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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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Mais do que uma discussão teórica, a guerra
cultural entre Cristianismo e ateísmo se manifesta na prática. Qual das duas
visões, se seguidas à risca, tem mais condições de tornar o mundo um lugar
melhor? Sabemos que existem pessoas desonestas e más de ambos os lados. Existem
padres pedófilos, existem pastores ladrões, existem religiosos fanáticos, assim
como existe também ateus que são tudo isso e muito mais. Não estamos discutindo
qual dessas duas visões tem mais “gente do bem” e qual delas tem mais “gente do
mal”. Estamos discutindo sobre qual visão de mundo que, caso seja seguida
sem desvio, tem mais possibilidade de fazer o bem ao mundo.
Por exemplo, um padre pode ser pedófilo, mas
ele não vai ser pedófilo porque a religião
cristã o leva a ser pedófilo. A Bíblia não ensina nem conduz ninguém à
pedofilia – ao contrário, ela a condena em todo lugar. Portanto, embora seja
totalmente possível que pessoas religiosas abusem de criancinhas, não é
possível que elas façam isso por causa de
sua religião, como se fosse a sua fé que o levasse a fazer isso. Há uma
diferença crucial entre uma coisa e outra. O pedófilo é um doente viciado que
não abusa de crianças porque crê em Deus – na verdade, ele o faria crendo ou
não. A religião, nestes casos, é apenas um fator ocasional, não a causa do mal. O mesmo se aplica aos
casos de pedófilos ateus – eles não são pedófilos porque são ateus, o ateísmo é ocasional apenas.
Na verdade, se hoje podemos ter certeza de
que os pedófilos (religiosos ou não) fazem algo totalmente repugnante, é porque
o Cristianismo nos passou essa noção moral, e não porque algum sistema ateísta
tenha revolucionado o mundo nesta questão. Olavo de Carvalho observa:
“Na Grécia e no Império Romano,
o uso de menores para a satisfação sexual de adultos foi um costume tolerado e
até prezado. Na China, castrar meninos para vendê-los a ricos pederastas foi um
comércio legítimo durante milênios. No mundo islâmico, a rígida moral que
ordena as relações entre homens e mulheres foi não raro compensada pela
tolerância para com a pedofilia homossexual. Em alguns países isso durou até
pelo menos o começo do século XX, fazendo da Argélia, por exemplo, um jardim
das delícias para os viajantes depravados (leiam as memórias de André Gide, Si le grain NE meurt). Por toda parte
onde a prática da pedofilia recuou, foi a influência do Cristianismo – e
praticamente ela só – que libertou as crianças desse jugo temível”[1]
Voltemos então à questão primordial: qual
visão, caso seja seguida à risca, tem mais chances de levar alguém a fazer o
bem? Temos o Cristianismo, cujos ensinamentos se baseiam em especial no Novo
Testamento, e cujo conjunto de regras morais já foi abordado em todos os
tópicos anteriores, em especial no de versículos bíblicos. Temos, por outro
lado, o ateísmo, que não ensina nada, uma vez que o ateísmo é simplesmente uma
negação, e não uma afirmação. O ateísmo não possui nenhum livro de regras
morais que sirva de impulso à prática do bem. O ateu vai responder que ele
segue as leis laicas de cada país, mas o problema é que essas leis variam e
muitas vezes incorrem em grave desvio moral.
Por exemplo, na Alemanha nazista os judeus não
eram considerados gente. Hitler, o líder máximo, dizia que os judeus eram uma
raça, mas não uma raça humana. Pode parecer terrivelmente cruel tudo aquilo que
ele fez aos judeus, seu discurso de ódio, os campos de concentração, as
horríveis torturas e as seis milhões de mortes, mas ele fez tudo debaixo da lei
daquele país. Nada do que ele fez contrariava uma única linha da lei oficial na
Alemanha nazista, modificada especialmente para conter o ódio aos judeus e
estas atrocidades. Se o ateu tira a sua moralidade somente das leis de cada
país, ele não poderia dizer que Hitler fez algo de errado. Hitler seguiu apenas
as leis alemãs da época, modificadas por ele mesmo.
