quinta-feira, 2 de abril de 2015

Moral Cristã vs Moral Ateísta - Resultados Práticos


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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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Mais do que uma discussão teórica, a guerra cultural entre Cristianismo e ateísmo se manifesta na prática. Qual das duas visões, se seguidas à risca, tem mais condições de tornar o mundo um lugar melhor? Sabemos que existem pessoas desonestas e más de ambos os lados. Existem padres pedófilos, existem pastores ladrões, existem religiosos fanáticos, assim como existe também ateus que são tudo isso e muito mais. Não estamos discutindo qual dessas duas visões tem mais “gente do bem” e qual delas tem mais “gente do mal”. Estamos discutindo sobre qual visão de mundo que, caso seja seguida sem desvio, tem mais possibilidade de fazer o bem ao mundo.

Por exemplo, um padre pode ser pedófilo, mas ele não vai ser pedófilo porque a religião cristã o leva a ser pedófilo. A Bíblia não ensina nem conduz ninguém à pedofilia – ao contrário, ela a condena em todo lugar. Portanto, embora seja totalmente possível que pessoas religiosas abusem de criancinhas, não é possível que elas façam isso por causa de sua religião, como se fosse a sua fé que o levasse a fazer isso. Há uma diferença crucial entre uma coisa e outra. O pedófilo é um doente viciado que não abusa de crianças porque crê em Deus – na verdade, ele o faria crendo ou não. A religião, nestes casos, é apenas um fator ocasional, não a causa do mal. O mesmo se aplica aos casos de pedófilos ateus – eles não são pedófilos porque são ateus, o ateísmo é ocasional apenas.

Na verdade, se hoje podemos ter certeza de que os pedófilos (religiosos ou não) fazem algo totalmente repugnante, é porque o Cristianismo nos passou essa noção moral, e não porque algum sistema ateísta tenha revolucionado o mundo nesta questão. Olavo de Carvalho observa:

“Na Grécia e no Império Romano, o uso de menores para a satisfação sexual de adultos foi um costume tolerado e até prezado. Na China, castrar meninos para vendê-los a ricos pederastas foi um comércio legítimo durante milênios. No mundo islâmico, a rígida moral que ordena as relações entre homens e mulheres foi não raro compensada pela tolerância para com a pedofilia homossexual. Em alguns países isso durou até pelo menos o começo do século XX, fazendo da Argélia, por exemplo, um jardim das delícias para os viajantes depravados (leiam as memórias de André Gide, Si le grain NE meurt). Por toda parte onde a prática da pedofilia recuou, foi a influência do Cristianismo – e praticamente ela só – que libertou as crianças desse jugo temível”[1]

Voltemos então à questão primordial: qual visão, caso seja seguida à risca, tem mais chances de levar alguém a fazer o bem? Temos o Cristianismo, cujos ensinamentos se baseiam em especial no Novo Testamento, e cujo conjunto de regras morais já foi abordado em todos os tópicos anteriores, em especial no de versículos bíblicos. Temos, por outro lado, o ateísmo, que não ensina nada, uma vez que o ateísmo é simplesmente uma negação, e não uma afirmação. O ateísmo não possui nenhum livro de regras morais que sirva de impulso à prática do bem. O ateu vai responder que ele segue as leis laicas de cada país, mas o problema é que essas leis variam e muitas vezes incorrem em grave desvio moral.

Por exemplo, na Alemanha nazista os judeus não eram considerados gente. Hitler, o líder máximo, dizia que os judeus eram uma raça, mas não uma raça humana. Pode parecer terrivelmente cruel tudo aquilo que ele fez aos judeus, seu discurso de ódio, os campos de concentração, as horríveis torturas e as seis milhões de mortes, mas ele fez tudo debaixo da lei daquele país. Nada do que ele fez contrariava uma única linha da lei oficial na Alemanha nazista, modificada especialmente para conter o ódio aos judeus e estas atrocidades. Se o ateu tira a sua moralidade somente das leis de cada país, ele não poderia dizer que Hitler fez algo de errado. Hitler seguiu apenas as leis alemãs da época, modificadas por ele mesmo.

