O trecho abaixo é extraído de meu livro: "As Provas da Existência de Deus", de autoria minha e de Emmanuel Dijon, disponível gratuitamente para download
Os evangelhos e as
epístolas neotestamentárias descrevem três coisas de fundamental importância:
1º O túmulo vazio.
2º As aparições do Cristo ressurreto.
3º Sua ascensão ao Céu.
Se os evangelistas não
inventaram uma história em torno de Jesus, então esses fatos devem ser
verdadeiros. E isso explicaria o porquê que os primeiros cristãos, testemunhas
oculares que foram de tudo isso, deram seu sangue em martírio e prosseguiam
firmes na fé mesmo com toda a perseguição, tortura e morte, pois o Cristianismo
era uma religião abominável aos olhos do império romano. Mesmo assim, os
cristãos aceitavam o martírio, a morte, a crucificação, as prisões, as
perseguições, tudo por aquele mesmo homem que eles viram ressurreto e diziam
ter sido assunto aos céus.
E, se Jesus realmente
ressuscitou, isso nos leva à conclusão lógica de que o Cristianismo é a única
religião verdadeira, e não uma farsa ou um conto de fadas. As outras religiões
que existem no mundo não ensinam a ressurreição física de Jesus Cristo. Aliás,
elas nem sequer creem em qualquer ressurreição.
Muitas delas (como a grande maioria das religiões panteístas, o hinduísmo, o
budismo, o espiritismo, entre outras) creem em reencarnação, que é
diametralmente oposto a ressurreição. Elas não creem em ressurreição física e
literal da carne. E, para elas, Jesus nunca ressuscitou dos mortos.
Outras várias religiões
creem em imortalidade da alma, mas não em ressurreição. Tal era a crença dos
gregos da época de Jesus. E outras creem em ressurreição, mas não na ressurreição de Jesus, especificamente.
Os judeus criam (e creem) em ressurreição, mas não creem que Jesus era o
Messias que realmente ressuscitou dos mortos. O islamismo crê em ressurreição,
mas não crê que Jesus morreu e ressuscitou, e sim que Judas foi crucificado em
seu lugar[1].
Dito em termos simples, a única
de religião no mundo que crê em ressurreição e também na ressurreição
de Cristo é a cristã. Então, se Jesus realmente ressuscitou dos mortos, estaria
provada a existência da ressurreição da carne, e, mais do que isso, estaria
autenticando a veracidade da fé cristã (a única que ensina a ressurreição de
Jesus) e consequentemente que todas as outras religiões que há no mundo são
falsas, pois creem no contrário (não creem em ressurreição ou não creem na
ressurreição de Cristo).
Mas será que os discípulos
não inventaram essa história de que Jesus ressuscitou dos mortos?
Temos boas razões para
crermos que os discípulos não inventaram uma história sobre o túmulo vazio e a
ressurreição de Cristo. Se eles tivessem inventado uma história falsa, teriam
facilmente negado a Cristo diante de toda a perseguição do império romano. Não
teriam mantido a fé naquilo que eles sabiam que era uma mentira, uma grande
farsa inventada por eles. Pedro teria preservado a sua vida e voltado a ser um
pescador, ao invés de aceitar morrer crucificado de cabeça para baixo por causa
da pregação do evangelho.
A história nos mostra que
todos os doze apóstolos, excetuando Judas e João, morreram martirizados. Mateus
morreu na Etiópia como mártir. André foi crucificado em uma cruz em forma de
xis para que o seu sofrimento se prolongasse. Filipe foi enforcado de encontro
a um pilar em Hierápolis. Bartolomeu foi morto a chicotadas e seu corpo foi
colocado num saco e jogado ao mar. Simão morreu crucificado junto aos zelotes
em 70 d.C. Tiago foi martirizado em 62 d.C por ordem do sumo sacerdote Ananias,
apedrejado até a morte por se recusar a denunciar os cristãos.
Judas Tadeu foi
martirizado na Pérsia junto a Simão Zelote. Pedro pediu para ser crucificado de
cabeça para baixo por julgar-se indigno de morrer na mesma posição que seu
Mestre. O outro Tiago foi decapitado em Jerusalém por Herodes Agripa em 44 d.C.
João chegou a ser lançado em um caldeirão de azeite a ferver. Tomé morreu a
flechadas enquanto orava, por ordem do rei de Milapura, em 53 d.C. Paulo morreu
decapitado no mesmo ano que Pedro. Lucas foi enforcado em uma oliveira na
Grécia. Matias foi martirizado na Etiópia.
