ponto máximo.
Nesse momento, as astronautas
não estão totalmente cientes do que está acontecendo. Os sensores dos tanques
de oxigênio parecem trabalhar de maneira errática. Estão mostrando que a
quantidade de oxigênio nos tanques está variando de 20% até a impossível
quantidade de 100%. Enquanto isso, a despeito da observação inicial de Haise de
que "a voltagem parece estar boa", diversas luzes de advertência na
categoria "Avisos Principais" do sistema elétrico do espaço nave
estão dizendo o contrário.
Dentro de poucos minutos, a
terrível natureza do problema torna-se aparente. A Apollo 13 não tem apenas um
problema nos sensores. Ela tem um problema real. A nave – localizada agora a
mais de 200 mil milhas náuticas da Terra e afastando-se de casa – está
rapidamente perdendo oxigênio e força. Duas das três células de combustível
estão inativas e a terceira está deteriorando-se rapidamente. Haise notifica
Houston sobre a situação da energia:
Haise: – AC 2 está vazia ... Temos
agora uma queda na voltagem do circuito A. Está mostrando 25 e meio. Circuito B está zerado agora.
Então Lovell relata o problema
do oxigênio:
Lovell: – ...e a quantidade de 02 no
tanque 2 está marcando zero. Entenderam?
Houston: – Quantidade de 02 no
tanque 2 é zero.
Então, quando olha por uma
escotilha, Lovell vê aquilo que parece ser um gás escapando para o espaço pela
parede lateral da espaçonave.
Lovell: – Está me parecendo, ao
olhar pela escotilha, que alguma coisa está escapando.
Houston: – Entendido.
Lovell: – Estamos... estamos
perdendo alguma coisa, algo está vazando para o espaço.
Houston: espaço nave Entendido.
Copiamos, algo está vazando.
Lovell: É algum tipo de gás.
Mais tarde, confirmou-se que o
gás era oxigênio. Embora a tripulação não soubesse disso ainda, o tanque de
oxigênio número 2 havia explodido e danificado o tanque 1 no processo. Lovell
não podia ver o dano, apenas o gás escapando.
Constante antrópica 1: Nível de
oxigênio. Aqui na Terra, o oxigênio responde por 21 % da atmosfera. Esse
número preciso é uma constante antrópica que torna possível a vida no planeta.
Se o oxigênio estivesse numa concentração de 25%, poderia haver incêndios
espontâneos; se fosse de 15%, os seres humanos ficariam sufocados. Lovell e sua
equipe precisavam encontrar uma maneira de manter o nível correto de oxigênio
dentro da espaçonave.
Mas o oxigênio não era o único
problema. Do mesmo modo em que acontece na atmosfera da Terra, qualquer mudança
em uma das constantes dentro da espaçonave pode afetar as várias outras que
também são necessárias à vida. A explosão gerou um decréscimo não apenas no
oxigênio, mas também na eletricidade e na água. Na Apollo 13, a água e a
eletricidade são produzidas ao combinar-se oxigênio com hidrogênio em células de
combustível. Sem oxigênio, não haveria maneira de produzir ar, água e energia.
Uma vez que eles estão no vácuo do espaço, não existe nenhuma fonte de oxigênio
do lado de fora.
A situação é tão inimaginável
que Jack Swigert diria mais tarde: "Se alguém
colocasse um acidente como esse no simulador", significando uma falha quádrupla das células de
combustível 1 e 3 e dos tanques de oxigênio 1 e 2, "nós
diríamos 'escute aqui, pessoal, vocês não estão sendo realistas'”.
Infelizmente não estavam no
simulador, mas enfrentavam uma emergência real numa espaço nave a dois terços
do caminho para a Lua. O que eles podem fazer? Felizmente existe um bote
salva-vidas. O módulo lunar (ML) tem provisões que podem ser usadas numa
emergência. O ML é a nave acoplada na parte superior do módulo de comando (MC)
que, controlada por dois dos astronautas, descerá na Lua, enquanto o terceiro
astronauta permanece em órbita. É óbvio que descer na Lua é uma atividade que
está prestes a ser cancelada: salvar a vida dos astronautas é a nova missão da
Apollo 13.