A coisa fica mais amena porque os nazistas perderam a guerra. Mas imagine se eles tivessem vencido, e se por décadas e décadas as futuras gerações de alemães crescessem e fossem educadas sob a cultura nazista, fossem doutrinadas por professores nazistas e seguisse a lei alemã, igualmente nazista. Um ateu iria facilmente pensar que a moral nazista é a certa, porque ele não segue nenhum livro religioso que paute a sua moral acima da moralidade aprendida pela lei nacional do país dele. Um cristão, contudo, iria pelo menos se ver num dilema: de um lado, as leis e professores nazistas pregando o ódio aos judeus; por outro, a Bíblia e os pastores cristãos ensinando que os judeus são um povo eleito e amado por Deus.

Ele sim teria alguma razão para colocar sua moral acima da moral nazista, porque o livro de onde tira seu conjunto de leis morais também está acima do conjunto de leis “morais” nazistas. Por meio da Bíblia, ele poderia se contrapor ao regime nazista por entender que este não é moral. Esse dilema não ocorreria com um ateu, cuja totalidade dos ensinamentos morais são extraídos inteiramente da lei secular do país dele, e do que é aprendido em sala de aula pelos professores que dão ainda mais base a esta lei secular. Sem crer em nada maior do que a lei secular, ele teria a tendência de tolerar a intolerância. Aí está a importância de se crer em algo imutável e supremo, algo que seja considerado sagrado, que ajude sempre a direcionar as pessoas no caminho certo.

Apesar de o exemplo do nazismo estar longe da realidade atual, uma vez que o nazismo já foi superado no mundo todo, há muitas pautas, como as que vimos anteriormente, que estão prestes a ser implantadas no mundo, queira você ou não: legalização da pedofilia e do incesto, prostituição como um “trabalho” legal[2], apologia ao infanticídio, incentivo cada vez mais forte à imoralidade e todo um conjunto de coisas que os cristãos rejeitam porque sua moral já está bem estabelecida acima destes erros morais. Em termos simples, o Cristianismo é uma das últimas forças de resistência diante do avanço do humanismo ateu, que já assombrou o mundo no século passado com todo o genocídio e carnificina que fez.

Há ainda outros aspectos a se observar, como, por exemplo, o fato muito conhecido de que, como disse Dostoiévski, “se Deus não existe, tudo é permitido”. Nós não estamos dizendo que todos os ateus só fazem o mal porque não creem em Deus, e muito menos que não existam crentes que não façam coisas más também. Significa, em vez disso, que a crença em Deus muitas vezes serve como uma barreira moral, a qual impõe certos limites que, de outra forma, seriam ultrapassados pelo homem. Dawkins relembra certo acontecimento em que ficou provado que a existência de policiais servia como forma de controle social para que as pessoas não ultrapassassem os limites morais:

“Quando eu era adolescente, no orgulhosamente pacífico Canadá, durante os românticos anos 1960, era um defensor fiel da anarquia de Bakunin. Ria do argumento de meus pais de que se o governo entregasse as armas o caos tomaria conta de tudo. Nossas previsões concorrentes foram postas à prova às oito horas da manhã do dia 17 de outubro de 1969, quando a polícia de Montreal entrou em greve. Às onze e vinte, o primeiro banco tinha sido roubado. Ao meio-dia a maioria das lojas do centro da cidade havia fechado as portas por causa dos saques. Algumas horas depois, taxistas incendiaram a garagem de um serviço de aluguel de limusines que concorria com eles por passageiros do aeroporto, um atirador assassinou um policial da província, baderneiros invadiram hotéis e restaurantes e um médico matou um ladrão em sua casa, no subúrbio. No fim do dia, seis bancos haviam sido assaltados, cem lojas haviam sido, saqueadas, doze incêndios haviam sido provocados, quilos e quilos de vidros de vitrines haviam sido quebrados e 3 milhões de dólares em prejuízos haviam sido registrados, até que as autoridades da cidade tiveram que chamar o Exército e, é claro, a polícia montada para restabelecer a ordem. Esse teste empírico decisivo deixou minha política em frangalhos”

Podemos afirmar que o temor aos policiais é que fazia com que muitas pessoas não ultrapassassem a barreira de moralidade. Deveria ser assim? Lógico que não. O ideal seria que as pessoas se comportassem com ou sem o temor de ser preso. Ninguém deveria não roubar pelo simples fato de ter medo de ser pego pela polícia. Entretanto, sabemos que nós estamos muito longe de vivenciar este ideal, de modo que a existência de policiais e de prisões é necessária para manter a ordem social, uma vez que muitas pessoas não se comportariam de outra maneira.