Todos eles,
sem exceção, tinham a opção de preservar suas vidas simplesmente fazendo isso:
negando a Cristo. Se Jesus fosse uma fábula inventada por eles, teria sido
muito mais fácil para eles negá-lo diante da morte, e preservarem suas vidas.
Se eles tinham mentido sobre as aparições do Jesus ressurreto, teriam
abandonado essa farsa quando começassem a ver toda a perseguição do império
romano contra eles. Se eles inventaram a história de que viram o Cristo
ressurreto ascendendo aos céus sob uma nuvem, algum deles já teria desmentido
isso ao ser preso ou torturado pelos judeus ou pelos romanos.
A conclusão óbvia diante
dos fatos é que os discípulos não
inventaram nenhuma história. Eles realmente estiveram com Jesus. O túmulo
realmente estava vazio. Eles realmente viram Jesus ressurreto e tocaram nele.
Eles de fato viram Cristo subindo ao Céu depois de quarenta dias. Eles não
estavam inventando histórias para enganar alguém. Se estivessem inventando uma
história, o que foi que eles ganharam? Riquezas? Não. Pedro e João não tinham
ouro nem prata (At.3:6). Paulo viva em pobreza, sem ter moradia certa
(1Co.4:11-13). Os cristãos que viram Cristo em Jerusalém viviam em “extrema pobreza”
(Rm.15:26), e os que estavam na Macedônia também (2Co.2:8).
O que os teria levado a
inventarem uma história? Uma vida mais tranquila, cheia de paz e conforto? Isso
certamente eles não tiveram. Por todos os cantos eram atribulados (2Co.4:8),
perseguidos (2Co.4:9), cada vez mais cristãos eram presos e mortos. E isso não
é atestado apenas pela Bíblia ou pelas fontes cristãs. Como vimos nos outros
capítulos, até mesmo os não-cristãos daquela época contemplavam isso e ficavam
atônitos. Tácito disse que “eles foram feitos objetos de
esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em
pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram
queimados para servirem de luz noturna”[2].
Suetônio
disse que “os cristãos, espécie de gente dada a uma superstição nova
e perigosa, foram destinados ao suplício”[3]. Josefo descreveu o martírio de Tiago, irmão de Jesus,
dizendo que foi apedrejado[4].
Plínio também narrou várias formas de interrogamento, tortura e morte dos que
se diziam cristãos[5].
Se os próprios escritores não-cristãos que viveram na época dos discípulos de
Jesus confirmam os relatos cristãos dos martírios e da perseguição que os
seguidores de Cristo sofriam, o que é que eles ganhariam inventando uma
história? Tudo o que ganharam foi perseguição, pobreza e tribulações durante a
vida, e o martírio ao fim dela.
Além
disso, os evangelhos nos mostram que as primeiras testemunhas da ressurreição
de Cristo foram as mulheres (Maria
Madalena; Maria, mãe de Tiago, e Salomé), cujo testemunho não possuía nenhum
valor naquela cultura judaica. Como expõe Jefferson Peixoto:
“A presença
das mulheres no sepulcro é uma forte evidência de que o registro bíblico é
verdade. As mulheres não tinham praticamente nenhuma credibilidade no primeiro
século da cultura judaica, e seu depoimento em um tribunal de lei era
considerado de nenhum valor. Por exemplo, se um homem era acusado de um crime
que só tinha sido testemunhado por mulheres, ele não podia ser condenado com
base na declaração delas”[6]
Geisler e Turek completam:
“Maria
Madalena, uma mulher que fora possuída por demônios (Lc 8.2), não seria
inventada como a primeira testemunha do túmulo vazio. O fato é que as mulheres
em geral não seriam apresentadas como testemunhas numa história inventada”[7]
Se os discípulos tivessem
inventado uma história, obviamente não iriam dizer que as primeiras pessoas que
testemunharam o Jesus ressurreto foram as mulheres, cujo testemunho naquela
sociedade em que eles viviam tinha valor igual a zero. Eles certamente teriam
dito que foram eles mesmos, e que as
mulheres que ficaram acovardadas. O que ocorreu, contudo, foi exatamente o
inverso, porque os evangelistas estavam simplesmente retratando a verdade, e
não embelezando estórias.
Tudo
isso tem levado muitos ateus e não-cristãos a inventarem outras teses para
competir com a ressurreição de Jesus, porque a tese de que os discípulos
inventaram uma história ou roubaram o corpo de Cristo é absurdamente antilógica[8],
pois ninguém morre por algo que sabe que
é uma mentira. Por isso, algumas teorias foram levantadas para dizer que os
discípulos simplesmente “estavam enganados”.