Num esforço de economizar
energia para a reentrada, os astronautas rapidamente desligam o módulo de
comando e sobem para o ML. Mas não é por estarem no ML que os astronautas estão
fora de perigo. Eles ainda precisam circundar a Lua para conseguir voltar para
a Terra. Isso vai levar tempo – um tempo que não têm. O ML tem condições de
sustentar dois homens por cerca de 40 horas, mas precisa sustentar três homens por quatro dias!
Como resultado disso, todo
esforço é feito para economizar água, oxigênio e eletricidade. Todos os
sistemas não essenciais são desligados – incluindo o aquecimento –, e os
astronautas diminuem o consumo de água para apenas um pequeno copo por dia.
Sentindo-se mal, Haise logo começa a ter febre, e os outros astronautas
lentamente ficam desidratados. Isso torna a concentração ainda mais difícil.
Infelizmente, pelo fato de todos
os sistemas automáticos estarem desligados, a situação exige uma grande
concentração por parte dos astronautas. Além de circundar a Lua, a tripulação
precisa fazer várias correções de curso manuais para assegurar que atinjam o
ângulo correto de reentrada e aumentem a velocidade de sua viagem de volta para
casa. Para fazer isso, eles terão de navegar manualmente pelas estrelas. Uma vez
que os escombros da explosão continuam em volta da espaçonave no vácuo do
espaço, os astronautas não podem distinguir as estrelas da luz do Sol refletida
nos escombros. Conseqüentemente, só lhes resta usar a Terra e o Sol como pontos
de referência navegacionais observáveis pela escotilha da espaço nave.
Usando esse método bastante
rudimentar, verificam seus cálculos repetidas vezes para assegurar-se de que
estão certos. Há pouca margem para erro. O fato é que eles precisam colocar a
espaço nave num ângulo de entrada que não pode ser menor que 5,5 graus e não
maior que 7,3 graus abaixo da linha do horizonte da Terra (do ponto de vista da
espaçonave). Qualquer desvio dessa faixa fará a nave ricochetear para o espaço,
para fora da atmosfera terrestre, ou ser queimada durante a descida.
Constante antrópica 2: Transparência
atmosférica. A pequena janela que os astronautas devem atingir reflete os
padrões perfeitos pelos quais o Universo foi planejado. Enquanto a atmosfera
apresenta-se como um problema de entrada para os astronautas, ela também mostra
qualidades que são absolutamente essenciais para a vida aqui na Terra. O grau
de transparência da atmosfera é uma constante antrópica. Se a atmosfera fosse
menos transparente, não haveria radiação solar suficiente sobre a superfície da
Terra. Se fosse mais transparente, seríamos bombardeados com muito mais
radiação solar aqui embaixo (além da transparência atmosférica, a composição da
atmosfera, com níveis precisos de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono e
ozônio, é, por si só, uma constante antrópica).
Constante antrópica 3: Interação
gravitacional entre a Terra e a Lua. Enquanto começam a se preparar para
circundar a Lua, os astronautas deparam-se com outra constante antrópica. Essa
constante está relacionada à interação gravitacional que a Terra tem com a Lua.
Se essa interação fosse maior do que é atualmente, os efeitos sobre as marés
dos oceanos, sobre a atmosfera e sobre o tempo de rotação seriam bastante
severos. Se fosse menor, as mudanças orbitais provocariam instabilidades no
clima. Em qualquer das situações, a vida na Terra seria impossível.
Após seu encontro com a Lua, os
astronautas são finalmente direcionados para a Terra. Contudo, surge ainda
outro problema. As delicadas condições de vida dentro da espaçonave estão
ficando contaminadas. A medida que o oxigênio é consumido, os astronautas geram
um novo problema simplesmente por exalar, ou seja, o dióxido de carbono está
começando a alcançar níveis perigosos dentro da espaçonave. Se não conseguirem
achar uma maneira de filtrar o dióxido de carbono no ML, os três astronautas
serão envenenados por sua própria respiração!
