quinta-feira, 2 de abril de 2015

O valor da mulher na Bíblia


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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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Ainda no século XIX, o grande evangelista Charles Spurgeon, conhecido como o “príncipe dos pregadores”, relatou uma experiência missionária que teve com uma mulher hindu, que lhe disse: “Certamente a sua Bíblia foi escrita por uma mulher!”. Ele, sem entender muito bem, perguntou: “Por quê?”. E ela respondeu: “Porque diz tantas coisas boas para as mulheres. Nossos sábios nunca se referem a nós, a não ser para nos repreender”.

De fato, se o Cristianismo foi a única religião e cultura no mundo a defender os direitos das mulheres até mesmo fora de seu território, é de se esperar que a regra de fé dos cristãos – a Bíblia – não seja como os livros sagrados das outras religiões, nem como as filosofias dos grandes filósofos do passado, nem tampouco como a lei de muitos países orientais. Se a Bíblia realmente estimula a misoginia (ódio às mulheres), como Dawkins repete várias vezes em seu livro, por que nos territórios cristãos as mulheres são enormemente tratadas com mais valor do que nos territórios onde outra religião ou filosofia predomina?

Se a Bíblia instiga o ódio às mulheres, por que os missionários empenharam todos os seus esforços, arriscando muitas vezes suas próprias vidas, para espalhar uma mensagem de amor no outro lado do mundo, que reverteria completamente o papel e valor da mulher na sociedade? Por que até mesmo o discurso dos humanistas seculares só existe em países que são ou eram predominantemente cristãos? Por que os cristãos simplesmente não desprezaram as mulheres como os outros fazem?

Está claro, para qualquer bom entendedor e qualquer pessoa minimamente inteligente com alguma capacidade de raciocínio, que se o Cristianismo revolucionou o papel da mulher na sociedade é porque o livro em que se baseia (a Bíblia) é ele mesmo uma revolução nestes termos. Os neo-ateus como Dawkins distorcem, como já estão acostumados e treinados a fazer, certas passagens lá dá lei de Moisés (a qual parece sempre ser a única parte da Bíblia que eles leem), como já é costumaz, e em cima destas distorções querem afirmar que o Antigo Testamento estimula a misoginia.

Comecemos com os textos bíblicos que falam da poligamia. Era até comum que alguns personagens bíblicos do Antigo Testamento possuíssem mais de uma mulher, seguindo o costume de todos os povos da época. Isso faz alguns ateus presumirem que a poligamia era aprovada por Deus, o que não possui base bíblica. Deus não ajudou Davi, Abraão ou Salomão por causa que eles tinham várias mulheres, mas apesar de eles terem várias mulheres. Não há uma única linha do Antigo Testamento onde Deus estimule, incite ou sequer mostre aceitação para com alguém que se casava com mais de uma mulher.

Os escritores bíblicos meramente registravam que os patriarcas em geral costumavam ter mais de uma mulher, assim como eles também costumavam não esconder nenhum tipo de pecado cometido por eles. Ou seja: eles registravam a poligamia de Davi da mesma forma e no mesmo sentido em que registravam seu adultério com Bate-Seba. De forma alguma estavam apoiando um adultério, mas somente registrando que um adultério ocorreu. A poligamia faz parte da lista de pecados dos personagens bíblicos, em especial do Antigo Testamento, da qual já tratei no início deste capítulo.

De fato, o Cristianismo é uma das primeiras religiões de que se tem registro que adotou e defendeu a visão hoje predominante no mundo ocidental, de que a família é constituída por um homem, uma mulher e filhos(as). Isso fica muito evidente desde o princípio da criação. Deus não criou Adão e sete mulheres para ele se casar com todas que ele quisesse, nem criou Adão e “Ivo” para um relacionamento homossexual. Não. Ele criou inicialmente apenas um homem e uma mulher, e fez com que este relacionamento-padrão fosse entre o homem e a [única] mulher. O padrão estabelecido desde o início era de um casamento monogâmico:

“Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:24)[1]

Deus não disse: “deixará o [singular] homem seu pai e mãe e se unirá às suas [plural] mulheres”, mas aplicou o singular para ambos. O propósito era, é e sempre será de uma família constituída de um único homem, o pai, de uma única mulher, a mãe, e pelos filhos gerados nesta união. Não é irônico notar que os mesmos humanistas que se lançam contra este padrão judaico-cristão (por apoiar o casamento entre dois homens ou duas mulheres, que desconfigura o conceito de família) sejam os mesmos que fingem que ele não existe quando o assunto é a poligamia?