A coisa fica mais amena porque os nazistas
perderam a guerra. Mas imagine se eles tivessem vencido, e se por décadas e
décadas as futuras gerações de alemães crescessem e fossem educadas sob a
cultura nazista, fossem doutrinadas por professores nazistas e seguisse a lei
alemã, igualmente nazista. Um ateu iria facilmente pensar que a moral nazista é
a certa, porque ele não segue nenhum livro religioso que paute a sua moral acima
da moralidade aprendida pela lei nacional do país dele. Um cristão, contudo,
iria pelo menos se ver num dilema: de um lado, as leis e professores nazistas
pregando o ódio aos judeus; por outro, a Bíblia e os pastores cristãos
ensinando que os judeus são um povo eleito e amado por Deus.
Ele sim teria alguma razão para colocar sua
moral acima da moral nazista, porque o
livro de onde tira seu conjunto de leis morais também está acima do conjunto de leis “morais” nazistas. Por meio da Bíblia,
ele poderia se contrapor ao regime nazista por entender que este não é moral.
Esse dilema não ocorreria com um ateu, cuja totalidade dos ensinamentos morais
são extraídos inteiramente da lei secular do país dele, e do que é aprendido em
sala de aula pelos professores que dão ainda mais base a esta lei secular. Sem
crer em nada maior do que a lei secular,
ele teria a tendência de tolerar a intolerância. Aí está a importância de se
crer em algo imutável e supremo, algo que seja considerado sagrado, que ajude sempre a direcionar as pessoas no caminho certo.
Apesar de o exemplo do nazismo estar longe da
realidade atual, uma vez que o nazismo já foi superado no mundo todo, há muitas
pautas, como as que vimos anteriormente, que estão prestes a ser implantadas no
mundo, queira você ou não: legalização da pedofilia e do incesto, prostituição
como um “trabalho” legal[2],
apologia ao infanticídio, incentivo cada vez mais forte à imoralidade e todo um
conjunto de coisas que os cristãos rejeitam porque sua moral já está bem
estabelecida acima destes erros
morais. Em termos simples, o Cristianismo é uma das últimas forças de
resistência diante do avanço do humanismo ateu, que já assombrou o mundo no
século passado com todo o genocídio e carnificina que fez.
Há ainda outros aspectos a se observar, como,
por exemplo, o fato muito conhecido de que, como disse Dostoiévski, “se Deus não existe, tudo é permitido”. Nós não
estamos dizendo que todos os ateus só fazem o mal porque não creem em Deus, e
muito menos que não existam crentes que não façam coisas más também. Significa,
em vez disso, que a crença em Deus muitas vezes serve como uma barreira moral, a qual impõe certos limites
que, de outra forma, seriam ultrapassados pelo homem. Dawkins relembra certo
acontecimento em que ficou provado que a existência de policiais servia como
forma de controle social para que as pessoas não ultrapassassem os limites
morais:
“Quando eu
era adolescente, no orgulhosamente pacífico Canadá, durante os românticos anos
1960, era um defensor fiel da anarquia de Bakunin. Ria do argumento de meus
pais de que se o governo entregasse as armas o caos tomaria conta de tudo.
Nossas previsões concorrentes foram postas à prova às oito horas da manhã do
dia 17 de outubro de 1969, quando a polícia de Montreal entrou em greve. Às
onze e vinte, o primeiro banco tinha sido roubado. Ao meio-dia a maioria das
lojas do centro da cidade havia fechado as portas por causa dos saques. Algumas
horas depois, taxistas incendiaram a garagem de um serviço de aluguel de
limusines que concorria com eles por passageiros do aeroporto, um atirador
assassinou um policial da província, baderneiros invadiram hotéis e
restaurantes e um médico matou um ladrão em sua casa, no subúrbio. No fim do
dia, seis bancos haviam sido assaltados, cem lojas haviam sido, saqueadas, doze
incêndios haviam sido provocados, quilos e quilos de vidros de vitrines haviam
sido quebrados e 3 milhões de dólares em prejuízos haviam sido registrados, até
que as autoridades da cidade tiveram que chamar o Exército e, é claro, a
polícia montada para restabelecer a ordem. Esse teste empírico decisivo deixou
minha política em frangalhos”
Podemos afirmar que o temor aos policiais é
que fazia com que muitas pessoas não ultrapassassem a barreira de moralidade.