A mesma coisa se aplica à crença na existência de Deus. As pessoas não deveriam se manter comportadas somente por medo de uma condenação futura, mas, querendo ou não, é fato que muitas delas precisam de uma barreira moral para não chegarem aos extremos. O medo de ser pego pela polícia pode prevalecer em lugares onde há policiamento forte, mas e onde não há? Muitos ateus mais honestos admitem o fato óbvio de que o medo de um “juízo final” serve para manter muita gente “na linha”. A crença em Deus, independente se Deus realmente existe ou não, serve positivamente para manter as coisas sob certo controle, ainda que alguns quebrem os limites, assim como há também muitos que ignoram a presença de policiais e roubam assim mesmo.

É por isso que os maiores genocidas da história da humanidade, como Hitler, Stalin, Mao Tsé-Tung, a dinastia Kim na Coreia do Norte, Pol Pot e Mussolini eram todos ateus. Não é pura coincidência. A explicação está no fato de que um líder supremo de um regime ateísta não vê barreiras morais acima dele, porque ele próprio é a autoridade máxima, é a lei para si mesmo. E como autoridade suprema, qualquer coisa que ele faça deve ser considerada “certa” por definição. Assim, eles não vêem limites para passar por cima de qualquer um que os contrarie. Eles não tem que prestar contas a ninguém.

Um líder cristão, por outro lado, ainda que seja a autoridade máxima em sua terra, ainda está sujeito a princípios e barreiras morais que estão acima dele, no caso, a moral cristã. Ele sabe que vai haver um dia em que será julgado por Deus e em que prestará contas por todo o mal praticado em vida. Ele restringe a si próprio, para não ultrapassar essa barreira moral. Ele não faz tudo aquilo que gostaria de fazer, porque sabe que existe uma Autoridade acima dele, a quem ele deve obediência. Se Deus não existe, então todos os grandes facínoras e genocidas da humanidade, incluindo Hitler, nunca pagarão pelas atrocidades cometidas em vida. Sem a necessidade de prestação de contas, isso é uma carta aberta a genocidas matarem cada vez mais. Eles não têm barreira. Não tem limites. São o “deus” de si mesmos.

Que a crença em Deus serve como uma barreira moral, isso também pode ser facilmente constatado pelas estatísticas que mostram que a porcentagem de irreligiosos criminosos é muito maior do que a porcentagem de religiosos criminosos, quando comparamos com a média geral de população religiosa e irreligiosa. Vejamos primeiramente a população em prisões na Inglaterra e em Gales por religião em julho de 2008:

Religião
Número de Presos
Porcentagem
Sem religião
26.626
33,78%
Igreja da Inglaterra
23.039
29,23%
Católico Romano
14.926
18,14%
Muçulmano
9.795
12,43%
Budista
1.737
2,20%
Sikhista
648
0,82%
Ateu
570
0,72%
Agnóstico
514
0,65%
Hindu
434
0,55%
Pagão
366
0,46%
Rastafari
340
0,43%
Testemunha de Jeová
230
0,29%
Judeu
220
0,28%
Cientologista
3
0,00%

Agora compare isso com a média nacional de religião de acordo com o Censo da Grã-Bretanha realizado em 2007[3]:

Religião
Na População
Em Prisões
Proporção nas Prisões
Cristão
71,75%
47,37%
1,514672 menor
Sem religião
14,81%
35,15%
2,373396 maior
Não declarado
7,71%
0%
-
Muçulmano
2,97%
12,43%
4,185185 maior
Hindu
1,06%
0,55%
1,927273 menor
Sikhista
0,63%
0,82%
1,301587 maior
Judeu
0,50%
0,28%
1,785714 menor
Outro
0,29%
1,20%
4,137931 maior
Budista
0,28%
2,20%
7,857143 maior

Como vemos pelas estatísticas, os “sem religião” estão desproporcionalmente representados nas prisões inglesas. Eles aparecem dividindo lugar com os muçulmanos, que também tem um número desproporcionalmente alto, e com os budistas, o que deve se dar especialmente pelo fato do budismo ter sido frequentemente definido como uma “filosofia de vida” ao invés de uma religião propriamente dita, pois não crê em um Criador do Universo, em uma força pessoal que chamamos de Deus. É um sistema praticamente ateísta.