O Controle da Missão pede que os
astronautas desembalem filtros extras criados para o módulo de comando (a parte
da espaçonave que foi descartada e que teve sua energia desligada) para
verificar se eles podem ser usados no ML. Contudo, em vez de receberem as tão
esperadas boas notícias, os astronautas logo percebem que os filtros do MC são
de tamanho e forma diferentes dos usados no ML! O fornecedor A aparentemente
não estava de acordo com o fornecedor B! Frustrado, o diretor de vôo Gene
Krantz – que pronunciou a famosa frase "O fracasso não é uma opção!"
no Controle da Missão – vocifera: "Isso não pode ser um projeto do
governo!".
Revirando-se em busca de uma
solução, os engenheiros da NASA em terra começam a trabalhar freneticamente:
procuram uma maneira de encaixar os filtros quadrados do MC nos buracos
redondos do ML apenas com os materiais que podem ser encontrados na espaçonave.
Eles descobrem uma maneira de fazê-lo e começam a explicar o processo de
montagem para a tripulação. Esse processo engenhoso envolve o uso de papelão,
pedaços da, roupa dos astronautas, sacos para acondicionamento de materiais e
fita crepe (sim, ela também conserta qualquer coisa no espaço – não deixe de
ter uma em sua casa!).
Constante antrópica 4: Nível de dióxido
de carbono. É claro que esse tipo de implementação não é necessária aqui na
Terra porque a atmosfera terrestre mantém o nível correto de dióxido de
carbono. Essa é outra constante antrópica. Se o nível de CO2 fosse
mais alto do que é agora, teríamos o desenvolvimento de um enorme efeito estufa
(todos nós seríamos queimados). Se o nível fosse menor, as plantas não seriam
capazes de manter uma fotossíntese eficiente (todos nós ficaríamos sufocados –
o mesmo destino que os astronautas estavam tentando evitar).
Felizmente os filtros adaptados
trabalham bem e dão à tripulação um tempo valioso (além de fornecer ar
respirável). Logo chega o momento de se livrar do módulo de serviço danificado.
Quando o módulo de serviço se afasta, a tripulação vê pela primeira vez a
extensão dos danos: a explosão do tanque de oxigênio arrancou um pedaço da
cobertura do módulo de serviço com uma área de cerca de 3,5 m por 2 m, atingiu
as células de combustível e danificou uma antena. Se uma explosão com a metade da intensidade tivesse
acontecido perto do escudo do módulo de comando, o resultado seria um problema
catastrófico para a espaçonave e a perda da tripulação.
Ao se aproximarem da reentrada,
a tripulação volta para o módulo de comando para tentar religá-lo. Essa é sua
única esperança de chegar em casa (o ML não possui um escudo para proteção
contra o calor). Mas com as três células de combustível inoperantes e tendo apenas
a eletricidade fornecida por uma bateria, o procedimento normal de ligação do
MC não funcionaria. Não é possível religar todos os sistemas simplesmente
porque não existe força suficiente nas baterias! Como resultado, precisam
confiar em um novo procedimento de ligação que os engenheiros e astronautas da
NASA haviam acabado de desenvolver na Terra.
Para complicar, a água
condensada está agora pingando dos painéis de controle do Me, onde a
temperatura abaixou, atingindo 3,3 graus celsius. Será que os painéis poderiam
entrar em curto-circuito? Os sistemas necessários entrariam em funcionamento?
Esse é um ambiente perigoso para usar eletricidade, mas eles não têm escolha.