Deveria ser assim? Lógico que não. O ideal seria que as pessoas se comportassem
com ou sem o temor de ser preso. Ninguém deveria não roubar pelo simples fato
de ter medo de ser pego pela polícia. Entretanto, sabemos que nós estamos muito
longe de vivenciar este ideal, de modo que a existência de policiais e de
prisões é necessária para manter a
ordem social, uma vez que muitas pessoas não se comportariam de outra maneira.
A mesma coisa se aplica à crença na
existência de Deus. As pessoas não deveriam se manter comportadas somente por
medo de uma condenação futura, mas, querendo ou não, é fato que muitas delas precisam de uma barreira moral para não
chegarem aos extremos. O medo de ser pego pela polícia pode prevalecer em
lugares onde há policiamento forte, mas e onde não há? Muitos ateus mais
honestos admitem o fato óbvio de que o medo de um “juízo final” serve para
manter muita gente “na linha”. A crença em Deus, independente se Deus realmente
existe ou não, serve positivamente para manter as coisas sob certo controle,
ainda que alguns quebrem os limites, assim como há também muitos que ignoram a
presença de policiais e roubam assim mesmo.
É por isso que os maiores genocidas da
história da humanidade, como Hitler, Stalin, Mao Tsé-Tung, a dinastia Kim na
Coreia do Norte, Pol Pot e Mussolini eram todos ateus. Não é pura coincidência.
A explicação está no fato de que um líder supremo de um regime ateísta não vê barreiras morais acima dele,
porque ele próprio é a autoridade máxima, é a lei para si mesmo. E como
autoridade suprema, qualquer coisa que ele faça deve ser considerada “certa”
por definição. Assim, eles não vêem limites para passar por cima de qualquer um
que os contrarie. Eles não tem que prestar contas a ninguém.
Um líder cristão, por outro lado, ainda que
seja a autoridade máxima em sua terra, ainda está sujeito a princípios e
barreiras morais que estão acima dele, no caso, a moral cristã. Ele sabe
que vai haver um dia em que será julgado por Deus e em que prestará contas por
todo o mal praticado em vida. Ele restringe a si próprio, para não ultrapassar essa
barreira moral. Ele não faz tudo aquilo que gostaria de fazer, porque sabe que
existe uma Autoridade acima dele, a quem ele deve obediência. Se Deus não
existe, então todos os grandes facínoras e genocidas da humanidade, incluindo
Hitler, nunca pagarão pelas atrocidades cometidas em vida. Sem a necessidade de
prestação de contas, isso é uma carta aberta a genocidas matarem cada vez mais.
Eles não têm barreira. Não tem limites.
São o “deus” de si mesmos.
