Eis aqui alguns dos principais
motivos pelos quais o Novo Testamento é de todo confiável:
1. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos sobre
si mesmos. A tendência da maioria dos autores é deixar
de fora qualquer coisa que prejudique sua aparência. É o “princípio do
embaraço”. Agora pense: Se você e seus amigos estivessem forjando uma história
que você quisesse que fosse vista como verdadeira, vocês se mostrariam como
covardes, tolos e apáticos, pessoas que foram advertidas e que duvidaram? É
claro que não. Mas é exatamente isso que encontramos no NT. Se você fosse autor
do NT, escreveria que um dos seus principais líderes foi chamado de “Satanás”
por Jesus, negou o Senhor três vezes, escondeu-se durante a crucifixão e, mais
tarde, foi repreendido numa questão teológica?
O que você acha que os
autores do NT teriam feito se estivessem inventando uma história? Teriam
deixado de lado a sua inaptidão, sua covardia, a repreensão que receberam, as
negações e seus problemas teológicos, mostrando-se como cristãos ousados que se
colocaram a favor de Jesus diante de tudo e que, de maneira confiante,
marcharam até a tumba na manhã de domingo, bem diante dos guardas romanos, para
encontrarem o Jesus ressurreto que os esperava para salvá-los por sua grande
fé! Os homens que escreveram o NT também diriam que eles é que contaram às
mulheres sobre o Jesus ressurreto, que eram as únicas que estavam escondendo-se
por medo dos judeus. E, naturalmente, se a história fosse uma invenção, nenhum
discípulo, em momento algum, teria sido retratado como alguém que duvida
(especialmente depois de Jesus ter ressuscitado).
2. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos e dizeres
difíceis de Jesus. Os autores do NT também são honestos sobre
Jesus. Eles não apenas registraram detalhes de uma auto-incriminação sobre si
mesmos, mas também registraram detalhes embaraçosos sobre seu líder, Jesus, que
parecem colocá-Lo numa situação bastante ruim. Exemplos: Jesus foi considerado
“fora de Si” por Sua mãe e Seus irmãos, por quem também foi desacreditado; foi
visto como enganador; foi abandonado por Seus seguidores e quase apedrejado
certa ocasião; foi chamado de “beberrão” e de “endemoninhado”, além de “louco”.
Finalmente, foi crucificado como malfeitor.
Entre as situações
teologicamente “embaraçosas”, encontramos as seguintes: Ele amaldiçoa uma
figueira (Mat. 21:18); Ele parece incapaz de realizar milagres em Sua cidade
natal, exceto curar algumas pessoas doentes (Mar. 6:5); e parece indicar que o
Pai é maior que Ele (João 14:28). Se os autores do NT queriam provar a todos
que Jesus era Deus, então por que não eliminaram dizeres e situações
complicados que parecem argumentar contra a Sua deidade? Os autores do NT foram
extremamente precisos ao registrar exatamente aquilo que Jesus disse e fez.
3. Os autores do NT incluíram as exigências de Jesus. Se
os autores do NT estavam inventando uma história, certamente não inventaram uma
que tenha tornado a vida mais fácil para eles. Esse Jesus tinha alguns padrões
bastante exigentes. O Sermão do Monte (Mateus 5), por exemplo, não parece ser
uma invenção humana. São mandamentos difíceis de ser cumpridos pelos seres
humanos e parecem ir na direção contrária dos interesses dos homens que os
registraram. E certamente são contrários aos desejos de muitos hoje que desejam
uma religião de espiritualidade sem exigências morais.
4. Os autores do NT fizeram clara distinção entre as
palavras de Jesus e as deles. Embora não existam aspas
ou travessão para indicar uma citação no grego do século I, os autores do NT
distinguiram as palavras de Jesus de maneira bastante clara. Teria sido muito
fácil para esses homens resolverem as disputas teológicas do primeiro século
colocando palavras na boca de Jesus. E fariam isso também, caso estivessem
inventando a “história do Cristianismo”. Teria sido muito conveniente para
esses autores terminar todo debate ou controvérsia em torno de questões como
circuncisão, leis cerimoniais judaicas, falar em línguas, mulheres na igreja e
assim por diante, simplesmente inventando citações de Jesus. Mas eles nunca
fizeram isso. Mantiveram-se fiéis ao que Jesus disse e não disse.
5. Os autores do NT incluíram fatos relacionados à
ressurreição de Jesus que eles não poderiam ter inventado. Eles
registraram que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia, um membro do
Sinédrio – o conselho do governo jadaico que sentenciou Jesus à morte por
blasfêmia. Esse não é um fato que poderiam ter inventado. Considerando a
amargura que certos cristãos guardavam no coração contra as autoridades
judaicas, por que eles colocariam um membro do Sinédrio de maneira tão
positiva? E por que colocariam Jesus na sepultura de uma autoridade judaica? Se
José não sepultou Jesus, essa história teria sido facilmente exposta como
fraudulenta pelos inimigos judaicos do Cristianismo. Mas os judeus nunca
negaram a história e jamais se encontrou uma história alternativa para o
sepultamento de Jesus.