Apesar do perigo, a nova
seqüência de ligação dos sistemas é bem-sucedida, e os astronautas colocam o
cinto de segurança para a reentrada. De volta à Terra, o mundo está de olho no
destino daqueles três homens. Novos boletins e coletivas de imprensa fornecem
informações atualizadas. O Congresso emite uma resolução pedindo que o povo norte-americano
ore, o papa pede ao mundo que faça o mesmo, enquanto a bordo de uma cápsula
espacial danificada aqueles três bravos norte-americanos aceleram rumo à
atmosfera terrestre com grande velocidade. Dentro de instantes, serão puxados
pela gravidade da Terra para uma velocidade máxima de aproximadamente 40 mil
quilômetros por hora. Isso equivale a pouco mais de 11 quilômetros por segundo!
Constante antrópica 5: Gravidade. A
gravidade que está puxando os astronautas de volta para casa é outra constante
antrópica. Sua força pode ser impressionante, mas não poderia ser em nada
diferente para que a vida existisse aqui no planeta. Se a força gravitacional
fosse alterada em 0,00000000000000000000000000000000000001 por cento, nosso Sol
não existiria e, portanto, nós também não. Isso é que é precisão!
Enquanto nossos astronautas se
encaminham para a Terra em sua espaço nave avariada, ninguém tem certeza se
sobreviveriam à violenta e intensamente quente reentrada. Muitas perguntas
permaneciam sem resposta: O escudo térmico está intacto? A nave está realmente
no ângulo de entrada correto? As baterias do MC funcionariam durante a
reentrada? Os pára-quedas abririam corretamente? Para deixar as coisas ainda
piores, havia um alerta de furacão na área de recuperação da cápsula.
À luz de todas essas incertezas,
os astronautas elogiaram a equipe de terra pouco antes do silêncio de rádio de
três minutos que acompanha a reentrada:
Swigert: – Olha, quero dizer que
vocês estão fazendo um ótimo trabalho.
Houston: – Vocês também, Jack.
Swigert: – Sei que todos nós aqui
queremos agradecer a todos vocês aí embaixo o trabalho maravilhoso que fizeram.
Lovell:
– É isso aí, Joe.
Houston: – Digo a vocês que foi
muito bom fazer tudo isso.
Lovell:
– É muito atencioso de sua parte.
Houston: – Essa é a coisa mais
amável que alguém já me disse! Houston: – O.k., perda de sinal em um minuto...
Bem-vindos ao lar.
Swigert: – Obrigado.
Durante a reentrada, um avião
militar C-135 está voando em círculos pela área de recuperação para prover o
elo de comunicação necessário com o centro de controle da missão. Contudo,
depois de três minutos, não há contato com os astronautas. A tensão cresce:
Houston: – A Apollo 13 deveria
sair do blecaute agora. Estamos esperando por algum relatório do ARIA (Apollo
Range Instrumentation Aircraft).
Vôo:
– Rede, nenhum contato do ARIA?
Rede:
– Até agora nada, Vôo (longa pausa).
Já se passaram quatro minutos
desde a reentrada – ainda não houve nenhum contato. Nenhuma reentrada durou
tanto tempo.
Houston: – Aguardando um
relatório sobre captação de sinal (pausa).
Finalmente o avião recebe um
sinal da cápsula:
Houston: – Temos uma informação
de que o ARIA 4 captou um sinal.
Mas ainda não há nenhuma
confirmação de que alguém esteja vivo.
Houston: – Odyssey, aqui é
Houston aguardando. Câmbio.
Para o alívio de todos, Swigert
finalmente fala:
Swigert: – O.k., Joe.
Houston: – O.k., nós recebemos a
transmissão, Jack!
Os astronautas estão vivos, mas
ainda há um último obstáculo: os dois estágios dos pára-quedas, primeiramente o
de desaceleração e depois o principal, precisam funcionar, ou tudo estará
perdido. Sem a abertura correta dos páraquedas, os astronautas serão esmagados
quando a cápsula atingir o oceano a 480 quilômetros por hora.
Houston: – Menos de dois minutos
para a abertura do pára-quedas.
Momento de espera...
Houston: – Relatório de que dois
pára-quedas de desaceleração abriram corretamente. Vem agora a abertura dos
pára-quedas principais (pausa). Aguardando confirmação da abertura dos pára-quedas
principais.