Que a crença em Deus serve como uma barreira
moral, isso também pode ser facilmente constatado pelas estatísticas que
mostram que a porcentagem de irreligiosos criminosos é muito maior do que a
porcentagem de religiosos criminosos, quando comparamos com a média geral de
população religiosa e irreligiosa. Vejamos primeiramente a população em prisões
na Inglaterra e em Gales por religião em julho de 2008:
Religião
|
Número de Presos
|
Porcentagem
|
Sem
religião
|
26.626
|
33,78%
|
Igreja
da Inglaterra
|
23.039
|
29,23%
|
Católico
Romano
|
14.926
|
18,14%
|
Muçulmano
|
9.795
|
12,43%
|
Budista
|
1.737
|
2,20%
|
Sikhista
|
648
|
0,82%
|
Ateu
|
570
|
0,72%
|
Agnóstico
|
514
|
0,65%
|
Hindu
|
434
|
0,55%
|
Pagão
|
366
|
0,46%
|
Rastafari
|
340
|
0,43%
|
Testemunha
de Jeová
|
230
|
0,29%
|
Judeu
|
220
|
0,28%
|
Cientologista
|
3
|
0,00%
|
Agora compare isso com a média nacional de religião de acordo com o Censo da Grã-Bretanha realizado em 2007[3]:
Religião
|
Na População
|
Em Prisões
|
Proporção nas Prisões
|
Cristão
|
71,75%
|
47,37%
|
1,514672 menor
|
Sem
religião
|
14,81%
|
35,15%
|
2,373396 maior
|
Não
declarado
|
7,71%
|
0%
|
-
|
Muçulmano
|
2,97%
|
12,43%
|
4,185185 maior
|
Hindu
|
1,06%
|
0,55%
|
1,927273 menor
|
Sikhista
|
0,63%
|
0,82%
|
1,301587 maior
|
Judeu
|
0,50%
|
0,28%
|
1,785714 menor
|
Outro
|
0,29%
|
1,20%
|
4,137931 maior
|
Budista
|
0,28%
|
2,20%
|
7,857143 maior
|
Como vemos pelas estatísticas, os “sem religião” estão desproporcionalmente representados nas prisões inglesas. Eles aparecem dividindo lugar com os muçulmanos, que também tem um número desproporcionalmente alto, e com os budistas, o que deve se dar especialmente pelo fato do budismo ter sido frequentemente definido como uma “filosofia de vida” ao invés de uma religião propriamente dita, pois não crê em um Criador do Universo, em uma força pessoal que chamamos de Deus. É um sistema praticamente ateísta.
Estes dados são ainda mais chamativos quando
vemos os ateus militantes afirmando que é a religião
que envenena tudo, e que o mundo seria melhor se todos fossem irreligiosos.
As evidências indicam exatamente o contrário. Sem a religião não teríamos a
esmagadora maioria dos grandes cientistas dos séculos passados que
“construíram” a ciência e nos levaram onde estamos hoje, também não teríamos a
elevada moral cristã que moldou o mundo ocidental e que influenciou o mundo
oriental através da evangelização, que dá razão e sentido à vida e à existência
de milhões de pessoas, mas teríamos por outro lado prisões mais lotadas.
Isso não é teoria ou especulação, é
fato: o Cristianismo é uma forma cientificamente comprovada para
combater a criminalidade. O criminologista Byron R. Johnson, em seu livro More God, Less Crime: Why Faith Matters and
How It Could Matter More, provou que a religião é um fenômeno que abaixa a
criminalidade. O livro é um resumo de décadas de pesquisa na área de combate ao
crime. Ele escreve:
“Na maioria esmagadora dos casos, os cientistas sociais apuraram que o
envolvimento religioso pode ser um fator importante no combate ao comportamento
criminoso (...) Em milhares de estudos publicados, independentemente da forma
como é medida, a religião encontra-se consistentemente relacionada com resultados benéficos e positivos”[4]
O Cristianismo não apenas ajuda a prevenir o crime, uma vez que
estabelece regras e padrões morais que não podem ser ultrapassados, que ensina
o amor ao próximo e a lei da não-retaliação (dar a outra face), mas também
ajuda a recuperar o criminoso quando
sai da prisão. Esta é uma observação importante que joga ainda mais fogo no
índice já mostrado de presos na Inglaterra: a pesquisa relatou apenas a
religião que o preso tinha naquele
momento, mas não a que ele tinha quando
cometeu o crime. Eu até hoje nunca vi um caso sequer de um cristão que
tenha praticado um crime e se tornado ateu na cadeia, mas conheço milhares e
milhares de casos em que um ateu (ou irreligioso qualquer, que não dá
importância à religião) se converteu a Cristo enquanto preso.