Ou seja: eles não inventaram uma história para morrer por ela, simplesmente
foram enganados por alguma outra circunstância, como, por exemplo:
• Jesus não
morreu, apenas “desfaleceu”, e por
isso reapareceu aos discípulos que pensaram que ele tivesse ressuscitado.
Não gostou dessa? Então tem essa:
• Jesus não
apareceu aos discípulos, eles na verdade sofreram alucinações e pensaram estar
vendo Cristo.
Ainda não é boa? Talvez sirva essa:
• Jesus
tinha um irmão gêmeo, e este irmão que apareceu aos discípulos, que pensaram
que era Jesus (só que não).
Por
mais que os céticos levantem essas e outras teorias, todas elas têm sido
sistematicamente derrubadas e refutadas pelos eruditos e estudiosos, e por essa
mesma razão muitos não-cristãos tem se convertido ao Cristianismo ao analisarem
as evidências da ressurreição de Jesus. Começaremos analisando a teoria do
desfalecimento.
A teoria de que Jesus não morreu realmente, mas apenas “desmaiou” ou “desfaleceu” na cruz, e posteriormente “acordou”, saiu do
túmulo e apareceu aos discípulos é provavelmente a mais absurda de todas as
teorias alternativas elaboradas pelos anti-cristãos. Em primeiro lugar, porque
é ilógico crer que Jesus de fato não tenha morrido. Como Norman Geisler e Frank
Turek apontam no best-seller “Não tenho
fé suficiente para ser ateu”:
“Os romanos, que eram executores profissionais,
chicotearam e bateram em Jesus de maneira brutal. Então, depois disso, pregaram
cravos rústicos em seus punhos e em seus pés e enfiaram uma lança em seu lado.
Eles não quebraram as pernas para apressar sua morte porque sabiam que já
estava morto (as vítimas de crucificação freqüentemente morriam por asfixia
porque não podiam erguer o corpo para poder respirar. Quebrar as pernas,
portanto, apressaria a morte). Além do mais, Pilatos foi verificar para
certificar-se de que Jesus estava morto, e a morte de Jesus foi a razão de os
discípulos terem perdido toda a esperança”[9]
Como pode alguém que foi surrado pelos romanos, tendo sido
duramente açoitado, sendo obrigado a carregar uma cruz pesada com uma coroa de
espinhos na cabeça aprofundando ainda mais a dor, sendo pregado em uma cruz com
pregos fixados em seus pulsos e em seus pés, e, para completar, com o seu lado
perfurado por uma lança de um soldado romano para confirmar ainda mais a sua
morte (pois já sabiam que ele estava morto, diferente dos demais crucificados),
ainda ter conseguido sobreviver, e, sem nenhum apoio médico, ter se levantado
do túmulo após três dias, se desfeito do pano que o cobria com 34 quilos de
especiarias, removido a grande pedra que guardava o túmulo, vencido os guardas
romanos armados para impedir o acesso a ele e aparecer aos discípulos?
E como José de Arimateia e Nicodemos teriam embalsamado Jesus
sem perceberem que este ainda estava vivo? E como que um homem “múmia”, praticamente morto, gravissimamente ferido e sangrando
completamente ainda estaria vivo depois de três dias em um túmulo, sem nenhum
cuidado médico? A não ser que os ateus acreditem em milagre, seria impossível que tudo isso acontecesse a não ser que
Cristo tenha realmente ressuscitado dos mortos.
Como dizem Geisler e Turek:
“Se ele tivesse sobrevivido ao túmulo frio,
úmido e escuro, de que maneira poderia tirar as bandagens, empurrar a pedra
para cima e para fora (uma vez que estava dentro do túmulo), passar pelos
guardas romanos (que seriam mortos por permitir uma brecha na segurança) e,
então, convencer os covardes assustados, fugitivos e céticos de que ele havia
triunfado sobre a morte? Mesmo que pudesse sair do túmulo e passar pelos
guardas romanos, Jesus seria apenas uma massa mole alquebrada e ensangüentada
de homem, da qual os discípulos teriam pena, e não alguém a quem eles
adorariam. Eles diriam: ‘Você pode estar vivo, mas certamente não ressuscitou. Vamos levá-lo já
para um médico!’”[10]
A teoria do desfalecimento também não explica como Jesus
apareceria “do nada” no meio da casa onde os discípulos estavam, a portas
trancadas, com medo dos judeus (Jo.20:19). Quando muito, ele teria batido na
porta, esperado um bom tempo que alguém abrisse e o reconhecesse, e só então
entrado na casa. Isso também não explica seu aparecimento aos dois homens no
caminho de Emaús (Lc.24:13), conversando com eles e desaparecendo imediatamente
após partir o pão (Lc.24:31). Será que os dois homens de Emaús estavam vendo
uma múmia ou um zumbi praticamente morto, sangrando dos pés à cabeça, embalsamado
em um manto? Se fosse assim, eles não teriam conversado naturalmente com Jesus,
mas teriam prestado socorro àquele pobre homem à beira da morte.