Os pára-quedas principais abrem
conforme planejado, e Houston obtém contato visual.
Houston: – Odyssey, Houston.
Estamos vendo seus pára-quedas abertos. Isso é maravilhoso!
Finalmente, depois de quatro
dias de um suspense de roer as unhas, os astronautas, o Controle da Missão e o
resto do mundo dão um suspiro de alívio:
Houston: – Está todo mundo
aplaudindo muito aqui no Controle da Missão! ... Muitos aplausos enquanto os
pára-quedas principais da Apollo 13 aparecem claramente nos monitores de
televisão aqui.
A cápsula toca o oceano às 13h07
(fuso horário do leste dos EUA) de 17 de abril de 1970.
O PRINCÍPIO ANTRÓPICO: O PROJETO ESTÁ NOS DETALHES!
Quando algumas pessoas do
Controle da Missão Apollo 13 começaram a expressar dúvidas de que os
astronautas pudessem voltar vivos, o diretor de vôo Cene Krantz respondeu ao
seu pessimismo com a seguinte frase: "Senhores, eu acho que este será
nosso momento mais agradável". E realmente foi. A Apollo 13 ficou
conhecida como o "fracasso bem-sucedido". Os astronautas não puderam
caminhar na Lua, mas voltaram com sucesso à Terra apesar das condições quase
letais que enfrentaram.
Assim como a tripulação
sobreviveu apesar de todas as dificuldades que enfrentou no meio dessas
condições quase mortais, nós também sobrevivemos contra todas as dificuldades
neste pequeno planeta chamado Terra. Tal como a nossa Terra, as espaço naves da
série Apollo foram projetadas para preservar a vida humana no meio do ambiente
bastante hostil do espaço. Uma vez que os seres humanos só conseguem sobreviver
dentro de um estreito espaço de condições ambientais, essas naves precisam ser
planejadas com incrível precisão e milhares de componentes. Se apenas uma
pequena coisa der errado, a vida humana correrá perigo.
Na Apollo 13, a pequena coisa
que colocou a tripulação em risco parece insignificante demais para ser
importante: o tanque de oxigênio número 2 caiu no chão de uma altura de 5 cm em
algum momento antes de sua instalação. Esses pequenos 5 cm danificaram a fina
parede do tanque e deram início a uma cascata de acontecimentos que culminaram
com a sua explosão. Devido à natural interdependente dos componentes, o
problema no sistema de oxigênio levou à falha os outros sistemas e quase à
perda da espaçonave e da tripulação. Pense nisto: aquela pequena queda de uma
altura de 5 cm gerou todos os problemas que os astronautas precisaram vencer
para que pudessem sobreviver. Isso resultou em pouco oxigênio, pouca água e
eletricidade, em muito dióxido de carbono e em erro de navegação.
Tal como uma pequena mudança na
espaçonave, uma pequena mudança no Universo resultaria em grandes problemas
para todos nós também. Como já vimos, cientistas descobriram que o Universo –
tal como uma nave espacial – foi projetado com precisão para criar o próprio
ambiente que suporta as condições de vida em nosso planeta. Um pequeno desvio
em qualquer um dos inúmeros fatores ambientais e físicos (que estamos chamando
de "constantes") impediria, até mesmo, que existíssemos. Tal como os
componentes da Apollo 13, essas constantes são interdependentes – uma pequena
mudança em uma delas pode afetar as outras, chegando até mesmo a impedir ou
destruir as condições necessárias à vida.
O alcance da precisão do
Universo faz o princípio antrópico ser talvez o mais poderoso argumento para a
existência de Deus. Não se trata de simplesmente haver algumas constantes
definidas de maneira bem aberta que talvez tenham aparecido por acaso. Não.
Existem mais de cem constantes definidas com bastante precisão que apontam definitivamente
para um Projetista inteligente. Já identificamos cinco delas. Vejamos outras
dez:
1º Se a força centrífuga do movimento planetário não equilibrasse
precisamente as forças gravitacionais, nada poderia ser mantido numa órbita ao
redor do Sol.