Se isso fosse levado em consideração,
seguramente o índice de ateus em prisões seria bem maior – e o de cristãos, bem
menor. De qualquer maneira, o ponto em questão é que o Cristianismo ajuda
muitos presos a não saírem dali pior do que entraram. Muitos se convertem a
Cristo e se tornam “novas criaturas” dali em diante – alguns se tornam até
pregadores! Eles se familiarizam com a moral cristã enquanto estão presos, e,
ao sair dali, ao invés de se vingar de alguém ou de voltar ao crime, pregam o
evangelho ou simplesmente seguem suas vidas em paz.
Não há nenhum método conhecido pelo homem que
recupere tantos bandidos da vida do crime quanto a religião cristã. O homem já
inventou milhares de tentativas “seculares” de recuperação, já criou centros de
tratamento psicológico e milhares de medidas socioeducativas que na grande
maioria das vezes não resolvem nada, porque nenhum componente humano pode
preencher o vazio no coração do homem que o evangelho consegue preencher de uma
vez só – através da apresentação de um Deus que o ama, que o perdoa e que te dá
uma nova chance caso você se arrependa de seus pecados e viva uma vida
transformada dali em diante.
O pastor Davi Morgado certa vez disse:
“Bíblias não são permitidas nas
escolas, mas são incentivadas nas prisões. Se as crianças tivessem incentivo
para lê-las nas escolas, elas poderiam não precisar lê-la na prisão”
De fato, o primeiro livro que um prisioneiro
recebe, geralmente, é a Bíblia. E o Estado não faz isso por ser religioso, ou
pelo carcereiro ser cristão, e muito menos pelo prisioneiro querer estudar a Bíblia. O Estado
permite isso simplesmente porque sabe que há situações em que o indivíduo está
tão perdido, tão no fundo do poço, que só Deus pode restaurá-lo. Se a Bíblia
não fizer isso, nada mais pode fazer. E a Bíblia é um método comprovadamente
efetivo na “cura” dos detentos, pelo menos de parte deles. Essa é outra
diferença entre Cristianismo e ateísmo: o Cristianismo ensina valores morais
que o ateísmo não ensina, porque no ateísmo sequer existem padrões morais
objetivos!
Como alguém pode ser “restaurado” pelo
ateísmo? Impossível. O dia em que alguém se tornar uma pessoa melhor por
converter-se ao ateísmo, eu mesmo viro ateu. É mais fácil o Universo inteiro
surgir do nada do que alguém tornar-se uma pessoa melhor através do ateísmo,
porque o ateísmo não traz consigo nenhum conjunto de leis morais que podem
fazer do homem alguém melhor, e nada que dê um sentido completo e objetivo à
vida. Há milhões de bandidos que se tornaram pessoas melhores ao conhecerem o
Cristianismo, mas eu não conheço nenhum que tenha se tornado melhor por ter
deixado de crer em Deus. O ateísmo é um regresso moral. O Cristianismo é a
última esperança para recuperar o irrecuperável.
Em entrevista histórica, Jeffrey Dahmer, que
foi simplesmente o maior serial killer da
história, admitiu:
“Se uma pessoa acredita que não
existe um Deus a quem prestar contas, então qual é o propósito de modificar o
comportamento de forma a que ele fique dentro das normas aceitas? Pelo menos
era assim que eu pensava. Sempre aceitei a teoria da evolução como genuína, que
nós tínhamos originado no lodo. E quando morremos, isso é o fim. Não há mais
nada”[5]
Eu posso lembrar-me de centenas, senão
milhares, de pessoas que foram libertas do vício das drogas por meio da fé.
Será que o ateu pode citar uma só, um único
exemplo apenas, de alguém que foi liberto do vício das drogas depois que
“descobriu” que Deus não existe? O tanto de gente que se liberta das drogas
após conhecer Jesus é inimaginável. Os testemunhos existem aos montões, em
todos os cantos. Você, leitor, pode ser um deles. Ou conhecer alguém que seja.