Por fim, essa tese não explica a ascensão de Jesus, que foi
um evento contemplado por todos os discípulos e por mais de quinhentas pessoas
de uma só vez (1Co.15:6). Como um Cristo desfalecido e quase morto iria enganar
os discípulos na frente deles e fraudar sua ascensão aos céus? Por tudo isso e
muito mais, a teoria do desfalecimento é inaceitável.
Essa segunda tese é provavelmente a mais popular entre os
céticos e ateus, mas ela, na verdade, não resolve nada, apenas acentua os
problemas. Primeiro, ela não explica o túmulo vazio. Os discípulos poderiam
alucinar à vontade, mas como alucinações poderiam abrir a pedra de um túmulo,
passar pelos guardas romanos que guardavam vigia, e depois deixar o túmulo
vazio?
Se os discípulos tivessem tido apenas alucinações, o sepulcro
permaneceria com Cristo lá dentro, confirmando que tudo aquilo não passara de
mera alucinação, algo irreal, ilusório. Talvez seja por isso que Pedro e João
não se conformaram meramente em ouvir que Jesus tinha ressuscitado: eles foram
correndo até o sepulcro (Jo.20:3). O fato de o sepulcro ter sido achado vazio
prova que não ocorreu alucinação alguma, mas que Jesus realmente se levantou
dos mortos. Geisler e Turek discorrem sobre isso, dizendo:
“Se mais de 500 testemunhas oculares tiveram a
experiência sem precedentes de ter a mesma alucinação em 12 ocasiões
diferentes, então por que as autoridades judaicas ou romanas simplesmente não
exibiram o corpo de Jesus pela cidade? Isso teria desferido um golpe fatal no Cristianismo
de uma vez por todas. As autoridades adorariam ter feito isso, mas,
aparentemente, não puderam fazê-lo porque o túmulo estava realmente vazio”[11]
Ademais, se os discípulos não roubaram o corpo e nem
inventaram uma história, o que explicaria o sepulcro vazio? Talvez algum outro
grupo de pessoas tivesse roubado o corpo. Mas quem? Os únicos que estavam do
lado de Cristo eram os cristãos. Todos os outros gritaram: “crucifica-o!”
(Lc.23:21). E mesmo os cristãos não fizeram qualquer coisa por Cristo na hora
em que ele mais precisava. Todos os discípulos fugiram (Mc.14:27), Pedro o
negou (Jo.18:27), Judas o traiu (Mt.26:48). Depois, ficaram amedrontados,
trancados a portas fechadas, com medo (Jo.20:19). Ao invés de irem pregar o
evangelho, voltaram a ser meros pescadores (Jo.21:3).
Se os próprios discípulos ficaram apáticos, medrosos, fracos
e impotentes diante de tudo o que aconteceu com Cristo, como é que alguém que
nem era discípulo de Jesus iria se arriscar ao ponto de lutar contra os guardas
romanos, remover a pedra do sepulcro e retirar o corpo de Cristo?
E o que ele ganharia com um simples cadáver? Se fosse hoje
até entenderíamos. Jesus, o personagem mais famoso da história da humanidade,
provavelmente alguém ganharia muito com isso. Mas naquela época ele era
considerado só mais um condenado, como os outros dois ladrões. Alguém que se
dizia o Messias, assim como tantos outros que também se diziam isso e não
acabaram em nada. Alguém que aparentemente não pôde salvar a si mesmo. Alguém
que os poucos que colocaram confiança nele estavam acovardados. Diante de tudo
isso, nem um louco se arriscaria tanto para ganhar literalmente... nada.
Portanto, a única coisa que explica satisfatoriamente o
túmulo vazio é a ressurreição. Então tudo começa a fazer sentido. Mas a teoria
da alucinação não explica nada sobre o túmulo vazio. Além disso, alucinações,
quando acontecem (e raramente acontecem), não ocorrem em grupo, mas individualmente.