Todos os quatro evangelhos
dizem que as mulheres foram as primeiras testemunhas do túmulo vazio e as
primeiras a saberem da ressurreição. Uma dessas mulheres era Maria Madalena,
que Lucas admite ter sido uma mulher possuída por demônios (Luc. 8:2). Isso
jamais teria sido inserido numa história inventada. Uma pessoa possessa por
demônios já seria uma testemunha questionável, mas as mulheres em geral não
eram sequer consideradas testemunhas confiáveis naquela cultura do século I. O
fato é que o testemunho de uma mulher não tinha peso num tribunal. Desse modo,
se você estivesse inventando uma história da ressurreição de Jesus no século I,
evitaria o testemunho de mulheres e faria homens – os corajosos – serem os
primeiros a descobrir o túmulo vazio e o Jesus ressurreto. Citar o testemunho
de mulheres – especialmente de mulheres possuídas por demônios – seria um golpe
fatal à tentativa de fazer uma mentira ser vista como verdade.
“Por que o Jesus
ressurreto não apareceu aos fariseus?” é uma pergunta comum feita pelos
céticos. A resposta pode ser porque não teria sido necessário. Isso é
normalmente desprezado, mas muitos sacerdotes de Jerusalém tornaram-se
cristãos. Lucas escreve: “Crescia rapidamente o
número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes
obedecia à fé” (Atos 6:7). Se você está tentando fazer que
uma mentira seja vista como verdade, não facilita as coisas para os seus
inimigos, permitindo que exponham a sua história. A conversão dos fariseus e a
de José de Arimatéia eram dois detalhes desnecessários que, se fossem falsos,
teriam acabado com a “farsa” de Lucas.
Em Mateus 28:11-15, é
exposta a versão judaica para o fato do túmulo vazio (a mentira do roubo do
corpo de Jesus). Note que Mateus deixa bastante claro que seus leitores já
sabiam sobre essa explicação dos judeus porque “essa versão se divulgou
entre os judeus até o dia de hoje”. Isso significa que os
leitores de Mateus (e certamente os próprios judeus) saberiam se ele estava ou
não dizendo a verdade. Se Mateus estava inventando a história do túmulo vazio,
por que daria a seus leitores uma maneira tão simples de expor suas mentiras? A
única explicação plausível é que o túmulo deve ter realmente ficado vazio, e os
inimigos judeus do Cristianismo devem realmente ter espalhado essa explicação
específica para o túmulo vazio (de fato, Justino Mártir e Tertuliano,
escrevendo respectivamente nos anos 150 d.C. e 200 d.C., afirmam que as
autoridades judaicas continuaram a propagar essa história do roubo durante todo
o século II).
6. Os autores do NT incluíram em seus textos, pelo
menos, 30 pessoas historicamente confirmadas. Não há maneira de os
autores do NT terem seguido adiante escrevendo mentiras descaradas sobre
Pilatos, Caifás, Festo, Félix e toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria
acusado por terem envolvido falsamente essas pessoas em acontecimentos que
nunca ocorreram. Os autores do NT sabiam disso e não teriam incluído tantas
pessoas reais de destaque numa ficção que tinha o objetivo de enganar.
7. Os autores do NT incluíram detalhes divergentes. Os
críticos são rápidos em citar os relatos aparentemente contraditórios dos
evangelhos como evidência de que não são dignos de confiança em informação
precisa. Mateus diz, por exemplo, que havia um anjo no túmulo de Jesus,
enquanto João menciona a presença de dois anjos. Não seria isso uma contradição
que derrubaria a credibilidade desses relatos? Não, mas exatamente o oposto é
verdadeiro: detalhes divergentes, na verdade, fortalecem a questão de que esses
são relatos feitos por testemunhas oculares. Como? Primeiro, é preciso destacar
que o relato dos anjos não é contraditório. Mateus não diz que havia apenas um
anjo na sepultura.
Os críticos precisam
acrescentar uma palavra ao relato de Mateus para torná-lo contraditório ao de
João. Mas por que Mateus mencionou apenas um anjo, se realmente havia dois ali?
Pela mesma razão que dois repórteres de diferentes jornais cobrindo um mesmo
fato optam por incluir detalhes diferentes em suas histórias. Duas testemunhas
oculares independentes raramente vêem todos os mesmos detalhes e descrevem um
fato exatamente com as mesmas palavras. Elas vão registrar o mesmo fato
principal (Jesus ressuscitou dos mortos), mas podem diferir nos detalhes
(quantos anjos havia no túmulo). De fato, quando um juiz ouve duas testemunhas
que dão testemunho idêntico, palavra por palavra, o que corretamente presume?
Conluio. As testemunhas se encontraram antecipadamente para que suas versões do
fato concordassem.