Estes dados são ainda mais chamativos quando vemos os ateus militantes afirmando que é a religião que envenena tudo, e que o mundo seria melhor se todos fossem irreligiosos. As evidências indicam exatamente o contrário. Sem a religião não teríamos a esmagadora maioria dos grandes cientistas dos séculos passados que “construíram” a ciência e nos levaram onde estamos hoje, também não teríamos a elevada moral cristã que moldou o mundo ocidental e que influenciou o mundo oriental através da evangelização, que dá razão e sentido à vida e à existência de milhões de pessoas, mas teríamos por outro lado prisões mais lotadas.

Isso não é teoria ou especulação, é fato: o Cristianismo é uma forma cientificamente comprovada para combater a criminalidade. O criminologista Byron R. Johnson, em seu livro More God, Less Crime: Why Faith Matters and How It Could Matter More, provou que a religião é um fenômeno que abaixa a criminalidade. O livro é um resumo de décadas de pesquisa na área de combate ao crime. Ele escreve:

“Na maioria esmagadora dos casos, os cientistas sociais apuraram que o envolvimento religioso pode ser um fator importante no combate ao comportamento criminoso (...) Em milhares de estudos publicados, independentemente da forma como é medida, a religião encontra-se consistentemente relacionada com resultados benéficos e positivos[4]

O Cristianismo não apenas ajuda a prevenir o crime, uma vez que estabelece regras e padrões morais que não podem ser ultrapassados, que ensina o amor ao próximo e a lei da não-retaliação (dar a outra face), mas também ajuda a recuperar o criminoso quando sai da prisão. Esta é uma observação importante que joga ainda mais fogo no índice já mostrado de presos na Inglaterra: a pesquisa relatou apenas a religião que o preso tinha naquele momento, mas não a que ele tinha quando cometeu o crime. Eu até hoje nunca vi um caso sequer de um cristão que tenha praticado um crime e se tornado ateu na cadeia, mas conheço milhares e milhares de casos em que um ateu (ou irreligioso qualquer, que não dá importância à religião) se converteu a Cristo enquanto preso.

Se isso fosse levado em consideração, seguramente o índice de ateus em prisões seria bem maior – e o de cristãos, bem menor. De qualquer maneira, o ponto em questão é que o Cristianismo ajuda muitos presos a não saírem dali pior do que entraram. Muitos se convertem a Cristo e se tornam “novas criaturas” dali em diante – alguns se tornam até pregadores! Eles se familiarizam com a moral cristã enquanto estão presos, e, ao sair dali, ao invés de se vingar de alguém ou de voltar ao crime, pregam o evangelho ou simplesmente seguem suas vidas em paz.

Não há nenhum método conhecido pelo homem que recupere tantos bandidos da vida do crime quanto a religião cristã. O homem já inventou milhares de tentativas “seculares” de recuperação, já criou centros de tratamento psicológico e milhares de medidas socioeducativas que na grande maioria das vezes não resolvem nada, porque nenhum componente humano pode preencher o vazio no coração do homem que o evangelho consegue preencher de uma vez só – através da apresentação de um Deus que o ama, que o perdoa e que te dá uma nova chance caso você se arrependa de seus pecados e viva uma vida transformada dali em diante.

O pastor Davi Morgado certa vez disse:

“Bíblias não são permitidas nas escolas, mas são incentivadas nas prisões. Se as crianças tivessem incentivo para lê-las nas escolas, elas poderiam não precisar lê-la na prisão”

De fato, o primeiro livro que um prisioneiro recebe, geralmente, é a Bíblia. E o Estado não faz isso por ser religioso, ou pelo carcereiro ser cristão, e muito menos pelo prisioneiro querer estudar a Bíblia. O Estado permite isso simplesmente porque sabe que há situações em que o indivíduo está tão perdido, tão no fundo do poço, que só Deus pode restaurá-lo. Se a Bíblia não fizer isso, nada mais pode fazer. E a Bíblia é um método comprovadamente efetivo na “cura” dos detentos, pelo menos de parte deles. Essa é outra diferença entre Cristianismo e ateísmo: o Cristianismo ensina valores morais que o ateísmo não ensina, porque no ateísmo sequer existem padrões morais objetivos!