Não é irônico eles defenderem um conceito fixo de família na hora de repudiar a poligamia, mas se esquecerem disso na hora de aceitar o casamento gay? Se o conceito judaico-cristão sobre a família está errado e família é qualquer coisa (qualquer ajuntamento de pessoas) que quiserem chamar de “família”, então eles não teriam base e nem critério-padrão para reclamar da poligamia. Afinal, qualquer um poderia sustentar a tese subjetiva de que o seu conceito pessoal de família inclui outras mulheres. Mas eles, em suma maioria, rejeitam a poligamia, o que presume um conceito fixo e estável do mesmo, e paradoxalmente desconfiguram este mesmo conceito ao defender teses incoerentes a ele.

Desta forma, os cristãos têm uma base e padrão objetivo para defender a monogamia, enquanto os humanistas não têm nada. Os cristãos podem se apoiar no conceito judaico-cristão de família, mas os humanistas não têm nenhum conceito nem um padrão moral objetivo para determinar o que é família e o que não é família, e por isso estariam sendo incoerentes ao rejeitar a poligamia sem apelar para padrão objetivo nenhum, já que eles não têm. Se isso não é uma clara evidência de que o Cristianismo é a única forma conhecida de se defender coerentemente a monogamia, eu não sei o que pode ser.

O humanismo não tem uma coerência interna em seu conceito abstrato e subjetivo de família, e por isso não tem moral alguma para dizer que a poligamia é errada. Os cristãos têm. Ironicamente, deveriam ser os cristãos a usar o “argumento da poligamia” contra os humanistas, e não o contrário. Eles só defendem a monogamia porque vivem em um mundo ocidental moldado há séculos pela cultura cristã. Nós defendemos porque temos um padrão objetivo, uma razão para defender o que cremos.

Eles não podem honestamente acusar a Bíblia de poligamia quando de forma indireta eles só passaram a condenar a poligamia por causa da Bíblia, ou seja, por causa do impacto que a Bíblia causou na cultura ocidental, onde predominou no mundo. O apóstolo Paulo, assim como Moisés ao escrever o Gênesis e Jesus no evangelho de Marcos, confirmou que os cristãos devem ter “uma só mulher” (1Tm.3:12; 3:2; Tt.1:6). Foi essa visão bíblica e cristã que superou milênios de machismo poligâmico. Foi o Cristianismo que revolucionou todo o conceito de casamento, dando mais honra e dignidade às mulheres.

Mas os neo-ateus não descansam por aí. Eles são realmente incansáveis e insaciáveis quando o assunto é manipular e distorcer textos bíblicos. Se eles fizessem pelo mundo metade do esforço que eles demonstram em deturpar textos bíblicos, o mundo já teria superado todos seus males há muito tempo. Alguns destes ativistas neo-ateus fanáticos que nada tem a fazer além de ler Levítico chegam ao cúmulo do ridículo ao afirmar que o Antigo Testamento é machista por dizer que as mulheres ficavam “impuras” pela menstruação. Eles só se esquecem de dizer que os homens também tinham suas próprias impurezas endereçadas exclusivamente a eles, tal como a impureza do sêmen (Lv.15:16-18,32; 22:4; Dt.23:10)[2].

Se a impureza do sêmen não significa que a Bíblia é preconceituosa contra os homens, por que raios a impureza da menstruação significa que a Bíblia é preconceituosa contra as mulheres? É em textos como esse, tirado grosseiramente de seu contexto, que os neo-ateus se apoiam na tese de que “a Bíblia é machista”. Um leigo de mente instável, que nada sabe de Bíblia, apenas lê as citações fora de contexto e pensa que um argumento destes (da impureza da menstruação) é uma “prova” de que a Bíblia é machista. Alguém com um pouco mais de inteligência e conhecimento somente ri de um raciocínio tão estúpido.

Mas os desbravadores de Levítico, incansáveis como sempre, também citam o “julgamento do ciúme”, presente em Números 5, como outra das “provas” que eles têm de que a Bíblia é “machista”. Como teoricamente somente o homem poderia pedir a prova de que a mulher é adúltera e o mesmo não aparece em relação à mulher sobre pedir a prova de adultério do homem, concluem que a Bíblia privilegia o homem. Essa é mais uma péssima interpretação do texto, já que o contexto todo é aplicado universalmente (para homens e mulheres), dentro dos termos “israelitas” (Nm.5:2), “homem ou mulher” (Nm.5:6), “um homem ou uma mulher” (Nm.6:2). Citar uma mulher foi somente um exemplo, uma ilustração didática de como seria um julgamento, e não que este julgamento valia somente para ela, o que é uma deturpação do texto bíblico.