Essas pessoas, caso ainda estivessem no vício, seriam um peso para o Estado nas
clínicas de reabilitação, e são elas que migram para a criminalidade, roubam e
matam sob o efeito das drogas ou como necessidade para conseguir mais drogas.
Pense no que isso representa em uma visão
macro. Em 2013, o Estado gastou 258
bilhões de reais só em custos com a violência[6].
Dinheiro meu e seu, que é direcionado para custear algo que poderia não existir
se a moral cristã fosse respeitada e seguida em todo o país. O Dr. Rodrigo
Silva, em uma entrevista ao Programa Vejam Só, se pronunciou sobre os
evangelhos apócrifos com uma alegoria:
“Uma vez um ateu foi debater
com um cristão, e o cristão fez um desafio pra ele: ‘Eu faço o debate com você
com uma condição. Eu tenho livros escritos e você tem livros escritos. Eu tenho
palestras publicadas na internet e você tem palestras publicadas na internet.
Leve ao auditório dez pessoas que foram transformadas para o bem pelos seus
livros e palestras, e eu levo dez pessoas que foram transformadas pelos meus.
Se você não puder levar ou eu não puder levar, não haverá debate’. E não houve
debate, porque o ateu não tinha ninguém. Pegue os evangelhos apócrifos, leve a
uma penitenciária e leia para os presos. Eu quero ver quantos deixarão o mundo
das drogas, da maconha, da prostituição, da criminalidade, etc. Nenhum. Mas
leia os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e você vê quantos são
transformados”[7]
Eu posso mostrar a transformação moral na
vida de milhões de pessoas após lerem a Bíblia ou livros cristãos, mas será que
alguém pode me mostrar uma única pessoa que tenha lido Deus, um Delírio, e tenha se tornado alguém moralmente melhor dali
em diante? O máximo que as pessoas se tornam é mais arrogantes, saindo dali
pensando que todos os crentes são doentes que estão delirando como verdadeiros
idiotas, o que só aumenta o ódio, o preconceito e a intolerância da parte
deles. Eles podem mostrar mil “conversões” ao ateísmo, mas não são capazes de
mostrar nem uma única vida transformada radicalmente para o bem após descrer em
Deus. O ateísmo não apenas não soluciona nada, como também funciona como uma
barreira ao desenvolvimento moral de milhões de pessoas.
Se eu te der dez segundos para citar cinco
ateus que deram grandes contribuições à humanidade, há 99% de chances de você
ser do grupo que não consegue chegar nem ao segundo nome[8]. A
maioria vai citar atores famosos (e muito ricos) como Brad Pitt e Angelina Jolie,
que ajudaram com doações milionárias, ou mesmo o homem mais rico do mundo, o
agnóstico Bill Gates, que também já fez doações gigantescas. Sem querer
diminuir a importância destas contribuições em dinheiro, o Cristianismo já fez
muito mais pelo mundo do que qualquer ateu já tenha feito.
Sem mencionar a parte dos avanços morais
históricos (que já foi tratada nos capítulos anteriores), podemos aludir ao
fato de que 90% dos abrigos para desabrigados nos Estados Unidos são ligados a
igrejas, e que metade do capital social de lá vem das igrejas. É fato consumado
e incontestável que, na maioria esmagadora das vezes, a fé é algo que o leva a
comportamentos sociais que são mais engajados para com outras pessoas. As
igrejas, em geral, são fortemente responsáveis pela recuperação de pessoas
perdidas na vida, de drogados, de criminosos e de toda a sorte de pessoas
desacreditadas aos olhos do mundo.