Jesus, porém, não foi visto ressurreto apenas por uma pessoa, mas por várias,
ao mesmo tempo. Geisler e Turek falam apropriadamente sobre isso nas seguintes
palavras:
“As alucinações não são experimentadas por
grupos, mas apenas por indivíduos. Nesse aspecto, são muito parecidas com
sonhos. É por isso que, se um amigo lhe diz pela manhã: ‘Uau! Esse foi um grande sonho que nós tivemos, não é?’, você não diz: ‘Sim, foi fabuloso! Vamos continuar hoje à
noite?’. Não, você acha que seu amigo ficou louco ou que está simplesmente
fazendo uma brincadeira. Você não o leva a sério porque sonhos não são
experiências coletivas. Quem tem sonhos é o indivíduo, não grupos. As
alucinações funcionam da mesma maneira. Se existirem raras condições
psicológicas, um indivíduo pode ter uma alucinação, mas seus amigos não a
terão. Mesmo que a tiverem, não terão a mesma alucinação”[12]
Jesus não apareceu somente uma única vez para uma única
pessoa, mas várias vezes para várias pessoas. Em uma delas ele apareceu diante
de todos os discípulos, à exceção de Tomé (Jo.20:19). Como que dez pessoas
teriam tido exatamente a mesma alucinação e exatamente no mesmo momento?
Impossível. Mas a incredulidade de Tomé era tanta que ele pensou nisso. Foi
preciso que o próprio Senhor Jesus aparecesse de novo diante dele (Jo.20:26). E
aqui entra um ponto ainda mais importante que desmente de uma vez a teoria da
alucinação: Tomé tocou em Jesus
(Jo.20:27), e os discípulos comeram com
ele (Jo.21:13).
Se Tomé tocou em Jesus, então obviamente este estava presente
em forma física, e o fato de ele ter comido com os discípulos prova que eles
não estavam tendo uma “alucinação
coletiva”, que sequer existe. E o que dizer de
quando Jesus ressurreto apareceu aos discípulos na beira da praia, quando Pedro
e os demais conversam e comem com ele (Jo.21:4-14)?
Ainda mais absurda é a teoria da alucinação à luz do fato de
que Cristo apareceu para quinhentas
pessoas de uma só vez, antes de sua ascensão ao Céu (1Co.15:6). Como seria
possível quinhentas pessoas terem tido exatamente a mesma alucinação com a
mesma pessoa, no mesmo evento, na mesma hora e no mesmo lugar? É preciso ter
muito mais fé nos absurdos e impossibilidades da teoria da alucinação do que no
fato de Jesus Cristo ter realmente ressuscitado dos mortos.
À luz do fracasso das outras teorias, Barth Ehrman propôs
algo mais interessante em seu debate sobre a ressurreição de Jesus que ele
travou com William Lane Craig: Jesus teria um irmão gêmeo, e depois que ele
morreu foi esse irmão gêmeo que apareceu aos discípulos.
Gênio! Só que não.
Em primeiro lugar, se Cristo tivesse mesmo um irmão gêmeo
isso seria da maior importância e não deixaria de ser registrado na Bíblia ou
em alguma outra fonte cristã ou secular. Contudo, em momento algum vemos Maria
dando a luz a gêmeos, mas somente a Jesus, que a Bíblia chama de primogênito
(Lc.2:7). Como acreditar em uma teoria que diz que Jesus tinha um irmão gêmeo,
se não existe sequer uma única linha de evidência histórica cristã ou secular
sobre isso? É preciso ter muita fé (ou imaginação fértil) para se crer nisso.
Em segundo lugar, se Jesus tivesse mesmo um irmão gêmeo isso
seria muito bem conhecido pelos discípulos. Esse irmão gêmeo poderia ser Tiago,
José, Judas ou Simão (que eram os quatro irmãos de Jesus – Mc.6:3), que
frequentemente apareciam diante dos discípulos nos evangelhos (Mc.3:17-35).
Como seria possível esconder a existência de um irmão gêmeo por tanto tempo? Se
os discípulos sabiam desse suposto “irmão
gêmeo”, é claro que eles não seriam
enganados tão facilmente. A propósito, eles saberiam que o que morreu foi
Jesus, e que o que estava vivo era o tal irmão gêmeo. Não haveria nenhuma
novidade nisso. Nenhuma “ressurreição” a ser celebrada.