A outra “prova” que eles têm, também tirada de Levítico (que surpresa), é a que diz que a mulher ficaria impura por 40 dias após dar à luz a um menino, mas por 80 dias após dar a luz a uma menina (Lv.12:1-8). Isso significa que o homem tinha mais valor? Não. A explicação disso está no fluxo de sangue, e não em algum valor espiritual transcendente. O verso 5 mostra a razão da “impureza”: o “sangue de sua purificação”. Paul Copan explica que “a mulher experimenta sangramento vaginal no nascimento, todavia tal sangramento vaginal é comum nas meninas recém-nascidas também, devido à retirada do estrógeno da mãe quando o bebê deixa o ventre da mãe. Então nós temos duas fontes de impureza ritual com o nascimento de uma menina, mas somente uma com o nascimento de um menino”[3].

A prova mais forte de que este texto não está falando nada sobre o valor espiritual ou social da mulher em relação ao homem é porque, ao se terminar a purificação, a mãe que dava a luz a um menino tinha que dar a mesma oferta que a mãe que dava a luz a uma menina, que era a oferta de purificação de dois pombinhos (Lv.12:6). Se a mulher tivesse menos valor, então é óbvio que o texto diria que a oferta da mãe que deu a luz a uma menina seria menor que a oferta da que deu a luz a um menino. Mas não é. Levítico 12:1-8 está claramente falando de um ritual por questão técnicas, e não de uma questão moral ou existencial, de valor social.

A evidência mais nítida de que os neo-ateus estão totalmente perdidos em sua argumentação e que nunca leram a Bíblia em seu contexto é a acusação pífia de que a lei do levirato era contra a mulher. Era exatamente o contrário. O irmão do marido falecido era instruído a se casar com a viúva porque se ele não fizesse isso ninguém iria querer se casar com ela. A prova mais clara de que essa lei era em favor da mulher, e não contra ela, é que quem tinha o poder de exigir que o levirato se cumprisse era a mulher, e não o homem. Em outras palavras, a decisão estava com a mulher, e o homem tinha apenas que se submeter à opinião dela.

Era a mulher, e não o homem, quem podia exigir que esta lei se cumprisse, e se a mulher não quisesse se casar com o irmão do marido falecido era só não fazer questão. Se essa lei traz alguma “vantagem” ou dá algum valor a mais para algum gênero, este certamente é à mulher, e não ao homem! Imagine se fosse o contrário. Imagine se o marido pudesse exigir por lei que a irmã da sua esposa falecida se casasse com ele. Os neo-ateus estariam nessa hora esbravejando ao ponto de espumar pela boca, dizendo que “a Bíblia é machista! É machista! É machista! É machista!”. É de se apavorar a constatação de que até uma lei claramente feita para favorecer a mulher seja usada hoje pelos neo-ateus como se fosse uma lei “machista”! Prova de que são mal-intencionados, ou muito burros.

Por fim, os neo-ateus citam também o fato de que somente os homens deveriam ser sacerdotes na lei de Moisés. Esta acusação merece como resposta um grande: Eeeeeeeeeeee daí? Os homens que não eram da linhagem de Arão também não podiam ser sacerdotes. Será que a Bíblia é preconceituosa contra eles também? Não houve livro antigo que desse tanto destaque às mulheres como a Bíblia. Para citar somente as partes do Antigo Testamento que eles amam, vemos a Bíblia enfatizando Sara, Hagar, Rebeca, Raquel, Lia, Tamar, Sifrá, Puá, Miriã, Zípora, Débora, Rute, Noemi, Abigail, Raabe e tantas outras.

Houve até mulher que na época da lei (essa mesma lei horrivelmente machista, como eles dizem) ocupou o cargo mais alto entre os israelitas, que era o cargo de juíza (os juízes precederam os reis, na época em que Israel ainda não tinha rei). Débora foi uma juíza, que a Bíblia diz que liderava Israel naquela época (Jz.4:4). Como é que todos os israelitas homens iriam se deixar governar por uma mulher, se Dawkins diz que a lei dos israelitas era machista e disseminava o ódio às mulheres? O que vemos, ao contrário, é que Débora não apenas exerceu o cargo mais alto em Israel na época (equivalente à presidente de hoje), como também foi uma das mais elogiadas no período em que exerceu o cargo. Procure um paralelo a isso em toda a história antiga, e você não achará nada.