Como alguém pode ser “restaurado” pelo ateísmo? Impossível. O dia em que alguém se tornar uma pessoa melhor por converter-se ao ateísmo, eu mesmo viro ateu. É mais fácil o Universo inteiro surgir do nada do que alguém tornar-se uma pessoa melhor através do ateísmo, porque o ateísmo não traz consigo nenhum conjunto de leis morais que podem fazer do homem alguém melhor, e nada que dê um sentido completo e objetivo à vida. Há milhões de bandidos que se tornaram pessoas melhores ao conhecerem o Cristianismo, mas eu não conheço nenhum que tenha se tornado melhor por ter deixado de crer em Deus. O ateísmo é um regresso moral. O Cristianismo é a última esperança para recuperar o irrecuperável.

Em entrevista histórica, Jeffrey Dahmer, que foi simplesmente o maior serial killer da história, admitiu:

“Se uma pessoa acredita que não existe um Deus a quem prestar contas, então qual é o propósito de modificar o comportamento de forma a que ele fique dentro das normas aceitas? Pelo menos era assim que eu pensava. Sempre aceitei a teoria da evolução como genuína, que nós tínhamos originado no lodo. E quando morremos, isso é o fim. Não há mais nada”[5]

Eu posso lembrar-me de centenas, senão milhares, de pessoas que foram libertas do vício das drogas por meio da fé. Será que o ateu pode citar uma só, um único exemplo apenas, de alguém que foi liberto do vício das drogas depois que “descobriu” que Deus não existe? O tanto de gente que se liberta das drogas após conhecer Jesus é inimaginável. Os testemunhos existem aos montões, em todos os cantos. Você, leitor, pode ser um deles. Ou conhecer alguém que seja. Essas pessoas, caso ainda estivessem no vício, seriam um peso para o Estado nas clínicas de reabilitação, e são elas que migram para a criminalidade, roubam e matam sob o efeito das drogas ou como necessidade para conseguir mais drogas.

Pense no que isso representa em uma visão macro. Em 2013, o Estado gastou 258 bilhões de reais só em custos com a violência[6]. Dinheiro meu e seu, que é direcionado para custear algo que poderia não existir se a moral cristã fosse respeitada e seguida em todo o país. O Dr. Rodrigo Silva, em uma entrevista ao Programa Vejam Só, se pronunciou sobre os evangelhos apócrifos com uma alegoria:

“Uma vez um ateu foi debater com um cristão, e o cristão fez um desafio pra ele: ‘Eu faço o debate com você com uma condição. Eu tenho livros escritos e você tem livros escritos. Eu tenho palestras publicadas na internet e você tem palestras publicadas na internet. Leve ao auditório dez pessoas que foram transformadas para o bem pelos seus livros e palestras, e eu levo dez pessoas que foram transformadas pelos meus. Se você não puder levar ou eu não puder levar, não haverá debate’. E não houve debate, porque o ateu não tinha ninguém. Pegue os evangelhos apócrifos, leve a uma penitenciária e leia para os presos. Eu quero ver quantos deixarão o mundo das drogas, da maconha, da prostituição, da criminalidade, etc. Nenhum. Mas leia os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e você vê quantos são transformados”[7]

Eu posso mostrar a transformação moral na vida de milhões de pessoas após lerem a Bíblia ou livros cristãos, mas será que alguém pode me mostrar uma única pessoa que tenha lido Deus, um Delírio, e tenha se tornado alguém moralmente melhor dali em diante? O máximo que as pessoas se tornam é mais arrogantes, saindo dali pensando que todos os crentes são doentes que estão delirando como verdadeiros idiotas, o que só aumenta o ódio, o preconceito e a intolerância da parte deles. Eles podem mostrar mil “conversões” ao ateísmo, mas não são capazes de mostrar nem uma única vida transformada radicalmente para o bem após descrer em Deus. O ateísmo não apenas não soluciona nada, como também funciona como uma barreira ao desenvolvimento moral de milhões de pessoas.

Se eu te der dez segundos para citar cinco ateus que deram grandes contribuições à humanidade, há 99% de chances de você ser do grupo que não consegue chegar nem ao segundo nome[8]. A maioria vai citar atores famosos (e muito ricos) como Brad Pitt e Angelina Jolie, que ajudaram com doações milionárias, ou mesmo o homem mais rico do mundo, o agnóstico Bill Gates, que também já fez doações gigantescas. Sem querer diminuir a importância destas contribuições em dinheiro, o Cristianismo já fez muito mais pelo mundo do que qualquer ateu já tenha feito.