Em terceiro lugar, não é apenas pelo rosto que se reconhece
alguém. Se Jesus tinha um irmão gêmeo, ele certamente teria características e
personalidade que o distinguiriam do verdadeiro. Não é fácil parecer ser Jesus
Cristo: alguém sem pecado, que só praticava o bem, que tinha os mais altos e
elevados valores morais que era possível. Antes de Jesus subir aos céus, ele esteve
quarenta dias com os discípulos (At.1:3). Será que nesses quarenta dias nem um
único discípulo iria perceber a mínima diferença de personalidade entre o
verdadeiro e o falso?
Em quarto lugar, a teoria do irmão gêmeo não explica como que
o Jesus ressurreto apareceu aos discípulos repentinamente, “do nada”, no meio da casa (Jo.20:19). Ele não podia ter pulado a
janela ou entrado pela porta, pois eles estavam a portas fechadas e vigiando,
com medo de serem pegos pelas autoridades romanas. Basta ver como Pedro reagiu
quando suspeitavam que ele fosse um discípulo de Jesus (Jo.18:25-27). Se essa
aparição se deu de modo sobrenatural, cremos que isso só seria possível com o
corpo glorioso e ressurreto do verdadeiro Senhor Jesus, e não com um “sósia” dele.
Em quinto lugar, a teoria do irmão gêmeo pode explicar o fato
deste Jesus ter comido com eles, mas não explica o buraco aberto nos pés e nos
punhos (Jo.20:27). Teria esse irmão gêmeo de Jesus mutilado a si mesmo,
pregando seus próprios pés e seus próprios pulsos, se auto-flagelando apenas
para aparecer aos discípulos? E o que ele ganharia com isso? Depois de quarenta
dias nem voltou a aparecer. Teria se mutilado para nada. Apenas para ter o
prazer de sofrer.
Em sexto, essa teoria não explica a ascensão. Se esse Jesus
não era o verdadeiro, mas um fake,
como ele pôde ter subido ao Céu diante de uma multidão de mais de quinhentas
pessoas? Nem com todos os truques de mágica ele conseguiria isso. E o túmulo
vazio? É mais uma teoria que não explica nada. Se os discípulos tivessem ido ao
túmulo errado, é lógico que as autoridades romanas teriam ido ao túmulo certo,
mostrado o corpo real de Jesus e fim de discussão. Isso não ocorreu
simplesmente porque o verdadeiro túmulo estava realmente vazio. E por isso eles
precisaram dar a desculpa de que os discípulos roubaram o corpo enquanto os
guardas dormiam – porque já não havia ninguém no túmulo verdadeiro.
Uma teoria semelhante a essa é a de que Judas foi crucificado
no lugar de Jesus, e que o verdadeiro Jesus sumiu. O Alcorão, por exemplo,
ensina que Judas foi crucificado no lugar de Cristo e que este foi assunto ao
Céu ainda em vida. Por que essa teoria não pode ser verdadeira? Primeiro,
porque ela é datada de 600 anos depois de Cristo. Será que é mais inteligente
acreditar naquilo que as testemunhas
oculares disseram (Novo Testamento) ou naquilo que pessoas que escreveram
mais de meio milênio mais tarde fizeram, tentando reescrever a história?
Ademais, como nos mostra Geisler e Turek, é ridículo crer que
todos tenham sido enganados quanto à verdadeira identidade daquele que morreu
crucificado:
“Devemos acreditar que a multidão de testemunhas
que presenciou algum aspecto da morte de Jesus – os discípulos, os guardas
romanos, Pilatos, os judeus, a família e os amigos de Jesus – estava toda
errada sobre quem fora morto? De que maneira tantas pessoas poderiam estar
erradas quanto a uma simples identificação? Isso é o mesmo que dizer que
Abraham Lincoln não foi a pessoa assassinada ao lado de sua esposa numa noite
de abril de 1865 no Teatro Ford. Estaria Mary Lincoln errada sobre o homem que
estava sentado ao seu lado? O guarda-costas de Lincoln estava errado sobre quem
ele estava guardando? Todas as outras pessoas estavam erradas sobre a
identidade do presidente também? Não se pode acreditar nisso”[13]
Será que nem os guardas romanos, nem Pilatos, nem Herodes,
nem o povo judeu, nem os discípulos, nem a própria família de Cristo, nem
absolutamente ninguém foi capaz de perceber que aquele homem que foi julgado,
açoitado, pregado numa cruz e morto não era o verdadeiro Jesus? Impossível. E
essa teoria deixa muitas lacunas: como Jesus apareceu aos seus discípulos com
os buracos nos punhos e nos pés, com as marcas dos pregos? Se fosse outro que
tivesse sido crucificado no lugar de Cristo, este estaria em perfeitas
condições.