Religiosos, em geral, são mais engajados na
ajuda social, porque tem uma motivação especial de herdar o Reino dos céus com
isso. Você pode achar que esse Reino dos céus não existe, pode achar que essas
pessoas estão contribuindo de forma egoísta apenas para receber algo em troca
num futuro distante, mas não pode negar uma coisa: que isso leva os seres
humanos a fazer mais pelo próximo. Isso é absolutamente incontestável. A fé é
uma virtude, ainda que você não creia nela. Independentemente se Deus existe ou
não, a fé nele é um fator que impulsiona, incentiva e encoraja doações,
contribuições, caridade e favores pelos mais necessitados, muito mais do que a
média dos que não creem em nada. É por
isso que as maiores instituições de caridade são sustentadas por doações de
entidades ou pessoas de caráter religioso.
Esse empenho em ajuda humanitária é
decorrente da própria moral encontrada na maioria das religiões, em especial na
cristã. A moral cristã é tão elevada que o próprio Dawkins, entre uma crítica e
outra, reconhece:
“O Sermão
da Montanha é bastante progressista. Seu ‘ofereça a outra face’ antecipou
Gandhi e Martin Luther King em 2 mil anos”
Como bem salientou McGrath, “Jesus estendeu explicitamente o mandamento do Antigo
Testamento de ‘amar o seu próximo’ para ‘amar os seus inimigos' (Mateus 5:44).
Longe de endossar a ‘hostilidade aos de fora’, ele recomendou e ordenou uma
moral de ‘ratificação dos de fora’. Os cristãos certamente podem ser acusados
de não cumprir esse mandamento. Mas ele está lá, bem na essência da ética
cristã”[9].
Essa é a diferença entre o Cristianismo e o ateísmo. O Cristianismo tem algo a
oferecer, ainda que haja maus cristãos que não o pratiquem. O ateísmo sequer
tem algo a oferecer, mantendo ainda mais distância da prática.
Qual “missionário ateu’ viajaria o mundo para
ajudar a vida das pessoas? Isso, infelizmente, não existe. Existem casos isolados,
aqui e ali, mas nenhum compromisso com missões em escala global para propagar
uma moral mais elevada. Os cristãos, ao pregar o Cristianismo aos pagãos,
trazem junto consigo em seus ensinamentos todo o conjunto moral que o próprio
Dawkins reconhece ser “bastante progressista”. Eles percorrem o mundo para
ensinar a valorizar a mulher onde a mulher é desprezada, a libertar os escravos
onde ainda há escravidão, a honrar a vida humana onde ainda há infanticídio ou
sacrifício infantil, a viver uma vida santa onde a imoralidade e a
criminalidade prevalecem. Eles abrem mão de suas próprias vidas para viver pelo
próximo, como Jesus ensinou (Mt.16:24).
O Cristianismo tem um poder transformador que
o ateísmo não tem. Enquanto os neo-ateus se sentem confortáveis com sua missão
de destruir todas as religiões atrás de um computador, via internet, os
cristãos dão sua cara a tapa, saem de sua zona de conforto e vão pregar um
evangelho que transforma vidas no outro lado do mundo. A “evangelização”
ateísta só faz com que pessoas deixem de acreditar em Deus. A evangelização
cristã não apenas firma mais a crença de alguém em Deus, mas também a torna uma
pessoa melhor ao ensinar todo o padrão de moralidade que é capaz de transformar
um ser humano para melhor.
Mesmo assim, ainda temos que suportar
declarações de Dawkins como essa:
“A
religião devora recursos, às vezes em escala maciça. Uma catedral medieval era
capaz de consumir cem centúrias de homens em sua construção, e jamais foi usada
como habitação, ou para qualquer propósito declaradamente útil”
O cinismo e sem-vergonhice de Dawkins aqui é
patente. Ele não escreve uma linha contra bailes funk, contra festas rave,
contra boates e casas de prostituição, contra motéis ou contra qualquer fonte
de devassidão moral com suas consequencias reais. Não. O alvo dele são as igrejas, sim, bem exatamente aquelas
instituições que são responsáveis por 90% dos abrigos para desabrigados, por
mais da metade do capital social norte-americano, pela recuperação de milhões
de drogados e criminosos e pelo incentivo à caridade e boas obras, com efeitos
práticos evidentes. Isso não é somente uma argumentação estúpida: é um crime
intelectual. Desonestidade pura. Dawkins poderia aproveitar para mostrar algum
propósito declaradamente útil em
organizações ateístas como a ATEA, cujo único propósito é a divulgação do
neo-ateísmo e seu preconceito e intolerância intrínsecos.