Sem mencionar a parte dos avanços morais históricos (que já foi tratada nos capítulos anteriores), podemos aludir ao fato de que 90% dos abrigos para desabrigados nos Estados Unidos são ligados a igrejas, e que metade do capital social de lá vem das igrejas. É fato consumado e incontestável que, na maioria esmagadora das vezes, a fé é algo que o leva a comportamentos sociais que são mais engajados para com outras pessoas. As igrejas, em geral, são fortemente responsáveis pela recuperação de pessoas perdidas na vida, de drogados, de criminosos e de toda a sorte de pessoas desacreditadas aos olhos do mundo.

Religiosos, em geral, são mais engajados na ajuda social, porque tem uma motivação especial de herdar o Reino dos céus com isso. Você pode achar que esse Reino dos céus não existe, pode achar que essas pessoas estão contribuindo de forma egoísta apenas para receber algo em troca num futuro distante, mas não pode negar uma coisa: que isso leva os seres humanos a fazer mais pelo próximo. Isso é absolutamente incontestável. A fé é uma virtude, ainda que você não creia nela. Independentemente se Deus existe ou não, a fé nele é um fator que impulsiona, incentiva e encoraja doações, contribuições, caridade e favores pelos mais necessitados, muito mais do que a média dos que não creem em nada.  É por isso que as maiores instituições de caridade são sustentadas por doações de entidades ou pessoas de caráter religioso.

Esse empenho em ajuda humanitária é decorrente da própria moral encontrada na maioria das religiões, em especial na cristã. A moral cristã é tão elevada que o próprio Dawkins, entre uma crítica e outra, reconhece:

“O Sermão da Montanha é bastante progressista. Seu ‘ofereça a outra face’ antecipou Gandhi e Martin Luther King em 2 mil anos”

Como bem salientou McGrath, “Jesus estendeu explicitamente o mandamento do Antigo Testamento de ‘amar o seu próximo’ para ‘amar os seus inimigos' (Mateus 5:44). Longe de endossar a ‘hostilidade aos de fora’, ele recomendou e ordenou uma moral de ‘ratificação dos de fora’. Os cristãos certamente podem ser acusados de não cumprir esse mandamento. Mas ele está lá, bem na essência da ética cristã”[9]. Essa é a diferença entre o Cristianismo e o ateísmo. O Cristianismo tem algo a oferecer, ainda que haja maus cristãos que não o pratiquem. O ateísmo sequer tem algo a oferecer, mantendo ainda mais distância da prática.

Qual “missionário ateu’ viajaria o mundo para ajudar a vida das pessoas? Isso, infelizmente, não existe. Existem casos isolados, aqui e ali, mas nenhum compromisso com missões em escala global para propagar uma moral mais elevada. Os cristãos, ao pregar o Cristianismo aos pagãos, trazem junto consigo em seus ensinamentos todo o conjunto moral que o próprio Dawkins reconhece ser “bastante progressista”. Eles percorrem o mundo para ensinar a valorizar a mulher onde a mulher é desprezada, a libertar os escravos onde ainda há escravidão, a honrar a vida humana onde ainda há infanticídio ou sacrifício infantil, a viver uma vida santa onde a imoralidade e a criminalidade prevalecem. Eles abrem mão de suas próprias vidas para viver pelo próximo, como Jesus ensinou (Mt.16:24).

O Cristianismo tem um poder transformador que o ateísmo não tem. Enquanto os neo-ateus se sentem confortáveis com sua missão de destruir todas as religiões atrás de um computador, via internet, os cristãos dão sua cara a tapa, saem de sua zona de conforto e vão pregar um evangelho que transforma vidas no outro lado do mundo. A “evangelização” ateísta só faz com que pessoas deixem de acreditar em Deus. A evangelização cristã não apenas firma mais a crença de alguém em Deus, mas também a torna uma pessoa melhor ao ensinar todo o padrão de moralidade que é capaz de transformar um ser humano para melhor.