E como explicar o túmulo vazio, por essa teoria? Será que o
verdadeiro homem que morreu na cruz (que, segundo eles, não foi Jesus)
ressuscitou dos mortos? O túmulo vazio, as aparições após ressurreto e a
ascensão são coisas que não passam nem perto de serem refutadas por essa tese.
A única coisa que ela nos mostra, se estiver certa, é que todas as pessoas do
século I estavam erradas sobre tudo. Que ninguém sabia quem era Jesus. Mas
explica alguma coisa? Não. Nada.
Ao se depararem com todas as evidências que nos mostram de
modo claro que: (1) os discípulos
não inventaram uma história; e: (2)
os discípulos não foram enganados; os céticos são rápidos em responderem: “Mas e os mártires muçulmanos? Eles também morrem pela fé deles! Será que
isso prova que o islamismo também é verdadeiro”? Várias considerações devem ser feitas aqui.
Em primeiro lugar, em momento nenhum foi alegado que toda
religião que tem mártires é uma religião verdadeira. Nem tampouco foi alegado
que alguém não pode morrer por algo que é uma mentira. O que foi alegado é que
ninguém morre por algo que sabe que é uma mentira. Como Geisler e Turek
disseram, “pessoas mal orientadas podem morrer por uma mentira que elas consideram
ser verdade, mas não vão morrer por uma mentira que sabem que é uma mentira. Os autores do NT estavam em posição de
saber a verdade real sobre a ressurreição”[14].
Podemos crer que a ressurreição de Jesus é um fato histórico
porque ninguém morre por algo que sabe que é uma mentira (i.e, os discípulos
não inventaram uma farsa para morrerem por ela), porque os discípulos se diziam
testemunhas oculares da morte, ressurreição e ascensão de Cristo e porque, como
vimos, as teorias que dizem que eles estavam simplesmente enganados falham
miseravelmente.
Mas por que a mesma lógica não deveria valer para os mártires
muçulmanos?
Simples: porque eles nunca presenciaram algum milagre de
Maomé para morrerem por essa causa. Todas as vezes em que Maomé foi desafiado a
realizar algum milagre ele recusou (Surata 3.181-184; 4.153; 6.8,9; 17.88-96),
pois se dizia um simples homem (Surata 19.93). Os ditos “milagres” de Maomé não foram testemunhados por testemunhas oculares da
época de Maomé, mas acrescentados séculos mais tarde no hadith, que é uma coleção posterior de dizeres e feitos de Maomé. O
próprio Maomé jamais realizou milagre algum e na própria crença muçulmana ele
morreu e foi sepultado. Nunca ressuscitou.
Os seguidores de Maomé nunca o viram realizando um milagre
sobrenatural que confirmasse a veracidade de sua fé para que eles morressem por
isso. Eles também jamais alegaram que Maomé ressuscitou e apareceu a eles, para
depois morrerem por essa verdade mesmo diante de toda perseguição e tortura que
pudessem sofrer.
Na verdade, o que ocorreu foi exatamente o inverso: enquanto
os primeiros cristãos eram duramente perseguidos, os primeiros seguidores de
Maomé se espalharam pela força militar. Já em 630 d.C Maomé havia cercado Meca
e alguns anos mais tarde seus seguidores tomaram a terra santa à força. Eles
fizeram o mesmo com Constantinopla e só não conseguiram tomar a Europa por
causa da heróica resistência de Carlos Martel, prefeito de Tours, na França.
Dito em termos simples, “nos
primeiros dias do Cristianismo, uma pessoa poderia ser morta por se tornar
cristã; nos primeiros dias do crescimento do islã, uma pessoa poderia ser morta
por não se tornar um muçulmano”![15]
Portanto, o fato de ambas
as religiões possuírem mártires não significa que ambas possuem testemunhas
oculares de milagres, para que pudessem comprovar a veracidade dos tais e
morrer por essa causa. Os cristãos eram testemunhas oculares do Cristo
ressurreto e morreram por isso; os muçulmanos, contudo, nunca foram testemunhas
oculares de algum milagre de Maomé e nunca alegaram tê-lo visto ressurreto,
pois este se encontra no túmulo até hoje. Os mártires muçulmanos morrem
simplesmente por fé, enquanto os mártires cristãos morriam porque viram os milagres com seus próprios
olhos e sabiam que estiveram com o
Cristo ressurreto.