2º Se o Universo tivesse se expandido numa taxa um milionésimo mais
lento do que o que aconteceu, a expansão teria parado, e o Universo desabaria
sobre si mesmo antes que qualquer estrela pudesse ser formada. Se tivesse se
expandido mais rapidamente, então as galáxias não teriam sido formadas.
3º Qualquer uma das leis da física pode ser descrita como uma
função da velocidade da luz (agora definida em 299.792.458 m por segundo). Até
mesmo uma pequena variação na velocidade da luz alteraria as outras constantes
e impediria a possibilidade de vida no planeta Terra.
4º Se os níveis de vapor d'água na atmosfera fossem maiores do que
são agora, um efeito estufa descontrolado faria as temperaturas subirem a
níveis muito altos para a vida humana; se fossem menores, um efeito estufa
insuficiente faria a Terra ficar fria demais para a existência da vida humana.
5º Se Júpiter não estivesse em sua rota atual, a Terra seria
bombardeada com material espacial. O campo gravitacional de Júpiter age como um
aspirador de pó cósmico, atraindo asteróides e cometas que, de outra maneira,
atingiriam a Terra.
6º Se a espessura da crosta terrestre fosse maior, seria necessário
transferir muito mais oxigênio para a crosta para permitir a existência de
vida. Se fosse mais fina, as atividades vulcânica e tectônica tornariam a vida
impossível.
7º Se a rotação da Terra durasse mais que 24 horas, as diferenças
de temperatura seriam grandes demais entre a noite e o dia. Se o período de
rotação fosse menor, a velocidade dos ventos atmosféricos seria grande demais.
8º A inclinação de 23 graus do eixo da Terra é exata. Se essa
inclinação se alterasse levemente, a variação da temperatura da superfície da
Terra seria muito extrema.
9º Se a taxa de descarga atmosférica (raios) fosse maior, haveria
muita destruição pelo fogo; se fosse menor, haveria pouco nitrogênio se fixando
no solo.
10º Se houvesse mais atividade sísmica, muito mais vidas seriam
perdidas; se houvesse menos, os nutrientes do piso do oceano e do leito dos
rios não seriam reciclados de volta para os continentes por meio da sublevação
tectônica (sim, até mesmo os terremotos são necessários para sustentar a vida
como a conhecemos!).
O astrofísico Hugh Ross calculou
a probabilidade de que essas e outras constantes – 122 ao todo pudessem existir
hoje em qualquer outro planeta no
Universo por acaso (i.e., sem um projeto Divino). Partindo da idéia de que
existem 10 elevado a 22 planetas no Universo (um número bastante grande, ou
seja, um número 1 seguido de 22 zeros), sua resposta é chocante: uma chance em
10 elevado a 138, isto é, uma chance em 1 seguido de 138 zeros! Existem apenas
10 elevado a 70 átomos em todo Universo. Com efeito, existe uma chance zero de
que qualquer planeta no Universo possa ter condições favoráveis a vida que
temos, a não ser que exista um Projetista inteligente por trás de tudo!
O ganhador do Prêmio Nobel Arno
Penzias, um dos descobridores da radiação posterior ao Big Bang, expõe as coisas da seguinte maneira:
“A
astronomia nos leva a um acontecimento único, um Universo que foi criado do
nada e cuidadosamente equilibrado para prover com exatidão as condições
requeridas para a existência da vida. Na ausência de um acidente absurdamente
improvável, as observações da ciência moderna parecem sugerir um plano por trás
de tudo ou, como alguém poderia dizer, algo sobrenatural”
O cosmologista Ed Harrison usa a
palavra "prova" quando considera as implicações do princípio
antrópico na questão de Deus. Ele escreve: “Aqui
está a prova cosmológica da existência de Deus – o argumento do projeto de
Paley atualizado e reformado. O ajuste uno do Universo nos dá evidências prima facie do projeto deístico".
Por: Norman Geisler e Frank Turek.
(Extraído do livro: “Não tenho fé suficiente para ser ateu”)
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