Mas como os neo-ateus gostam de brincar de Antigo Testamento, vamos fazer o mesmo[4]:

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que existia a circuncisão masculina, mas não a circuncisão feminina? Por que a lei de Moisés mandava os homens cortarem a pele do pênis (o que doía pra caramba), mas não falava nada sobre as mulheres precisarem mutilar alguma parte do corpo, como ocorre em outras culturas no mundo até os dias de hoje? Se a lei de Moisés foi feita por homens para oprimir as mulheres, por que prescreveram que seriam os homens que teriam que passar por essa dor, e que as mulheres seriam completamente poupadas? Esta não é uma forma muito estranha de ser machista e de oprimir as mulheres?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que diz que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn.1:27), ao invés de dizer que somente o homem é a imagem de Deus?

Se a Bíblia é machista, por que todos os homens israelitas aceitaram ficar debaixo da liderança de uma mulher chamada Débora (Jz.4:4), e por que durante décadas ninguém fez absolutamente nada para mudar isso? Por que não fizeram uma revolta, não levantaram um golpe, não puseram veneno em sua comida, não elegeram um homem no lugar dela nem a desobedeceram em nenhum momento?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que em toda parte ela diz para o filho honrar o pai e a mãe (Êx.20:12), ao invés de mandar honrar somente o pai, o homem da casa, como consta nas leis dos povos realmente machistas, que desprezavam a mulher? Isso não significa que a mulher tinha pelo menos alguma autonomia na casa, para ser honrada tanto quanto o seu marido? Se a mulher não era independente, mas somente uma propriedade do marido, a obediência deveria ser somente ao pai, pois nada que a mãe falasse por si mesma teria validade. Como explicar isso à luz da crença de que a Bíblia é machista e que ensina o ódio às mulheres?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que o propósito original de Deus para com o casamento é de um homem e uma mulher (Gn.2:24; Mc.10:7-8), e não de um homem e várias mulheres? Por que a Bíblia não apoia nem incita a poligamia, que é uma forma de machismo amplamente presente nas culturas não-cristãs? Aliás, qual é o padrão objetivo para afirmar que a poligamia é absolutamente errada e que desconfigura o padrão de família, se a família é meramente um conceito abstrato e subjetivo?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que nela não há nada parecido com as filosofias explicitamente machistas e preconceituosas, como as presentes em Platão e em Aristóteles (que classificavam a mulher como um intermediário entre o homem e o animal), em Tales de Mileto (que dizia que os gregos tinham que agradecer por não terem nascido animais nem mulheres) e em tantos outros intelectuais do passado? Por que não há nenhum lugar na Bíblia que ligue a mulher aos animais, ou que peça para agradecermos a Deus por não sermos mulheres? Por que pessoas teoricamente menos instruídas do que Platão e Aristóteles, escrevendo em uma época ainda mais remota do que eles, com menos conhecimento, não deixaram passar nada na Bíblia que fosse tão estúpido e claramente preconceituoso?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que não há nenhuma ordem claramente preconceituosa? Por que não manda as mulheres viverem com burcas cobrindo todo o corpo, por que não as proíbe de trabalhar ou estudar, por que não faz apologia à mutilação feminina, por que não defende o infanticídio de recém-nascidas, por que não advoga a prostituição, por que não proíbe as mulheres de andarem desacompanhadas ou qualquer outra proibição do tipo, que é a coisa mais comum do mundo de vermos nas culturas não-cristãs do mundo atual, e quanto mais naquela época, há 1400 anos antes de Cristo?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que ela diz que quem encontra uma esposa “acha o bem” (Pv.18:22), ao invés de dizer que encontra algo ruim ou mal? Se a mulher era mal vista, por que é considerada algo “bom”?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que diz que “quem manda embora sua mãe é o filho que traz vergonha e desonra” (Pv.19:26)? Se a mulher era desprezada, não tinha valor e não importava, por que o escritor bíblico coloca neste texto a ênfase na mulher, que como mãe tem que ser respeitada e tratada com dignidade? Por que não falou só do homem?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que Salomão diz para “não desprezar tua mãe quando vier a envelhecer” (Pv.23:22)? Se as mulheres já eram desprezadas, que diferença faria continuar desprezando quando envelhecer? Que sentido faz este texto à luz da crença de que os autores do Antigo Testamento eram machistas?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que ela diz para se alegrar no seu pai e na sua mãe, e se regozijar nos dois (Pv.23:25), ao invés de dizer para se alegrar e se regozijar somente no pai, como frequentemente ocorria em outras culturas?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que em Cantares está escrito: “eu sou do meu amado, e o meu amado é meu (Ct.7:10)? Que direito ou moral a mulher teria para dizer com tanta confiança e ousadia que “o meu amado é meu”, se ela era somente uma propriedade dele? Se a mulher em Israel era vista como uma propriedade do marido, por que o texto não diz somente que “eu sou do meu amado”, e termina por aí? A sequencia que diz que o meu amado é meu não é uma prova irrefutável de igualdade, onde um “é” do outro em sentido de amor mútuo, ao invés de ser no sentido de possessão física como propriedade particular, como insistem os neo-ateus?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que na lei do levirato era a mulher que poderia exigir do irmão do marido falecido que cumprisse sua obrigação por lei e se casasse com ela, e o marido não tinha nenhum direito de fazer a mesma coisa quando sua esposa morria? Por que a mulher tinha o direito de exigir que um homem se casasse com ela caso ela tivesse este interesse, mas o homem não podia fazer a mesma coisa? Não está óbvio que esta lei é em favor da mulher, ao invés de ser contra ela? Qual o interesse em favorecer a mulher em uma sociedade supostamente machista?