Infelizmente, o neo-ateísmo de Richard
Dawkins é um tipo desonesto de
ateísmo, onde seus proponentes se vêem forçados na incumbência de negar ou
minimizar qualquer conquista ou realização cristã nos aspectos morais, éticos e
sociais. Os céticos mais sérios e honestos, mais comprometidos com a verdade do
que com uma militância ateísta, não vêem problemas em reconhecer a contribuição
extraordinária que o Cristianismo deu à humanidade através dos ensinamentos de
Jesus ao redor do mundo, ainda que eles mesmos não sejam cristãos. O famoso
historiador e erudito mundialmente respeitado, W. E. H. Lecky, por exemplo,
declarou:
“O caráter de Jesus não foi
somente o mais elevado padrão de virtude, mas também o mais forte incentivo em
sua prática, e exerceu uma influência tão profunda que podemos dizer com
verdade que o simples registro de três anos de atividade fez mais em prol da regeneração
e da suavização da humanidade do que todas as reflexões dos filósofos e todas
as exortações dos moralistas”[10]
O filósofo e cético Antony Flew também
asseverou:
“Na verdade, eu acho que o Cristianismo
é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja
verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a
combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe
que foi São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião
foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era
capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes”[11]
Até mesmo o famoso ateu Michael
Shermer, diretor da “Sociedade dos Céticos”, após discorrer sobre os males que
a religião já causou ao mundo, ressaltou:
“Entretanto, para cada
uma das grandes tragédias há dez mil atos de bondade pessoal e benefício social
que ficam sem registro (...) A religião, como todas as instituições sociais de
profundidade histórica e impacto cultural, não pode ser reduzida a um
definitivo bem ou mal”[12]
Infelizmente, Dawkins prefere
recorrer a falácias e a espantalhos populares para cegar a si mesmo e se fechar
à verdade, ignorando as evidências quando elas caminham em direção contrária a
seu ateísmo. Ele prefere repetir com Nietzsche o
devaneio de que “o Cristianismo foi, até o momento,
a maior desgraça da humanidade” do que reconhecer a verdade sobre o
Cristianismo, cuja moral está muito acima da moralidade humanista secular. Ele
não se preocupa em seguir as evidências, mas sim em distorcer as evidências para o seu lado. Em alguns lugares a
verdade costuma importar. Parece que para Dawkins este não é o caso.
[1] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[2] No Brasil, a legalização da prostituição está a cargo
do ex-BBB Jean Wyllys: http://notas.ligahumanista.org/2013/12/observacoes-criticas-sobre-o-pl-n.html
[4] Byron R. Johnson, More God, Less Crime: Why Faith Matters and
How It Could Matter More.
[8] Eu me esqueci. Este site mostra os dez ateus mais
famosos e suas “contribuições” para a humanidade: http://tiagolinno.wordpress.com/2011/09/27/10-mais-famosos-ateus-e-suas-contribuicoes-para-a-humanidade/. Perdoem-me o esquecimento!
[9] Alister McGrath, O
Delírio de Dawkins.
[10] Lecky, W. E. H. A History European Morals from Augustus to
Charlemagne. Londres: Longmans Green,
1869.
[11] Antony Flew, Um
Ateu Garante: Deus Existe.
[12] Citado por Alister McGrath em O Delírio de Dawkins.
Você tem livros para indicar sobre a moral ateísta e teísta?
ResponderExcluirObrigado.
Gabriel Mendes -
Leia o "Cristianismo Puro e Simples", de C. S. Lewis. Abs!
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