Mesmo assim, ainda temos que suportar declarações de Dawkins como essa:

“A religião devora recursos, às vezes em escala maciça. Uma catedral medieval era capaz de consumir cem centúrias de homens em sua construção, e jamais foi usada como habitação, ou para qualquer propósito declaradamente útil”

O cinismo e sem-vergonhice de Dawkins aqui é patente. Ele não escreve uma linha contra bailes funk, contra festas rave, contra boates e casas de prostituição, contra motéis ou contra qualquer fonte de devassidão moral com suas consequencias reais. Não. O alvo dele são as igrejas, sim, bem exatamente aquelas instituições que são responsáveis por 90% dos abrigos para desabrigados, por mais da metade do capital social norte-americano, pela recuperação de milhões de drogados e criminosos e pelo incentivo à caridade e boas obras, com efeitos práticos evidentes. Isso não é somente uma argumentação estúpida: é um crime intelectual. Desonestidade pura. Dawkins poderia aproveitar para mostrar algum propósito declaradamente útil em organizações ateístas como a ATEA, cujo único propósito é a divulgação do neo-ateísmo e seu preconceito e intolerância intrínsecos.

Infelizmente, o neo-ateísmo de Richard Dawkins é um tipo desonesto de ateísmo, onde seus proponentes se vêem forçados na incumbência de negar ou minimizar qualquer conquista ou realização cristã nos aspectos morais, éticos e sociais. Os céticos mais sérios e honestos, mais comprometidos com a verdade do que com uma militância ateísta, não vêem problemas em reconhecer a contribuição extraordinária que o Cristianismo deu à humanidade através dos ensinamentos de Jesus ao redor do mundo, ainda que eles mesmos não sejam cristãos. O famoso historiador e erudito mundialmente respeitado, W. E. H. Lecky, por exemplo, declarou:

“O caráter de Jesus não foi somente o mais elevado padrão de virtude, mas também o mais forte incentivo em sua prática, e exerceu uma influência tão profunda que podemos dizer com verdade que o simples registro de três anos de atividade fez mais em prol da regeneração e da suavização da humanidade do que todas as reflexões dos filósofos e todas as exortações dos moralistas”[10]

O filósofo e cético Antony Flew também asseverou:

“Na verdade, eu acho que o Cristianismo é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe que foi São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes”[11]

Até mesmo o famoso ateu Michael Shermer, diretor da “Sociedade dos Céticos”, após discorrer sobre os males que a religião já causou ao mundo, ressaltou:

“Entretanto, para cada uma das grandes tragédias há dez mil atos de bondade pessoal e benefício social que ficam sem registro (...) A religião, como todas as instituições sociais de profundidade histórica e impacto cultural, não pode ser reduzida a um definitivo bem ou mal”[12]

Infelizmente, Dawkins prefere recorrer a falácias e a espantalhos populares para cegar a si mesmo e se fechar à verdade, ignorando as evidências quando elas caminham em direção contrária a seu ateísmo. Ele prefere repetir com Nietzsche o devaneio de que “o Cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade” do que reconhecer a verdade sobre o Cristianismo, cuja moral está muito acima da moralidade humanista secular. Ele não se preocupa em seguir as evidências, mas sim em distorcer as evidências para o seu lado. Em alguns lugares a verdade costuma importar. Parece que para Dawkins este não é o caso.

Por Cristo e por Seu Reino,

(Trecho extraído do meu livro: "Deus é um Delírio?")


        




[1] Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
[2] No Brasil, a legalização da prostituição está a cargo do ex-BBB Jean Wyllys: http://notas.ligahumanista.org/2013/12/observacoes-criticas-sobre-o-pl-n.html
[4] Byron R. Johnson, More God, Less Crime: Why Faith Matters and How It Could Matter More.
[8] Eu me esqueci. Este site mostra os dez ateus mais famosos e suas “contribuições” para a humanidade: http://tiagolinno.wordpress.com/2011/09/27/10-mais-famosos-ateus-e-suas-contribuicoes-para-a-humanidade/. Perdoem-me o esquecimento!
[9] Alister McGrath, O Delírio de Dawkins.
[10] Lecky, W. E. H. A History European Morals from Augustus to Charlemagne. Londres: Longmans Green, 1869.
[11] Antony Flew, Um Ateu Garante: Deus Existe.
[12] Citado por Alister McGrath em O Delírio de Dawkins.

2 comentários:

  1. Você tem livros para indicar sobre a moral ateísta e teísta?
    Obrigado.
    Gabriel Mendes -

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    Respostas
    1. Leia o "Cristianismo Puro e Simples", de C. S. Lewis. Abs!

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