À luz dos diversos
detalhes divergentes do NT, está claro que os autores não se reuniram para
harmonizar seus testemunhos. Isso significa que certamente não estavam tentando
fazer uma mentira passar por verdade. Se estavam inventando a história do NT,
teriam se reunido para certificar-se de que eram coerentes em todos os
detalhes.
Ironicamente, não é o NT
que é contraditório, mas sim os críticos. Por um lado, os críticos afirmam que
os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) são por demais uniformes para
serem fontes independentes. Por outro lado, afirmam que eles são muito
divergentes para estarem contando a verdade. Desse modo, o que eles são? Muito
uniformes ou muito divergentes? Na verdade, são a mistura perfeita de ambos:
são tanto suficientemente uniformes e suficientemente divergentes (mas não
tanto) exatamente porque são relatos de testemunhas oculares independentes dos
mesmos fatos. Seria de esperar ver o mesmo fato importante e detalhes menores
diferentes em manchetes de jornais independentes relatando o mesmo
acontecimento.
Simon Greenleaf, professor
de Direito da Universidade de Harvard que escreveu um estudo-padrão sobre o que
constitui evidência legal, creditou sua conversão ao Cristianismo ao seu cuidadoso
exame das testemunhas do evangelho. Se alguém conhecia as características do
depoimento genuíno de testemunhas oculares, essa pessoa era Greenleaf. Ele
concluiu que os quatro evangelhos “seriam aceitos como provas em qualquer
tribunal de justiça, sem a menor hesitação” (The Testimony of the Evangelists, págs. 9 e 10).
8. Os autores do NT desafiam seus leitores a conferir os
fatos verificáveis, até mesmo fatos sobre milagres.
Lucas diz isso a Teófilo (Luc. 1:1-4); Pedro diz que os apóstolos não seguiram
fábulas engenhosamente inventadas, mas que foram testemunhas oculares da
majestade de Cristo (II Ped. 1:16); Paulo faz uma ousada declaração a Festo e
ao rei Agripa sobre o Cristo ressurreto (Atos 26) e reafirma um antigo credo
que identificou mais de 500 testemunhas oculares do Cristo ressurreto (I Cor.
15). Além disso, Paulo faz uma afirmação aos cristãos de Corinto que nunca
teria feito a não ser que estivesse dizendo a verdade. Em sua segunda carta aos
corintios, ele declara que anteriormente realizara milagres entre eles (II Cor.
12:12). Por que Paulo diria isso a eles a não ser que realmente tivesse
realizado os milagres? Ele teria destruído completamente sua credibilidade ao
pedir que se lembrassem de milagres que nunca realizara diante deles.
9. Os autores do NT descrevem milagres da mesma forma
que descrevem outros fatos históricos: por meio de um relato
simples e sem retoques. Detalhes embelezados e extravagantes são fortes sinais
de que um relato histórico tem elementos lendários. Note este trecho da
narração da ressurreição no livro apócrifo Evangelho de Pedro: “...três
homens que saíam do sepulcro, dois dos quais servindo de apoio a um terceiro, e
uma cruz que ia atrás deles. E a cabeça dos dois primeiros chegava até o céu,
enquanto a daquele que era conduzido por eles ultrapassava os céus. E ouviram
uma voz vinda dos céus que dizia: ‘Pregaste para os que dormem?’ E da cruz fez-se
ouvir uma resposta: ‘Sim’”.
Provavelmente seria assim
que alguém teria escrito se estivesse inventando ou embelezando a história da
ressurreição de Jesus. Mas os relatos da ressurreição de Jesus no NT não contêm
nada semelhante a isso. Os evangelhos fornecem descrições triviais quase
insípidas da ressurreição. Confira em Marcos 16:4-8, Lucas 24:2-8, João 20:1-12
e Mateus 28:2-7.
10. Os autores do NT abandonaram parte de suas crenças e práticas sagradas
de longa data, adotaram novas crenças e práticas e não negaram seu
testemunho sob perseguição ou ameaça de morte. E não são apenas os autores do
NT que fazem isso. Milhares de judeus, dentre eles sacerdotes fariseus,
converteram-se ao Cristianismo e juntam-se aos apóstolos ao abandonarem o
sistema de sacrifícios de animais prescrito por Moisés, ao aceitar Jesus como
integrante da Divindade (o que era inaceitável naquela cultura estritamente
monoteísta) e ao abandonar a idéia de um Messias conquistador terrestre.
Além disso, conforme
observa Peter Kreeft, “por que os apóstolos mentiriam? Se eles
mentiram, qual foi sua motivação, o que eles obtiveram com isso? O que eles
ganharam com tudo isso foi incompreensão, rejeição, perseguição, tortura e
martírio. Que bela lista de prêmios!” Embora muitas pessoas
venham a morrer por uma mentira que considerem verdade, nenhuma pessoa sã
morrerá por aquilo que sabe que é uma mentira.
Por: Norman Geisler e Frank Turek.
(Extraído do livro: “Não tenho fé suficiente para ser ateu”)
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