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, por que os aspectos morais da lei se aplicam igualmente ao homem e à mulher, sem distinção? Por que quando um casal era flagrado em adultério os dois tinham que morrer, ao invés de ser apenas a mulher? Por que autores machistas que odiavam mulheres e que faziam de tudo para privilegiar o homem não iriam ter pensado na ideia tão óbvia para um típico machista, que seria a de punir somente a mulher e deixar o homem impune?

Se a mulher era vista em Israel como uma propriedade do homem, por que o homem não era punido simplesmente por “violação de propriedade”, quando era flagrado em adultério? O crime de violação de propriedade não era punido com a morte pela lei de Moisés. Mas o de se deitar com uma mulher sim. Isso prova que a mulher não era vista como uma propriedade, mas como um ser humano de valor tão igual quanto o homem, razão pela qual ambos pagavam a mesma pena pelo mesmo pecado.

Se a Bíblia é machista e ensina o ódio à mulher, como explicar os versos bíblicos que dizem:

“Se ele insistir em dizer: ‘Não quero me casar com ela’, a viúva do seu irmão se aproximará dele, na presença dos líderes, tirará uma das sandálias dele, cuspirá no seu rosto e dirá: ‘É isso que se faz com o homem que não perpetua a descendência do seu irmão’. E a descendência daquele homem será conhecida em Israel como a família do descalçado” (Deuteronômio 25:8-10)

Como uma lei machista iria prescrever tamanha humilhação que um homem sofreria de uma mulher? Já imaginou se fosse o contrário? Os neo-ateus estariam esbravejando até agora, dizendo que a Bíblia é “machista” porque a mulher era “humilhada” no episódio. Mas como é o contrário, e o homem que era humilhado, eles ficam quietos. Por quê? Se eles eram “machistas”, não era mais simples dizer que o homem tinha o direito de não se casar e ponto final? Já imaginou isso acontecendo em um país muçulmano, com uma mulher cuspindo no rosto do homem, o humilhando e ficando por isso mesmo? Tem certeza que a Bíblia é machista?

Eu estou ainda sendo gentil em não citar o Novo Testamento, senão seria covardia. Fiz questão de citar exclusivamente o Antigo Testamento, porque é somente dali que os neo-ateus tiram todas as suas acusações levianas para enganar os incautos que já sofreram lavagem cerebral deles. Como sou cristão, usarei de compaixão e misericórdia e terminarei este estudo por aqui, sem citar o Novo Testamento. Sim, vou deixar barato. Vocês me devem essa.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

(Trecho extraído do meu livro: "Deus é um Delírio?")


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[1] Jesus citou este mesmo versículo ao defender o casamento monogâmico entre um homem e uma mulher, ao dizer: “Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne” (Marcos 10:7-8).
[2] Tratarei sobre o conceito de “impureza” da lei de Moisés um tópico à frente deste. Persevere.
[3] Paul Copan, Deus é um Monstro Moral?
[4] Além das evidências citadas abaixo, eu poderia acrescentar o fato de que Deus fez Eva da costela de Adão (Gn.2:22). Muitos comentaristas bíblicos veem nisso uma alegoria de que a mulher não é nem inferior ao homem (para ser tirada dos pés dele) nem superior a ele (para ser tirada da cabeça), mas em igualdade, tirada no meio do corpo de Adão. Se essa analogia é válida eu não sei (razão pela qual não a elenco na lista abaixo), mas que é uma possibilidade interessante e possível, isso é.

1 comentários:

  1. A religião que mais valoriza as mulheres fora a cristã.As outras as tratam como objetos;islamismo.

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