Como disseram Geisler e
Turek:
“Quer se
fale sobre cristãos, sobre muçulmanos ou sobre pilotos camicases seguidores de
seitas suicidas, todos concordam que os mártires acreditam sinceramente em sua
causa. Mas a diferença crítica é que os mártires cristãos do NT tinham mais do
que sinceridade – eles tinham evidências de que a ressurreição de Jesus era verdadeira. Por
quê? Porque os mártires do NT foram testemunhas oculares do Cristo
ressurreto. Sabiam que a ressurreição era verdadeira, e não uma mentira,
porque a verificaram com seus próprios sentidos. Eles viram, tocaram e até
mesmo comeram com o Jesus ressurreto em diversas ocasiões. Viram-no realizar
mais de 30 milagres”[16]
Portanto, o fato de haver
mártires em outras religiões de modo algum invalida ou anula o argumento da
ressurreição de Cristo, a não ser que se prove que há alguma outra religião
onde as testemunhas oculares de seu principal expoente o viram realizando
diversos milagres somente explicáveis de modo sobrenatural (ex: andar sobre as
águas, ressuscitar os mortos, multiplicar pães e peixes, curar leprosos, etc),
ressuscitando dos mortos e aparecendo fisicamente diante delas, que decidiram
manter a fé até sob prisão, tortura e morte.
Isso, porém, não ocorre
nem no islamismo nem em qualquer outra religião que não seja a cristã. Mártires
existem em todos os lugares, mas as razões
que os levam a isso é o cerne da questão. Morrer por uma fé cega em herdar
um Paraíso carnal onde há sete virgens para cada homem é uma coisa totalmente
diferente de morrer por alguém que se sabe
que realmente ressuscitou pois apareceu vivo depois de morto e por quarenta
dias, tendo sido testemunhas oculares de sua ressurreição e ascensão ao Céu.
A conclusão mais lógica e
coerente à luz de todas as evidências apresentadas, que relaciona perfeitamente
a existência do túmulo vazio, as aparições do Cristo ressurreto, sua ascensão
ao Céu diante de muitas testemunhas, o fato de que os discípulos não inventaram
uma história e nem foram enganados, nos leva irremediavelmente a crer que
Jesus, realmente, ressuscitou dos mortos. Apenas isso ligaria perfeitamente
todas as peças do quebra-cabeça. Somente assim tudo começaria a fazer sentido.
Unicamente desta forma haveria sentido em pessoas antes tão amedontradas e
acovardadas se tornarem repentinamente os maiores missionários que esse mundo
jamais conheceu, e a não negarem seu Mestre nem sob tortura e pena de morte.
Sim, ele ressuscitou. O
Hades não pôde deter o autor da vida. A morte não foi capaz de derrotá-lo. A
história não pôde apagá-lo. Os guardas romanos não puderam impedi-lo. O
sepulcro não pôde segurá-lo. Os aguilhões da morte não puderam vencê-lo. Porque
dele, por ele e para ele são todas as coisas. Porque ele vive.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)
(Trecho extraído do meu livro: "As Provas da Existência de Deus")
- Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.
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[1]
Surata, 4.157,158.
[2] Tácito,
Annales, XV.44.
[3]
Suetônio, Vida dos doze Césares, n. 25, p. 256-257.
[4]
Antiguidades,20.9.1.
[5]
Epístola X, 97.
[6]
PEIXOTO, Jefferson. A Ressurreição de
Cristo. Disponível em: <http://segredodedavi.blogspot.com.br/2011/05/ressurreicao-de-cristo.html>.
Acesso em: 23/10/2013.
[7]
TUREK, Frank; GEISLER, Norman. Não tenho
fé suficiente para ser ateu. Editora Vida: 2006.
[8]
Ainda há outras razões pelas quais se torna absurda a tese de que os discípulos
roubaram o corpo de Jesus. Por exemplo: se eles realmente roubaram o corpo,
como é que eles conseguiram passar pelos guardas que guardavam vigia no túmulo,
que tinham que guardá-lo com o risco de perder suas próprias vidas? Será que
nenhum deles perceberia os discípulos movendo a grande pedra que estava no
túmulo? E como os guardas souberam que os discípulos roubaram o corpo, se eles
estavam dormindo?
[9]
TUREK, Frank; GEISLER, Norman. Não tenho
fé suficiente para ser ateu. Editora Vida: 2006.
[10]
ibid.
[11]
ibid.
[12]
ibid.
[13]
ibid.
[14]
ibid.
[15]
ibid.
[16]
ibid.
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